Domingo, 3 de Outubro de 2010

Os Ramos da Família Romanov: Os Vladimirovich

 

Os Vladimirovich eram provavelmente o ramo mais ganancioso e conflituoso da família Romanov. O seu chefe, o Grão-duque Vladimir Alexandrovich, terceiro filho do czar Alexandre II, sonhava em tornar-se czar desde que, com apenas cinco anos de idade, descobriu que o seu avô, o czar Nicolau I, era também um terceiro filho que, por virtude do destino, tinha chegado ao trono.

 

Vladimir Alexandrovich em criança


Este conhecimento fez com que, desde cedo, Vladimir trata-se o seu irmão Alexandre como um rival, embora este nunca tivesse realmente qualquer vontade de ser czar um dia. Esta rivalidade apenas aumentou quando o irmão mais velho deles, Nicolau, morreu subitamente em 1865, tornando Alexandre no czarevich por direito divino.

 

Alexandre teve várias conversas com o seu pai onde o tentou convencer de que não seria a pessoa indicada para o trono, mas Alexandre II abominava a ideia de que a sucessão não seguisse o seu ritmo natural. Quando o futuro Alexandre III tentou fugir com a sua amante (uma dama-de-companhia da mãe), o seu pai descobriu dos planos, mas decidiu utiliza-los a seu favor. Em vez de seguir para o destino que pretendia, o barco atracou no porto de Copenhaga onde o esperava a família real dinamarquesa para o seu noivado com a Princesa Dagmar.

 

Vladimir pouco antes do seu casamento


Quis o destino que Alexandre se apaixonasse por Dagmar e que esquecesse os devaneios da juventude para abdicar dos seus direitos ao trono. Vladimir ficou furioso, ainda mais quando o primeiro filho nascido desta união foi um rapaz saudável. Vladimir nunca ultrapassaria este ressentimento e, quando mais tarde o seu sobrinho subiu ao trono como Nicolau II, tentou por todos os meios controlar o país através dele.

 

Vladimir com a sua esposa, Maria Pavlovna, e os Imperadores Nicolau II e Alexandra Feodorovna

 

Com o seu casamento Vladimir conseguiu encontrar a pessoa perfeita para rivalizar com a sua ambição: a Duquesa Maria de Mecklenburg-Schwerin. Uma bisneta da Grã-duquesa Elena Pavlovna, filha do czar Paulo I, Maria estava noiva de um outro príncipe menor, mas rompeu o noivado assim que percebeu o interesse de um Grão-duque russo em linha de sucessão directa para o trono.


Vladimir conheceu-a durante a viagem de estudo que fez por todo o mundo em 1871, mas convencer o pai a dar-lhe permissão para o casamento foi difícil, uma vez que Maria se recusava veementemente a mudar de religião, tendo sido criada como Luterana. Ao fim de três anos, no entanto, Alexandre II acabou por ceder, permitindo que os noivos se casassem em São Petersburgo, no dia 28 de Agosto de 1874 sem que Maria se convertesse.

 

Vladimir e Maria


Mesmo assim, para ser melhor vista pela Corte, Maria adoptou o nome de Maria Pavlovna de Mecklenburg, mas não pôde receber o título de Grã-duquesa da Rússia.

 

Maria Pavlovna

 

O casal tornou-se rapidamente um dos mais populares de São Petersburgo. Maria partilhava da visão do marido de que Alexandre e Maria Feodorovna deviam ser vistos como rivais, por isso ocupou-se da segunda enquanto Vladimir tratava de ofuscar o irmão politicamente.


Sempre que Maria Feodorovna dava uma festa, recepção ou oferecia chá, Maria Pavlovna arranjava sempre uma forma de a superar com uma festa mais exuberante. Embora não partilhasse da mesma beleza que a futura czarina nos seus primeiros anos, era extremamente inteligente e sentia um à-vontade natural em todas as festas em que participava e eventos de caridade que realizava. Maria Feodorovna não demorou para começar a ter uma opinião desfavorável dela e era sempre o ponto alto de todas as festas ou eventos onde as duas estivessem presentes, quando elas se encontravam para comparar tudo de bom quanto tinham, desde quem estava a usar o melhor vestido até à história mais engraçada que tivessem dos seus filhos.

 

Maria Pavlovna eventualmente construiu a sua própria corte em São Petersburgo e, para rivalizar com os palácios de Maria Feodorovna, foi uma das principais influências na decoração do Palácio de Vladimir. Além da opulência do palácio, Maria Pavlovna tinha também a mais esplendorosa colecção de jóias da Rússia, digna de inveja até de Maria Feodorovna.

 

Vladimirovich junto da família imperial russa

 


Filhos

 

Cyril Vladimirovich

 

O filho mais velho da família era um homem reservado que trocou uma carreira militar no exército por uma na marinha. Serviu na Guerra Russo-Japonesa onde quase morreu quando o navio que comandava embateu contra uma mina subaquatica japonesa. Viria a casar-se em 1905 com a sua prima direita, a Princesa Vitória Melita de Saxe-Coburgo-Gota, ex-mulher do irmão da czarina Alexandra Feodorovna com quem manteve um caso amoroso por vários anos. Como a Igreja Ortodoxa Russa não autorizava casamentos entre parentes tão próximos e este foi realizado sem a permissão do czar, Cyril foi banido da Rússia e perdeu todos os seus títulos e honras militares. A partir de então passou a residir em Coburgo, na Alemanha, onde teve as duas duas filhas mais velhas: Maria e Kira. Contudo o castigo não durou muito e em 1908, após a morte do Grão-duque Aleksei Alexandrovich, Cyril e a família regressaram a São Petersburgo. Quando a Revolução de Fevereiro de 1917 rebentou, Cyril e a esposa foram dos mais fortes apoiantes. Cyril chegou mesmo a desfilar com o seu regimento até ao Palácio de Inverno com uma banda vermelha no braço e Vitória Melita escreveu à sua irmã, a Rainha da Roménia, para lhe dizer que rezava pelo sucesso da Revolta. O objectivo era que Cyril se tornasse czar, mas quando o Governo Provisório começou a perder poder, este achou que o melhor seria refugiar-se na Finlândia onde o seu filho mais novo, Vladimir, nasceu. Mesmo apesar de não ter sido coroado czar oficialmente, Cyril fê-lo por ele próprio, auto-declarando-se Imperador de Todas as Rússias em 1922 quando se encontrava exilado na França, sem que para isso tivesse o apoio da família. A Grã-duquesa Maria Vladimirovna, actual pretendente ao trono russo é sua neta.

 

Cyril com a sua esposa Vitória, as filhas Maria e Kira e o filho Vladimir

 

Boris Vladimirovich

 

Boris era, em tudo, um dandy. Utilizava a sua posição de Grão-duque para seduzir mulheres com prendas caras, gastava o seu dinheiro nos casinos do Mónaco e gastava todo o tempo que tinha a viajar. Foi obrigado a seguir uma caarreira militar no exercito, mas não nutria qualquer amor pela vida de soldado. De facto, durante a Primeira Guerra Mundial, apesar do esforço colectivo, Boris fazia os possíveis para evitar a frente de batalha e continuava a dar grandes e luxuosas festas e jantares. Foi durante um desses jantares que ofendeu gravemente os franceses e os ingleses quando os embaixadores de ambos os países se encontravm presentes. O embaixador fez mesmo uma queixa formal ao rei Jorge V sobre o comportamento dele. Mesmo assim a sua mãe, Maria Pavlovna, disse a Nicolau II e à sua esposa que queria ver o seu filho Boris casado com a Grã-duquesa Olga Nikolaevna, algo que chocou Alexandra Feodorovna. Por sorte do destino, Boris conseguiu escapar à prisão e passou os seus restantes anos no exílio em Paris com a sua amante, vivendo uma vida levemente mais regatada.

 

André Vladimirovich

 

André foi talvez o mais recatado dos seus irmãos e, por isso, o menos conhecido. Sempre foi extremamente tímido e tinha uma relação mais próxima com a sua irmã mais nova, Elena, do que com qualquer dos irmãos mais velhos. Longe de ver isto como uma qualidade, a sua mãe via a timidez do seu filho como um impedimento, pois achava que todos os Grão-duques deviam ter uma personalidade forte. No entanto, apesar dos seus esforços, André nunca conseguiu soltar-se. No entanto, durante a sua juventude, André encontrou uma motivação para se rebeliar contra a sua mãe, depois de ser apresentado pelos seus irmãos à bailarina Matilde Kschessinskaya, a antiga amante do czar Nicolau II que na altura mantinha um relacionamento amoroso com outro Romanov, o Grão-duque Sérgio Mikhailovich. Isso não a impediu de envolver também André no seu circulo e os dois primos partilharam a mesma amante durante mais de vinte anos. No entanto, durante a guerra, Matilde escolheu finalmente André. Já em exilio, em Paris, os dois casaram-se. André foi também um dos poucos membros da família a acreditar que Anna Anderson era Anastásia.

 

Elena Vladimirovna


Elena foi a única filha da família e testemunhos da sua época dizem que ela herdou uma versão mais moderada da personalidade da sua mãe, embora essa moderação não surgisse até à sua adolescência. Quando era criança Elena chegou a ameaçar um pintor com uma faca quando perdeu a paciência ao posar para um retracto. Elena não era considerada bonita para a sua época. Chegaram a existir negociações para um noivado com o Arquiduque Francisco Fernando da Áustria que não resultaram em nada e depois o Príncipe Max de Baden rompeu o noivado que a mãe dela tinha arranjado quando já havia até fotos dos dois juntos para o casamento. Por fim Elena contraiu matrimónio com o Príncipe Nicolau da Grécia, filho do Rei Jorge I. A união foi muito feliz e resultou no nascimento de três filhas: Olga, Isabel e Marina. Olga tornou-se Princesa da Sérvia após o seu casamento com o Príncipe Paulo e Marina casou-se com o Príncipe Jorge, Duque de Kent, o filho mais novo do Rei Jorge V do Reino Unido. O actual Duque de Kent, Eduardo, é seu filho.

 

Elena com as suas filhas


publicado por tuga9890 às 09:53
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Segunda-feira, 13 de Abril de 2009

Czares da Rússia - Alexandre II e Família

 

Nome: Alexandre Nikolaevich Romanov (Alexandre II da Rússia)

Pais: Nicolau I da Rússia e Alexandra Feodorovna (Carlota da Prússia).

Nascimento: 29 de Abril de 1818

Reinado: 3 de Março de 1855 - 1 de Março de 1881

 

 

Principais reformas:

 

  • Decretou o fim da escravatura no Império Russo em 1861, o que lhe deu o cognome de "Czar Libertador".
  • Abertura do regime com o objectivo de o aproximar mais do ideal europeu ocidental. Tinha a consciência da precariedade da sua posição como autocrata em relação com o aumento dos movimentos radicais, por isso foi distribuindo o seu poder entre ministros e conselhos.
  • Durante o seu reinado lidou com a Guerra da Crimeia e com a Guerra Russo-Turca que, embora não totalmente desastrosas, deixaram o Império numa situação complicada.
  • Reformas profundas em todos os sectores, (principalmente nos primeiros anos de reinado) iniciando-se no exercito e marinha, passando pela educação e leis. A pena de morte foi abolida e foi adoptado o sistema jurídico francês mais simplificado. Com o aumento dos movimentos revolucionários, Alexandre II achou que as reformas políticas não seriam a solução, por isso iniciou um movimento de repressão dos detractores. A repressão por ele criada levaria ao seu assassinato em 1881.

 

Família:

 

Consorte: Maria Alexandrovna da Rússia (nascida Princesa Maximiliana Guilhermina Augusta Sofia Maria de Hesse-Darmstadt).

 

 

O casamento entre Alexandre II e a jovem princesa alemã não foi bem recebido entre os pais dele, principalmente a mãe, a Imperatriz Alexandra Feodorovna. Ela considerava Maria demasiado calada e pouco ambiciosa para o papel de Imperatriz de todo o Império. Complicando a situação, o parentesto dela era questionado. A sua mãe, Guilhermina de Baden, mantinha uma relação extra-conjugal com um dos amigos do marido e pensasse que tanto Maria como o seu irmão mais velho, Alexandre, eram filhos dessa relação e não do Grão-duque Luís II de Hesse-Darmstadt. Alexandre ignorou os conselhos da mãe e casou-se com ela em Abril de 1841.

 

Embora o inicio do casamento tivesse sido romântico, Alexandre cansou-se rapidamente da sua esposa conservadora e foi procurar conforto por entre a corte. Acabaria por formar uma nova família com a plebeia Catarina Dolgorukov com quem se casaria pouco depois da morte de Maria em 1881.

 

 

Coroação de Alexandre II e Maria Alexandrovna

 

Filhos:

 

Alexandra Alexandrovna Romanova

 

Nascida a 30 de Agosto de 1842, Alexandra foi a primeira filha do Czar. Não atingiu a idade adulta devido a uma meningite fatal que a atingiu quando ela tinha 6 anos de idade. É talvez mais conhecida pelos rumores de que o seu fantasma apareceu durante uma sessão espirita realizada pelo seu pai.

 

Nicolau Alexandrovich Romanov

 

Segundo filho do Imperador, teria sucedido ao pai se tivesse resistido a um fatal ataque de Tuberculose quando tinha 21 anos. Foi o primeiro noivo da Princesa Maria da Dinamarca, mas no leito de morte expressou o desejo de a ver casada com o seu irmão mais novo, Alexandre.

 

Alexandre III da Rússia

 

 

Vladimir Alexandrovich Romanov


 

Conhecido principalmente durante o reinado do sobrinho, Nicolau II, por ser o Grão-duque mais velho da família. Juntamente com a sua esposa, Maria Pavlovna, opôs-se seriamente às suas políticas. Fundador do ramo "Vladimirovich" da família imperial, a sua bisneta, a Grã-duquesa Maria Vladimirovna, reclama actualmente o direito de chefe da família Romanov.

 

Alexei Alexandrovich Romanov

 

Banido da Rússia pelo seu irmão Alexandre após o seu casamento "ilegal" com uma plebeia, passou grande parte da sua idade adulta em Paris. Antes era um importante membro da Marinha Imperial.

 

Maria Alexandrovna Romanova

 

A única filha sobrevivente do Czar, casou-se com o Príncipe Alfredo do Reino Unido, filho da Rainha Vitória. Entre os seus filhos incluem-se a Rainha Maria da Roménia e a Princesa Vitória Melita, primeira esposa do Grão-duque Ernesto Luís de Hesse e, mais tarde, do Grão-duque Cyril Vladimirovich da Rússia.

 

Sergei Alexandrovich Romanov

 

Uma das principais figuras do reinado do Czar Nicolau II, foi Governador-geral de Moscovo e grande opressor das minorias da cidade, o que lhe valeu o ódio dos seus hábitantes. Casou-se com a Princesa Isabel de Hesse-Darmstadt, irmã mais velha da futura Czarina Alexandra Feodorovna, de quem não teve filhos. Acabou por ser assassinado em 1905.

 

Paulo Alexandrovich Romanov

 

O filho mais novo do Czar, casou-se em primeiro lugar com a Princesa Alexandra da Grécia e Dinamarca de quem teve dois filhos, a Grã-duquesa Maria Pavlovna e o Grão-duque Dmitri Pavlovich. Mais tarde apaixonou-se pela esposa de um dos guardas do seu regimento, Olga Paley. Os dois iniciram um romance que levou ao divórcio dela e à expulsão do casal e do filho da Rússia. Mais tarde chegaria ao quarto lugar na linha de sucessão, o que levou ao perdão do Czar e o regresso à Rússia. Foi nomeado o porta-voz da família para avisar o seu sobrinho Nicolau II sobre Rasputine, sendo ignorado. Acabaria mesmo por cortar relações com o sobrinho quando ele rejeitou a petição escrita pela esposa de Paulo para que o seu filho Dmitri pudesse permanecer na Rússia após o assassinato do monge siberiano. Acabaria por ser assassinado em Janeiro de 1919 pelos bolcheviques.

 

 

Causa de morte: Assassinado quando uma boma explodiu dentro da sua carruagem.


publicado por tuga9890 às 11:52
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