Pierre Gilliard (esquerda) com o Czarevich Alexei Nikolaevich
Pierre Gilliard nasceu em 1879 na Suíça. Ficou mais conhecido por ter sido o tutor de francês dos cinco filhos do Czar Nicolau II entre 1905 a 1918. Anos depois do assassinato da Família Imperial pelos bolcheviques, Gilliard escreveu o livro “Thirteen Years at the Russian Court”, relatando as suas memórias do tempo que passou com a família. Neste livro, Gilliard descreve o tormento da Czarina com a Hemofilia do filho e como apenas confiava no monge siberiano Rasputine para o curar.
Nestas memórias, Gilliard conta como chegou à Rússia em 1904 para ser o tutor da família do Duque Jorge de Leuchtenberg, um neto do Czar Nicolau I da Rússia e primo da família Romanov. Ele foi recomendado para tutor de francês para os filhos do Czar e iniciou as suas funções com as duas filhas mais nova, a Grã-duquesa Olga Nikolaevna e a Grã-duquesa Tatiana Nikolaevna, em 1905. Em 1907 iniciou as suas aulas com a Grã-duquesa Maria, em 1909 com a Grã-duquesa Anastásia e, finalmente, em 1912, com o Czarevich Alexei Nikolaevich.
Pierre Gilliard com as Grã-duquesas Olga Nikolaevna e Tatiana Nikolaevna
Gilliard tornou-se muito ligado às crianças e aos seus pais, decidindo acompanhá-los para o exílio de livre vontade após a Revolução Russa de 1917. Acompanhou-os fielmente durante a sua estadia no Palácio de Alexandre e na Casa do Governador em Tobolsk, sendo o principal autor das últimas fotografias da família, tiradas durante os dias de exílio.
Chegados a Ekaterinburgo em Maio de 1918, os bolcheviques impediram-no de se juntar à família devido à sua nacionalidade suíça. Gilliard descreveu a última vez que viu os seus alunos:
“O marinheiro Nagorny, que cuidava do Alexei Nikolaevich, passou pela minha janela carregando o rapaz doente nos braços, atrás dele vinham as Grã-duquesas carregadas com sacos e pequenos pertences. Tentei sair, mas fui brutalmente puxado de volta para a carruagem por uma sentinela. Voltei para a janela. A Tatiana Nikolaevna vinha em último lugar, carregando o seu pequeno cão e esforçando-se por arrastar o seu pesado malão castanho. Estava a chover e eu vi os pés dela enterrarem-se na lama a cada passo. O Nagorny tentou ajudá-la, mas foi brutalmente afastado por um dos comissários."
Pierre Gilliard (ao fundo) com as Grã-duquesas Olga Nikolaevna e Tatiana Nikolaevna e outros empregados em Tobolsk, na Primavera de 1918
Gilliard permaneceu na Sibéria por mais três anos após o assassinato da família, ajudando o investigador do Exército Branco Russo, Nicholas Sokolov, com a investigação. Em 1919, casou-se com Alexandra “Shura” Tegleva, que tinha sido uma das amas da Grã-duquesa Anastásia Nikolevna. Mais tarde tornaria-se professor de Francês na Universidade de Lausenne e foi condecorado com a Honra da Legião Francesa.
Gilliard tornar-se-ia um opositor veemente de Anna Anderson, a mulher que dizia ser a Grã-duquesa Anastásia. A irmã mais nova do Czar Nicolau, a Grã-duquesa Olga Alexandrovna, comentou sobre Gilliard e Anna Anderson:
“É obvio que ela não gosta nada dele e a pequena Anastásia era-lhe devota.”
Uma das últimas fotografias tiradas por Gilliard à família imperial
De acordo com Peter Kurth, um defensor contemporâneo de Anna Anderson, Gilliard não tivera tanta certeza de que ela estava a mentir da primeira vez que a conheceu- Gilliard e a sua esposa Shura foram convidados pela Grã-duquesa Olga Alexandrovna para visitar Anderson no hospital de Berlim em 1925. Peter Kurth alega que Shura terá reparado na mesma deformação nos pés de que sofria a Grã-duquesa Anastásia. O mesmo autor diz que, numa visita posterior, Anderson deitou perfume de um frasco para a mão de Shura e pediu-lhe que ela lhe esfregasse a testa com ele. A antiga ama terá dito que a Grã-duquesa costumava fazer a mesma coisa quando era pequena. Gillard, contudo, ficou céptico quando Anderson não o reconheceu imediatamente e não lhe respondeu às perguntas por ele colocadas.
Gilliard (esquerda) com o Czarevich Alexei Nikolaevich, a Grã-duquesa Olga Nikolaevna e o marinheiro Nagorny em 1913
De acordo com Peter Kurth, a amiga e apoiante de Anna Anderson, Harriet von Rathlef, alegadamente escreveu que tinha visto Gilliard no corredor, agitado e a murmurar em francês, “Meu Deus, que horror! No que se tornou a Grã-duquesa Anastásia? Ela está um caos, um verdadeiro caos! Quero fazer o que puder para ajudar a Grã-duquesa.” Shura chorou quando teve de deixar Anderson, perguntando-se porque gostava tanto da mulher como gostava da Grã-duquesa. De acordo com Peter Kurth, Gilliard disse ao Embaixador Zahle que, “Vamos embora sem conseguir dizer que ela não é a Grã-duquesa Anastásia.”
Gilliard (direita) com o Czarevich Alexei e o Czar Nicolau II na Finlândia
Diz-se que o casal escreveu várias cartas amigáveis a Anna Anderson. Algumas semanas mais tarde, Peter Kurth diz que, depois de conhecer a história da mulher, Gilliard mudou a sua posição.
Gilliard escreveu artigos e um livro intitulado “A Falsa Anastásia” contra ela e chamou-a de “aventureira vulgar” e “actriz de primeiro grau”. Também testemunhou contra ela no julgamento iniciado nos anos 30 para determinar se ela era ou não a Grã-duquesa.
Uma das fotografias mais conhecidas de Gilliard, mostrando as crianças imperiais com a cabeça rapada no Verão de 1917
Gilliard ficou gravemente ferido num acidente de automóvel em 1958 e morreu quatro anos depois devido a complicações derivadas dos mesmos. Está enterrado em Lausanne, na Suíça.
Gilliard com o Czarevich Alexei Nikolaevich durante a Primeira Guerra Mundial
Alexei Poutziato foi o primeiro pretendente a um membro da última família imperial de que há registo. Apareceu na cidade de Omsk em 1919 e dizia ser o Czarevich Alexis Nikolaevich, no entanto foi rapidamente desmascarado pelo antigo tutor das crianças, Pierre Gilliard que recordou esta história no seu livro “Le tragique Destin de Nicolas II e de sa famille”:
“O General D informou-me que queria mostrar-me um “rapaz que dizia ser o Czarevich”. Eu, de facto, já tinha ouvido esse rumor que se espalhou por toda a cidade de Omsk. Dizia-se que estava numa cidade pequena chamada Altai. Tinham-me dito que os habitantes o tinham saudado com entusiasmo, as crianças da escola tinham feito uma recolha de fundos em seu nome, e o governador da estação tinha-lhe oferecido, de joelhos, pão e sal.
Além disto, o Admiral Kolchak tinha recebido um telegrama a pedir-lhe que fosse assistir o pretendente a Czarevich. Eu não dei importância a estas histórias.
A porta da sala seguinte foi aberta um pouco e eu pude observar, sem ser reconhecido, um rapaz mais alto e mais forte do que o Czarevich que parecia ter cerca de 15 ou 16 anos. As únicas semelhanças com Alexis Nikolaevich eram o seu uniforme de marinheiro, a cor do cabelo e a forma como o arranjava.
Alexis em 1917
Contei ao General D as minhas conclusões. O rapaz foi-me apresentado. Fiz-lhe várias perguntas em Francês e ele permaneceu calado. Quando finalmente falou, disse-me que tinha compreendido tudo o que lhe tinha perguntado, mas que tinha as suas próprias razões para falar apenas em Russo. Depois de ter dito isto, comecei a falar com ele nessa língua. Isto também não deu resultado. Depois ele disse que tinha decidido responder apenas ao Admiral Kolchack. Então a entrevista acabou.
Mais tarde o rapaz confessou que era um impostor.
O destino pôs-me no caminho do primeiro de muitos incontáveis pretendentes que, sem dúvida, nos próximos anos vão continuar a ser uma fonte de problemas e agitação entre as massas dos camponeses russos ignorantes e facilmente iludidos.”
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