Miguel Nikolaevich com a sua esposa Olga Feodorovna e cinco dos seus sete filhos
Os Mikhailovich surgiram através do casamento do filho mais novo do czar Nicolau I, o Grão-duque Miguel Nikolaevich com a Princesa Cecília de Baden, uma neta do rei Gustavo IV Adolfo da Suécia. Após o seu casamento e conversão à Igreja Ortodoxa, Cecília mudou o nome para Olga Feodorovna.
Ao contrário dos restantes irmãos, Miguel conseguiu fazer com que o seu casamento resultasse. Ele tinha uma personalidade branda para com a sua esposa e ambos partilhavam vários interesses, principalmente a religião que os unia profundamente. Este entendimento fez com que os Mikhailovich se tornassem no maior ramo da família imperial com o nascimento de sete filhos: seis rapazes e uma rapariga.
Miguel foi nomeado Governador do Cáucaso em 1862 e ficaria neste posto por vinte anos, tendo educado os seus filhos desde muito novos em Tiblisi, na Geórgia. No entanto, o afecto que Miguel demonstrava para com a sua esposa não se transmitia aos seus filhos. Todos, com excepção da sua única filha, Anastásia, foram criados com pulso de ferro, o que os tornou a quase todos extremamente conservadores e pouco preparados para a vida pecaminosa das grandes cidades.
Miguel e Olga
Filhos
Nicolau Mikhailovich
Nicolau era uma figura extremamente respeitada dentro da família imperial russa, apesar dos excessos da sua juventude. Era um historiador consagrado, tendo-se especializado no estudo da vida do seu tio-avô, o czar Alexandre I da Rússia e das pessoas que o rodeavam. Já nos seus 50 anos Nicolau começou a viver uma vida mais pecaminosa, perdendo fortunas no casino de Monte Carlo e arranjando várias amantes por entre as suas numerosas viagens à volta do mundo. Era também durante estas viagens que revelava informações importantes e secretas sobre o governo russo a alguns dos seus amigos. Acabou por não escapar à Revolução Russa. Exilado primeiro para uma pequena cidade na Sibéria de onde seria mais tarde transferido para a Fortaleza de Pedro e Paulo. Foi assassinado, juntamente com o seu irmão Jorge e os seus primos Paulo Alexandrovich e Dmitri Constantinovich no dia 29 de Janeiro de 1919. Nunca se casou nem deixou descendentes conhecidos.
Anastásia Mikhailovna
A única rapariga da família não conseguiu escapar ao escândalo que afectou alguns dos seus irmãos. Os seus irmãos viam-na como a figura maternal que nunca conseguiram encontrar na sua mãe Cecília e ficaram destroçados quando ela, em conjunto com a Grã-duquesa Maria Pavlovna, organizou o casamento da filha com o Grão-duque Frederico Francisco III de Mecklenburg-Schwerin. Embora o casamento tenha corrido bem nos primeiros tempos, a população do Grão-ducado começou a ficar ressentida com Anastásia por passar mais tempo no estrangeiro do que no local governado pelo seu marido. Frederico morreu novo, provavelmente de suícidio. Depois da sua morte, Anastásia deixou o governo nas mãos do seu filho e começou a passar ainda mais tempo afastada. A sua filha Alexandrina tornar-se-ia Rainha da Dinamarca, através do seu casamento com o Rei Cristiano X, e a sua filha Cecília casou-se com o filho mais velho do Kaiser Guilherme II.
Miguel Mikhailovich
Miguel chocou os pais e a família imperial quando se casou com uma mulher com um título muito inferior ao seu, a Condessa Sofia de Merenberg. Na altura correu o rumor de que a sua mãe, Olga Feodorovna, morreu de ataque cardíaco quando soube da notícia, mas estes foram, mais tarde, desmentidos. Os dois tiveram uma vida calma e agradável em Londres, à semelhança de outros Grão-duques exilados por efectuarem casamentos ilegais e Miguel chegou mesmo a escrever um romance chamado “Never Say Die” sobre o seu casamento proíbido. Teve apenas autorização para regressar à Rússia em 1909 para assistir ao funeral do pai. Ao contrário de outros Grão-duques, Miguel escolheu não regressar à Rússia durante a Primeira Guerra Mundial, oferecendo a sua ajuda a partir de Londres, o que, eventualmente, lhe salvaria a vida durante a Revolução. Uma das suas filhas, Nádia, casou-se com Jorge Mountbatten, Segundo Marquês da Bruma, um sobrinho da Imperatriz Alexandra Feodorovna, de quem teve duas filhas.
Miguel com a sua esposa e três filhos: Anastásia, Nádia e Miguel
Jorge Mikhailovich
Jorge era o mais calmo dos seus irmãos. Prestou serviço militar como era tradição, mas devido a uma lesão na perna teve de se reformar muito novo, o que levou a que o seu primo Nicolau II o nomeasse director do recém-criado Museu Alexandre III. Na sua juventude apaixonou-se por uma Princesa, descendente da antiga família real da Geórgia, mas as regras da família Romanov impediam-no de se casar com alguém pertencente a uma família real já extinta. Foi então que conheceu a Princesa Maria da Grécia e Dinamarca, uma prima distante. Ela nunca esteve interessada no primo, mas também ela tinha sido impedida de se casar com um plebeu na sua juventude, por isso acabou por aceitar o pedido de casamento do primo. Jorge tinha já 37 anos. O casamento foi tolerável nos primeiros tempos e gerou duas filhas, Nina e Xenia. No entanto Maria usava todas as desculpas para passar longas temporadas em Londres, longe do marido e sempre acompanhada das filhas. Era lá que ela estava quando rebentou a Primeira Guerra Mundial, por isso Jorge não teve oportunidade de se despedir das filhas antes do seu assassinato em Janeiro de 1919 às mãos dos bolcheviques.
Jorge com a esposa Maria e a filha Nina
Alexandre Mikhailovich
Conhecido por Sandro dentro da família, Sandro era talvez o Mikhailovich mais conhecido devido ao seu casamento com a prima em segundo grau, a Grã-duquesa Xenia Alexandrovna, filha do Czar Alexandre III e, até vários anos depois do seu casamento, a irmã preferida de Nicolau II. Juntos tiveram sete filhos, mas o casamento começou a desfazer-se depois do nascimento do último. Alexandre dispensou ter qualquer influência política durante o reinado do seu cunhado por discordar das visões dele. Passou grande parte da sua vida entre o Sul de França e a Crimeia, tendo conseguido escapar à Revolução Russa por se encontrar refugiado aí. A sua filha, Irina Alexandrovna, casou-se com o Príncipe Félix Youssupov, um dos assassinos de Rasputine. Era extremamente chegado ao seu primo, o Grão-duque Paulo Alexandrovich, e o seu terceiro filho, Feodor, acabou por se casar com a filha dele, Irina Pavlovna Paley.
Alexandre com a esposa e cinco dos seus filhos
Sérgio Mikhailovich
Sérgio protagonizou o seu próprio escândalo quando chegou a São Petersburgo, vindo da sua educação rigorosa no Cáucaso. Desde sempre um companheiro do seu primo Nicolau II, Sérgio tinha conhecido a amante dele, Mathilde Kschenssinka. Quando Nicolau se decidiu casar com a Princesa Alice de Hesse-Darmstadt, pediu a Sérgio que tomasse conta dela, o que ele fez imediatamente. Entretanto os dois ficaram cada vez mais próximos e começaram o seu próprio caso. Mais tarde um outro primo de Sérgio, O Grão-duque André Vladimirovich, também a conheceu e também ele se apaixonou com ela, o que causou uma rivalidade entre os dois primos. Eventualmente Mathilde ficou grávida, mas não sabia qual dos dois poderia ser o pai. No fim escolheu André e os dois casaram-se em Paris. Desfeito, Sérgio nunca se casou. Foi também assassinado por bolcheviques, no dia 18 de Julho de 1918.
Aleksei Mikhailovich
Aleksei era o mais novo dos irmãos e, segundo Alexandre Mikhailovich, o mais adorado. Tinha uma mentalidade e coração liberais e sofria mais do que os seus irmãos com a indiferença que recebia dos pais. Em 1894 começou a dar os primeiros sintomas do que mais tarde se descobriu ser Tuberculose. Na altura estava quase a acabar o seu treino naval e o seu pai impediu-o de regressar a casa para se recuperar. Em 1895 a sua condição já tinha piorado drasticamente. Acabou por morrer em Março desse ano, aos 19 anos de idade. A primeira vez que vestiu o seu uniforme da marinha foi no caixão.
Dia 28 de Janeiro de 1919
O último golpe. Quatro membros da família imperial feitos prisioneiros meses antes na prisão de São Petersburgo são acordados nas primeiras horas da manhã e informados de que têm de arrumar os seus pertences porque vão ser transferidos.
Cumprem as ordens e são atirados para um camião com outros prisioneiros que os leva até à Fortaleza de Pedro e Paulo. Antes de chegar ao local escolhido, são obrigados a deixar a bagagem para trás e recebem ordens para tirar os casacos e camisolas apesar das temperaturas negativas. Sabendo já do destino que os espera, os quatro abraçam-se pela última vez e rezam calmamente pelos soldados.
Todos são mortos a tiro e enterrados numa vala comum junto de todos os outros homens executados nesse dia. As 4 últimas vítimas eram:
Grão-Duque Paulo Alexandrovich
Paulo com os filhos Dmitri e Maria
Nascido no dia 3 de Outubro de 1860, era o oitavo filho do primeiro casamento do Czar Alexandre II.
O seu nascimento foi comemorado com a criação da cidade de Pavlodar no Cazaquistão. Entrou no Exercito russo e subiu na carreira até ser nomeado General, mas era conhecido pela sua gentileza, fervor religioso e acessibilidade em falar com as pessoas.
No dia 17 de Junho de 1889 casou-se com a Princesa Alexandra da Grécia e teve a primeira filha, Maria Pavlovna, 10 meses depois. No dia 18 de Setembro de 1891, durante um passeio no palácio, a sua esposa, grávida do segundo filho, saltou para um barco em movimento e caiu, provocando o nascimento prematuro do Grão-Duque Dmitri Pavlovich (um dos futuros assassinos de Rasputine). Pouco depois do nascimento, Alexandra entrou em coma e nunca mais acordou.
Em 1893, Paulo apaixonou-se por uma mulher comum chamada Olga Valerianovna e, alguns anos mais tarde, pediu a autorização do Czar Nicolau II (seu sobrinho) para se casar com ela. Ele não a concedeu e os dois decidiram deixar a Rússia para se instalar em Paris. Casaram em 1902 na Igreja Ortodoxa de Livorno, na Itália e o casamento provocou grande escândalo dentro da corte. Pouco depois Paulo pediu a custódia dos seus dois filhos, mas, mais uma vez, o pedido foi recusado e Maria e Dmitri passaram a viver com o irmão de Paulo, Sergei e a esposa Isabel Feodorovna. Viveu muitos anos com a sua segunda esposa em Paris e o casal teve três filhos (Vladimir, Irina e Natália). Eventualmente os velhos titãs da família foram morrendo e Paulo aproximou-se cada vez mais do trono, por isso recebeu autorização para regressar à Rússia em 1915, onde se instalou em Czarskoe Selo.
Durante a Primeira Guerra Mundial foi comandante da Guarda Imperial e, mais tarde, foi transferido para o posto de comando do Czar. Em 1917 tentou convencê-lo a conceder uma constituição à Rússia, mas falhou. Mesmo assim foi um dos poucos que manteve amizade com a Czarina Alexandra Feodorovna até aos últimos dias do regime.
O seu filho Vladimir foi exilado em Março de 1918 e morto quarto meses depois. Ele próprio acabou por ser preso em Agosto de 1918 e levado para a prisão de São Petersburgo. A sua saúde já estava fraca, mas acabou por deteriorar-se durante os seus meses na prisão. A sua esposa fez tudo o que podia para o libertar, mas não conseguiu evitar a sua execução.
Grão-Duque Dmitri Constantinovich
Dmitri Constantinovich com o primo Alexandre III em frente
Nasceu no dia 13 de Junho de 1860 e era neto do Czar Nicolau I pelo seu segundo filho, Constantino Nikolaevich. O seu pai era um alto oficial da Marinha e sempre esperou que os seus filhos lhe seguissem as pisadas, educando-os desde cedo na vida do mar. Ao mesmo tempo ambos os seus pais eram muito ligados à música e Dmitri teve também aulas de canto e de piano desde muito novo. Apesar de tudo os seus pais tinham um casamento infeliz e, quando ele era adolescente, o pai abandonou a família para viver com a amante, uma bailarina russa. Quando tinha 14 anos, o seu irmão mais velho, Nicolau, foi deserdado e enviado para o exílio depois de roubar os diamantes de um ícone da mãe. Depois deste episódio, a mãe de Dmitri fez os seus filhos jurar que nunca iriam entrar em vícios como a bebida, o jogo e a prostituição e, por isso ele cresceu tremendamente religioso.
Durante alguns anos frequentou a escola naval com os seus irmãos, mas depois decidiu que se sentia mais vocacionado para a vida no exército e, para desgosto do pai, abandonou a escola e alistou-se no regimento dos guardas a caval. Durante toda a vida, seguindo a promessa que tinha feito à mãe, Dmitri nunca se misturou com a sociedade e preferia passar serões calmos em casa com os amigos onde tocava piano e cantava músicas tradicionais russas.
Depois de 12 anos no regimento de guardas a cavalo, Dmitri foi promovido a comandante e, partir daí teve uma carreira de sucesso nos anos que se seguiram. Dmitri era um dos membros mais altos da família Romanov, conhecida pela altura quase monstruosa dos seus homens. Apesar de ser considerado também um dos mais belos da família, permaneceu solteiro durante toda a vida. Ele era adorado por todos, especialmente pelos seus pequenos sobrinhos e sobrinhas com quem brincava e conversava durante horas. Era particularmente próximo dos filhos do seu irmão Constantino. O seu sobrinho, o Príncipe Gabriel Constantinovich, descreveu-o como “uma pessoa maravilhosa e bondosa” que era quase um segundo pai para ele e para os irmãos.
Durante o reinado de Nicolau II, Dmitri foi promovido a Major-General do seu regimento, mas não gostou do seu novo posto. Até então a sua única tarefa tinha sido lidar com cavalos, mas a sua timidez impedia-o de fazer o mesmo com os oficias. Mais tarde seria novamente promovido a um posto cuja função era percorrer a Rússia à procura dos melhores cavalos para o exército. Ele gostou da sua nova posição, mas teve de se retirar devido ao facto de estar a perder a visão rapidamente.
Depois da reforma ele passou a viver grande parte do ano na Crimeia onde pôde desfrutar ao máximo da sua maior paixão: os cavalos. Quando a Primeira Guerra Mundial rebentou, ele não ficou surpreendido uma vez que já esperava uma invasão alemã há muito tempo. Durante este período ele estava quase cego, por isso não pôde participar activamente nos combates, contentando-se em treinar cavalos para o exército. Durante a crise na monarquia, ele não se quis envolver em política, dizendo que não era a sua função dar conselhos não solicitados a Nicolau II. Em 1917, apesar dos tempos conturbados, decidiu comprar uma mansão em Petrogrado onde vivia com a sobrinha Tatiana que tinha perdido o marido durante a guerra.
Depois da revolução, Dmitri foi obrigado tal como todos os outros membros da família a apresentar-se à Checa, a polícia política do novo regime que lhe ofereceu a escolha de três cidades como destino de exílio. Ele escolheu a que ficava mais próxima de Petrogrado. No exílio ocupou dois quartos da casa de um mercador da cidade. Partilhou um com o Coronel Korochentzov enquanto que a sua sobrinha Tatiana e os filhos ficaram no outro. Nenhum deles tinha autorização para abandonar a casa. No dia 14 de Julho de 1918, Dmitri foi separado dos seus companheiros de exílio e enviado para uma outra cidade onde já se encontravam outros membros da família presos. No dia 21 de Julho souberam da morte de Nicolau II e da família e temeram o pior para o seu futuro. Nessa noite os prisioneiros foram transferidos novamente para Petrogrado. Na nova prisão foram interrogados exaustivamente e, quando Dmitri perguntou a razão pela qual tinham os membros da família sido presos, o guarda respondeu que estavam a protegê-los das multidões furiosas que os queriam matar.
Um sobrinho de Dmitri, Gabriel Constantinovich, estava preso na cela ao seu lado e recordou que o seu tio tinha pedido toda a alegria que lhe era característica. Fora da prisão muitos familiares tentaram libertá-los, mas sem sucesso. Gabriel, no entanto, adoeceu gravemente e conseguiu ser libertado, fugindo mais tarde do país.
Dmitri morreu com 58 anos e o seu corpo foi o único dos quatro a ser recuperado por um amigo que organizou uma cerimónia fúnebre privada. Está enterrado no jardim da sua casa em São Petersburgo.
Grão-Duque Nicolau Mikahilovich
Nascido no dia 26 de Abril de 1859, era neto do Czar Nicolau I pelo seu quarto filho, o Grão-Duque Miguel Nikolaevich. Embora tenha nascido em Czarskoe Selo, passou a maior parte da infância e juventude na Geórgia onde recebeu uma educação rígida por parte dos pais. O facto de ele e os irmãos terem crescido longe da vida luxuosa da capital imperial fez com que se tornassem mais liberais do que os seus familiares.
Durante a sua juventude, o Grão-Duque apaixonou-se várias vezes e esteve perto de se casar com a sua prima directa, Vitória de Baden, no entanto a Igreja Ortodoxa não autorizava casamentos entre primos em primeiro grau e ela acabou por se casar com o Príncipe da Suécia. Mais tarde também se quis casar com Amélia de Orleães, mas ela era católica e os pais não estavam dispostos a deixá-la converter-se. Mais tarde ela seria Rainha de Portugal. No final, Nicolau acabou mesmo por nunca se casar, o que não o impediu de ter vários filhos bastardos.
Nicolau nunca se interessou particularmente na vida militar e não teve um treino intensivo. Desde cedo que as suas verdadeiras paixões eram a História, a Filosofia e a Botânica. Tentou convencer o seu pai a deixá-lo ir para a Universidade, mas ele recusou. Chegou a entrar na Academia Militar, mas odiava-a e acabou mesmo por desistir e, mais tarde, tornar-se-ia doutorado em Paris e Berlim. Durante a sua vida publicou vários livros sobre botanica e caça até se começar a interessar mais por História, particularmente no seu tio-avô, o Czar Alexandre I. Ao contrário de outros historiadores da época, Nicolau tinha acesso ilimitado aos arquivos da família que, por vezes, tinha até o privilégio de receber directamente em casa. Além disso, devido à sua fortuna, podia contratar ajudantes para as suas pesquisas. Os seus trabalhos foram traduzidos para inglês e francês e tornaram-se famosos na Europa. Mesmo durante a era soviética, parte das suas descobertas foi incluida no ensino.
No entanto, os seus douturamentos não o impediam de ser descrito como excentrico e mal-humurado. Passava a maioria do tempo a viajar, principalmente por Paris e pelo Sul de França e era costume perder somas avultadas nos casinos de Monte Carlo. Além disso era também odiado pela Czarina Alexandra que não gostava das suas teorias liberais. De facto, Nicolau costumava entrar em acesas discussões com o Czar devido ao seu governo autocrático e pedia-lhe constantemente para introduzir reformas liberais e conseder uma Constituição ao país.
Durante a Primeira Guerra Mundial, devido à sua falta de preparação militar, teve apenas um posto honorifico no exercito. Ficou com as tropas em Kiev, fortemente ameaçada pelos exercitos austro-húngaros e tinha como principal função visitar hospitais e dar apoio moral aos soldados. Quando Nicolau II decidiu comandar as tropas pessoalmente e deixar a sua esposa encarregue do poder em Petrogrado, o Grão-Duque ficou horrorizado e enviou uma carta ao Czar onde lhe implorava que retirasse Alexandra do poder e a enviasse para Livadia onde não poderia interferir com os assuntos do governo. O Czar rejeitou a proposta e exiliou-o na sua propriedade na Rússia Central onde o Grão-Duque permaneceria até à queda da Monarquia em 1917.
Quando a Revolução de Outubro rebentou, os bolcheviques não o incomodaram a principio. Tal como muitos outros, Nicolau acreditava que o governo de Lenine não duraria muito e recusou instalar-se na Dinamarca onde a sua sobrinha era rainha. Eventualmente os bolcheviques invadiram o seu palácio e exilaram-no para a mesma cidade de Dmitri Constantinovich. Os dois ficaram juntos até à morte.
Nasceu no dia 23 de Agosto de 1863. Era irmão mais novo do Grão-Duque Nicolau Mikhailovich e irmão mais velho do Grão-Duque Sergei Mikhailovich, morto pelos bolcheviques alguns meses antes de si.
Teve a mesma educação austera dada aos irmãos, mas isso não o impediu de se juntar ao estilo de vida da maioria dos Grão-Duques da sua família que incluía festas, bebida, jogo e mulheres. Apesar disso era um homem calado e pouco expressivo que apenas se abria com os amigos mais próximos. Era conhecido por ter um apetite voraz e por ser o primeiro a chegar para refeições. Devido à sua personalidade recatada, a sua opinião nunca tinha muita importância na família e as suas principais funções prendiam-se com a participação em cerimónias simbólicas como a entrega de medalhas e ordens.
Durante toda a sua vida, Jorge fez colecção de moedas que acabou por se tornar na maior da Rússia.
Jorge casou-se apenas aos 37 anos de idade com a Princesa Maria da Grécia e Dinamarca, depois de não ter conseguido uma união com a Princesa Nina Chavchavadze nem com a Princesa Maria de Edimburgo. A sua esposa, por seu lado, não gostava dele e apenas aceitou casar-se depois de não ter tido autorização para se casar com um homem comum. Os dois tiveram duas filhas (Nina nascida em 1901 e Xenia nascida em 1903), mas nunca tiveram um casamento feliz. Jorge era um pai dedicado, mas isso não impediu a sua esposa de, em 1914, levar as filhas para Inglaterra com o pretexto de querer viver num lugar mais saudável. Um mês depois de elas chegarem a Inglaterra rebentou a Primeira Guerra Mundial e tornou-se demasiado perigoso regressar ao país, por isso Jorge nunca mais as voltou a ver.
Durante a Guerra, Jorge tornou-se assistente de Nicolau II no campo de batalha e tinha como função inspeccionar os trabalhos na frente de combate. Nos seus relatórios revelou muita corrupção entre generais, o que lhe valeu muitos inimigos. Em meados de 1915 foi enviado numa missão ao Japão e apenas regressou à Rússia no ano seguinte onde continuou os seus trabalhos de inspecção em Kiev. Durante as muitas viagens que fez, visitou os prisioneiros de guerra austríacos e alemães.
Quando a revolução rebentou em Fevereiro de 1917, ele estava em São Petersburgo onde tinha fundado um hospital. Assim que Nicolau II abdicou do trono, ele também abandonou o exercito e tinha intenções de fugir para a Inglaterra onde estavam a sua esposa e filhas, mas o rei Jorge V tinha proibido a entrada de qualquer Grão-Duque russo no país. Então recebeu autorização do Governo Provisório para ir viver para a Finlândia onde permaneceu escondido até Março de 1918. Nessa altura cometeu o erro de pedir um passaporte novo ao governo com o objectivo de ir visitar as suas filhas que não via há mais de quatro anos. Os bolcheviques localizaram-no e levaram-no para Petrogrado onde, a principio, recebeu apenas ordens para não abandonar a cidade, mas, eventualmente, foi enviado para o exílio em Vologda. Mais tarde seria preso formalmente em Petrogrado e o seu destino encerrado.
Jorge tinha 55 anos.
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