Segunda-feira, 22 de Novembro de 2010

Outros - Entrevista à Grã-Duquesa Isabel Feodorovna (1917) - 2.ª parte

 

A porta abriu-se e a Grã-duquesa entrou com um sorriso radiante de boas-vindas e a sua mão branca estendida. “”Estou tão contente por ver que tive tempo para vê-la hoje, senhora Dorr!”, disse ela, numa voz de rara doçura.

“Vossa Alteza fala inglês?” exclamei eu, surpresa, e ela respondeu, apontando para uma cadeira confortável. “Porque não? A minha mãe era inglesa.”


Tinha-me esquecido por um momento que a Grã-duquesa e a sua irmã mais nova, a antiga Imperatriz da Rússia, eram filhas da Princesa Alice de Inglaterra e netas da Rainha Vitória. A Rússia também parecia ter-se esquecido disso e só se lembrava que o pai destas mulheres era o Grão-duque de Hesse e do Reno. A Grã-duquesa acrescentou enquanto nos sentávamos que quando era criança falava sempre inglês com a sua mãe e alemão apenas com o seu pai. “Fico feliz com a oportunidade de falar inglês, já que sendo completamente russa, como sou, e especialmente se formos uma russa ortodoxa, uma pessoa ouve muito pouco além de russo e francês.” Depois disse, com outro sorriso radiante: “Diga-me o que acha do meu convento.”

 

 

Disse-lhe que me sentia como se tivesse voltado atrás no tempo para o resplandecente e romântico século XIII.


“Era exactamente isso que eu queria para o meu convento!” Respondeu ela. “Queria que fosse um daqueles lugares ocupados e úteis dos tempos medievais. Os conventos assim eram magnificamente eficientes na idade média e acho que eles nunca deviam ter desaparecido. A Rússia precisa deles, de certeza, do tipo de convento que se coloque entre as ordens religiosas austeras e fechadas e o mundo exterior. Aqui lemos jornais, mantemo-nos informadas e recebemos conselhos de pessoas activas. Somos Marias, mas também somos Martas.”


O interesse da Grã-duquesa no mundo exterior é patente. Ela pediu-me entusiasticamente para lhe contar como estavam as coisas em Petrogrado e o seu rosto entristeceu-se quando lhe contei dos motins e acontecimentos sangrentos a que assisti durante a Revolução de Julho que ainda mal tinha passado. “É uma altura muito má para nós neste momento”, disse ela, “mas elas hão-de melhorar em breve, tenho a certeza. Os russos são bons e gentis, mas a maior parte deles são crianças grandes, ignorantes e impulsivas. Se conseguirem encontrar bons líderes, e se perceberem que lhes têm de obedecer, vão emergir do caos e construir uma Rússia nova e forte. Já viu Kerensky e o que pensa dele?”

 

 

Respondi-lhe com cuidado. Como toda a gente, ainda tinha esperança que o Kerensky deitasse tudo a perder e não queria abalar a confiança que alguém pudesse depositar nele. Disse-lhe que o Kerensky era muito admirado, que as pessoas gostavam dele e que poderia vir a tornar-se no líder forte que a Rússia precisava na sua aflição.


“Espero que sim,” respondeu a última dos Romanov, “rezo por ele todos os dias.”


Os sinos da igreja anunciaram a hora suavemente e a Grã-duquesa interrompeu-se para fazer o sinal da cruz. “Quero saber sobre essas maravilhosas escolas públicas,” disse ela, “mas primeiro diga-me o que está a América a fazer para se preparar para a guerra.”

 

 

À medida que eu falava, ela ouvia, acenando com a cabeça e sorrindo, imensamente agradada. A grande frota aérea que estava a ser construída parecia deixá-la muito feliz e, quando lhe falei sobre a conservação de mantimentos e das restrições ao fabrico de álcool, ela ficou radiante. “A América é simplesmente magnífica,” exclamou ela. “Lamento muito nunca ter lá ido. Claro que agora isso nunca vai acontecer. Para mim os Estados Unidos representam a ordem e a eficiência no seu melhor. O tipo de ordem que só um estado livre consegue criar. O tipo de liberdade que rezo para que um dia seja construído aqui na Rússia.” E depois mencionou brevemente o czar deposto. Não sabia que naquele momento o czar estava a caminho da Sibéria, mas é muito provável que ela já soubesse. Ela disse: “Fico feliz por saber que vão proteger os vossos soldados do mal da bebida. Ninguém compreende o bem que a abolição da vodka fez às nossas gentes. Acho que um dia a História vai dar crédito ao Imperador pela sua parte na ideia, não acha?” Concordei que o Imperador devia receber todo o crédito pelo que fez e disse-o com toda a sinceridade.

 

 

Isabel Feodorovna deixou-me falar durante quase três quartos de hora sobre as escolas Gary que ela gostaria muito de ver instituídas na Rússia; sobre o esforço das mulheres americanas na guerra e no trabalho social para as crianças, especialmente as tuberculose e as anémicas. “É maravilhoso,” disse ela com um suspiro. “Quase nem consigo impedir-me de cometer o pecado da inveja. Pense numa nação jovem, grande e apressada que ainda arranja tempo para estudar todos estes problemas assustadores da pobreza e da doença, e luta contra eles. Espero que continuem a fazer isso, e que ainda encontrem mais e mais maneiras de trazer paz à vida dos trabalhadores. Como se pode esperar que os trabalhadores que trabalham o dia inteiro em fábricas quentes e horríveis em quintas distantes, sem nada nas suas vidas a não ser o trabalho e a preocupação, possam ter paz nas suas almas?”

 

 

Ela queria muito saber sobre as mulheres soldado e disse que admirava muito o seu heroísmo. Queria saber como era a vida nos seus acampamentos e se tinham força suficiente para aguentar o tormento. A Grã-duquesa Sérgio é uma boa feminista e concordou comigo que a crise russa, tal como noutros países afectados pela guerra, tinha demonstrado completamente como as mulheres deviam, a partir de agora, ter um papel tão importante e proiminente como o dos homens.


Teve sempre uma devoção especial por Joana d’ Arc e acreditava que ela se tinha inspirado em Deus.

 

 

“Fico feliz por ter gostado do meu convento,” repetiu ela enquanto nos afastávamos. “Por favor visite-nos novamente. Sabe que ele já não me pertence, pertence ao Governo Provisório, mas espero que eles me deixem ficar com ele.”

 

Espero que a deixem. A Casa de Maria e Marta, com as belas mulheres que lá vivem, é uma das coisas que a nova Rússia não pode perder.

 

 

Em Março de 1918, Isabel foi presa no seu convento e levada para o exílio na Sibéria. Acabaria assassinada no dia 18 de Julho do mesmo ano. A Casa de Marta e Maria ainda existe e está em pleno funcionamento nos dias de hoje. As freiras ainda seguem as mesmas regras escritas por Isabel Feodorovna e existe uma estátua dedicada à fundadora no jardim.


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Terça-feira, 5 de Outubro de 2010

Outros - Entrevista à Grã-Duquesa Isabel Feodorovna (1917) - 1.ª parte

 

No dia em que o czar Nicolau II e a sua família se preparavam para deixar Czarskoe Selo e partir para o seu exílio em Tobolsk, uma jornalista americana, Rheta Childe Dorr, entrevistou Isabel Feodorovna. Era ainda a única Romanov em liberdade, mas isso mudaria poucos meses depois. A entrevista foi publicada já depois da morte da Grã-duquesa.

 

 

A Casa de Maria e Marta

 

Na tarde do dia em que Nicolau II, Imperador deposto e autocrata de todas as Rússias, juntamente com a sua esposa e filhos deixaram Czarskoe Selo e iniciaram a sua longa viagem para o seu exílio na Sibéria, eu estava sentada numa sala pacifica de um convento em Moscovo e falei com quase o último membro da família imperial que disfrutava de total liberdade dentro do Império. Era Isabel Feodorovna, irmã da antiga Imperatriz e viúva do Grão-duque Sérgio, tio do Imperador. O Grão-duque Sérgio foi assassinado, rebentado até sobrarem dele apenas pedaços por uma bomba, quase perante os olhos da sua esposa, por um revolucionário no dia 4 de Fevereiro (estilo antigo) de 1905. Foi morto quando se ia juntar à Grã-duquesa numa das igrejas do Kremlin em Moscovo. Ela correu para fora de casa e viu os seus restos mutilados sobre a neve. A Grã-duquesa Sérgio era já conhecida há muito tempo como uma mulher nobre de espírito e santa e a conduta que tomou depois da morte horrenda do seu marido mostra bem o seu carácter. Implorou ao czar para que retirasse a sentença de morte dada ao assassino e quando ele recusou, ela foi até à prisão onde o homem moribundo aguardava a sua morte, conseguiu obter permissão para entrar na sua cela e, quase até ao último momento, rezou com ele e confortou-o. Nunca teve filhos e, depois do evento que cortou o último laço que a mantinha à pompa real e ao brilho, a Grã-duquesa retirou-se da sociedade e entregou-se à religião. O mais cedo que pôde, tornou-se freira. A sua fortuna privada, até ao último rublo, investimento, palácio, mobília, arte, jóia, carro, sabre e qualquer outro bem foram convertidos em dinheiro que foi usado para a construção de um convento e para pagar a criação de uma ordem religiosa da qual ela se tornou madre superiora. A Grã-duquesa Sérgio obedeceu literalmente ao édito de Cristo aos homens ricos: “Vendei tudo o que tendes e dai-lo aos pobres.”

 

Isabel com o marido em 1904

 

O Convento de Maria e Marta, da Ordem da Misericórdia em Moscovo, é um testemunho vivo do seu grande sacrifício. Tem vivido aqui nos últimos oito anos e trabalha junto das suas freiras entre as quais pelo menos uma era uma senhora da corte e muitas outras que pertenciam às classes mais altas. Algumas das freiras pertenciam a casas mais humildes, uma vez que a ordem é perfeitamente democrática. Cada uma das mulheres que entra na Casa de Maria e Marta fá-lo sabendo que a sua vida será passada em serviço, tanto espiritual como o estudo dos Envagelhos de Maria, como material com trabalho. Os Russos, que são um pouco sonhadores, dizem-nos que o convento de Isabel Feodorovna é uma das instituições mais eficientes do Império e acrescentam normalmente que: “Dizem que ela obriga as freiras a trabalhar ao extremo.”


Quando os dias da revolução chegaram em Fevereiro de 1917, uma grande multidão foi até à Casa de Maria e Marta, escancarou os portões e inundou os degraus do convento, exigindo entrar A porta abriu-se e uma mulher alta e séria, vestida com um hábito cinza-prateado pálido e véu branco saiu para o pátio e perguntou o que queria a multidão.

 

 

“Queremos a mulher alemã, a irmã da espiã alemã de Czarskoe Selo!” Gritou a multidão. “Queremos a Grã-duquesa Sérgio.”

Alta e brilhante, como um lírio, a mulher ficou no mesmo lugar. “Eu sou a Grã-duquesa Sérgio.” Respondeu ela numa voz firme que flutuou por entre os clamores. “O que querem de mim?”


“Viemos aqui para a prender,” gritaram eles. “Muito bem,” foi a resposta calma. “Se me querem prender claro que vou convosco. Mas tenho uma regra. Antes de sair o convento por qualquer razão vou sempre à igreja rezar. Venham comigo à igreja e depois de ter rezado vou convosco.”


Ela deu meia volta e caminhou pelo jardim até à igreja, com a multidão atrás dela. Tantos quanto puderam entraram no pequeno edifício e seguiram-na. Ajoelhou-se perante o altar e todas as suas freiras se ajoelharam à sua volta e choraram. A Grã-duquesa não chorou. Rezou por um momento, fez o sinal da cruz, depois levantou-se e abriu as mãos para a multidão em silêncio, olhando-os nos olhos.


“Agora já estou pronta para ir,” disse ela.

 

 

Mas nem uma mão se ergueu para levar Isabel Feodorovna. O que Kerensky nunca poderia ter feito, o que nenhuma força policial na Rússia poderia ter feito com aqueles homens naquele dia, a perfeita coragem e humildade da Grã-duquesa fez. Intimidou e conquistou a hostilidade, dispersou a multidão. Aquela grande multidão de homens bêbados e libertinos, homens sedentos de sangue que foram calmamente embora, deixando um guarda para proteger o convento. É provavelmente o único local absolutamente impenetrável na Rússia hoje em dia para aqueles que dizem odiar os “bourju”, o nome que dão às classes intelectuais.


No dia de Agosto em que toquei a campainha do portão massivo, não sabia que ia mesmo ver e falar com a Grã-duquesa. O senhor William L. Cazalet de Moscovo, o amigo que me levou até lá, duvidava muito que eu pudesse ser recebida informalmente sem nenhuma marcação prévia. A seriedade dos tempos que vivíamos, principalmente a situação pela qual a família Romanov estava a passar, colocavam a Grã-duquesa Sérgio numa situação extremamente delicada e o senhor Cazalet disse-me com toda a franqueza que esperava vê-la afastada de todos. O melhor que podia prometer, disse ele, era que eu podia ver o convento, onde uma das suas primas era freira.

 

 

O convento, que se encontrava localizado no centro de Moscovo, é um conjunto de pedra branca e casas de estuque construídas em volta de um velho jardim e rodeadas por um muro branco alto coberto de era. Uma chave foi rodada, o portão castanho foi aberto e entramos no jardim que estava em flor. Lembro-me de doces-de-bico brancos e cor-de-rosa no muro, dos lírios brancos que dançavam com o vento e uma passadeira de verbenas que se estendia ao longo do pátio até à porta do convento. Havia muitas macieiras e uma floresta de lilases roxos e brancos.


Fomos recebidos numa sala pequena que era uma mistura de escritório e sala-de-estar, pela chefe executiva do convento, a senhor Gardeeve, uma amiga de longa data de Isabel Feodorovna.Tal como a Grã-duquesa, esta mulher tinha tido uma vida cheia de lágrimas e tribulações apesar da sua posição privilegiada e quando ela tomou o véu, Gardeeve tomou-lhe o exemplo e tornou-se freira. Os negócios do convento realizam-se sob a sua supervisão e de uma forma notável, segundo o que me foi dito. A eficiência e a habilidade estão escritas em cada traço do rosto delicado de Gardeeve assim como na sua voz decidida e transparente e através dos seus gestos graciosos. Foi uma alegria ouvi-la conversar, especialmente para mim, uma vez que tenho dificuldades em compreender o francês indistinto falado pelo russo comum. O francês da senhor Gardeeve era perfeito, do tipo que se ouve mais em digressões do que em Paris ou outro lado qualquer. Uma mulher do mundo da cabeça aos pés, a senhora Gardeeve usava o hábito distinto da ordem com a mesma graciosidade com que teria usado um vestido da última moda. Sorriu e conversou com o senhor Cazelet, que é muito conhecido no convento, e foi muito gentil e cordial comigo. Depois de ficarmos a conversar durante alguns minutos, o meu amigo disse-lhe que eu lhe tinha contado coisas muito interessantes sobre as escolas publicas americanas e queria que eu as contasse a ela.

 

 

Por isso contei-lhe algo sobre as experiências extraordinárias que tinham resultado em Gary, Indiana e sobre o trabalho que estava a ser feito em Nova Iorque e outros lugares para que as crianças, ricas e pobres, tivessem as mesmas oportunidades nos estudos. Á medida que falava, ela exclamava de vez em quando: “Mas isso é excelente! Acho admirável! A Grã-duquesa devia ouvir isto!”

 

Eu disse-lhe que gostava muito de conhecer a Grã-duquesa e ela respondeu que poderia haver possibilidade de isso acontecer. Mas não naquele dia, uma vez que a Grã-duquesa estava extremamente ocupada. Perguntou-me quanto tempo é que eu ficaria em Moscovo e disse que dentro dessa semana seria possível arranjar o encontro. Perguntou-me depois o que gostava de ver no convento e quando eu disse que queria ver tudo, ela riu-se, tocando uma campainha. Apareceu então uma pequena freira e a senhora Gardeeve entregou-me a ela com ordens de que me mostrasse todo o convento.


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Quarta-feira, 17 de Junho de 2009

Notícias - Mais Membros da Família Reabilitados

Após a reabilitação de Nicolau II e da sua família mais próxima em Setembro passado, os Tribunais russos decidiram seguir o mesmo caminho com outras seis vitimas da última familia imperial do Império Russo.

 

Desta vez os escolhidos foram as seis vítimas da chamada "Tragédia de Alapaevsk", ocurrida apenas um dia após o assassinato do Czar. Na noite de 17 para 18 de Julho de 1918, um grupo constituído principalmente por Príncipes Romanov acompanhados do Grão-duque Sérgio Mikhailovich e da Grã-duquesa Isabel Feodorovna, irmã da Imperatriz, foi levado de carro desde a escola onde tinham vivido as suas últimas semanas em Ekaterinburgo até aos bosques cercanos de Alapaevsk. Lá foram vedados e, um a um, atirados para uma mina com 20 metros de profundidade. Acabariam por morrer horas ou mesmo dias depois devido a ferimentos derivados da queda, bem como de fome e sede.

 

O tribunal decidiu reabilita-los com base no facto de que as suas mortes foram causadas devido aos seus laços familiares e não por qualquer tipo de crime cometido. Os descentes Romanov mostraram-se satisfeitos com a decisão e afirmaram que estes são os primeiros passos para a denunciação e condenação própria do regime comunista.


Os membros reabilitados foram:

 

Grã-duquesa Isabel Feodorovna

 

Grão-duque Sérgio Mikhailovich

 

Príncipe João Constantinovich

 

Príncipe Igor Constantinovich

 

Príncipe Constantino Constantinovich

 

Príncipe Vladimir Pavlovich Paley


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Segunda-feira, 20 de Abril de 2009

Livros - "A Noiva Romanov" lançado em Portugal

 

O novo livro de Robert Alexander, autor de "The Kitchen Boy - Os Últimos Dias dos Romanov" e "A Filha de Rasputine" acaba de ser publicado em Portugal.

 

Desta vez a história centra-se na irmã mais velha da Czarina Alexandra Feodorovna, Grã-duquesa Isabel Feodorovna, conhecida na família por "Ella".

 

Considerada uma das mais bonitas princesas da Europa da sua época, Ella casou-se com o Grão-duque Sérgio, o Governador-Geral de Moscovo, e viu-se atirada para o mundo opulente do regime imperial russo. Mas Ella sempre permaneceu a pessoa boa e protectora que era enquanto criança. O romance conta a história de Isabel na primeira pessoa, quando o mundo dela é destruído pelo caos da Revolução Russa e por um jovem camponês, Pavel, que, atraído para o centro do movimento revolucionário, vê-se envolvido num caminho que o vai cruzar com a Grã-duquesa e terá resultados fatais.

 

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Terça-feira, 9 de Setembro de 2008

Curiosidades - As Vitimas da Família Imperial Russa (1ª parte)

Quando o Czar Nicolau II abdicou do trono no dia 2 de Março de 1917 estavam 53 Romanovs a residir na Rússia. Desses membros da família 18 foram presos. Entre Junho de 1918 e Janeiro de 1919 todos, com excepção do Grão-Duque Nicolau Constantinovich que morreu de causas naturais durante a sua detenção, seriam assassinados por bolcheviques em vários pontos da Rússia. Fica uma lista com dados bibliográficos das vítimas imperiais da revolução russa.

 

Revolução Russa

 

Dia 13 de Junho de 1918:
 

A primeira vítima da onda de assassinatos da família imperial após a revolução é o irmão mais novo do Czar, o Grão-Duque Miguel Alexandrovich, morto a tiro juntamente com o seu secretário perto de Perm, na região Ural. Para ler biografia clique aqui.

 

Miguel Alexandrovich, irmão mais novo do Czar

 

Dia 17 de Julho de 1918:
 

A família imperial principal é assassinada na cave da Casa Ipatiev juntamente com o médico, a dama-de-companhia, o cozinheiro e um criado. No total este dia resultou em 7 vítimas da família.

 

Nicolau II, a esposa e os 5 filhos durante as celebrações de Páscoa em Livadia

 

Dia 18 de Julho de 1918:
 

Um grupo de prisioneiros da família transferidos para Ekaterinburgo duas meses antes é atirado para uma mina com 20 metros de profundidade e, de seguida, são atiradas granadas como golpe final quando os prisioneiros começam a cantar hinos de exaltação russos. A maioria, no entanto, morreria apenas nos dias que se seguiram por ferimentos não tratados ou falta de água. Mais tarde todos foram canonizados pela Igreja Ortodoxa Russa. Os prisioneiros eram:

 

Grã-Duquesa Isabel, irmã da Czarina Alexandra. (Biografia)

 

Grão-Duque Sergei Mikhailovich

 

 

Nascido no dia 7 de Outubro de 1869, Sergei era neto do Czar Nicolau I pelo seu quarto filho, Miguel Nikolaevich. Sempre se sentiu atraído pela vida militar e ingressou em vários regimentos durante a sua adolescência e juventude. Era muito próximo do seu irmão Alexandre com quem fez uma viagem à Índia em 1891. Quando regressaram à Rússia, ambos se apaixonaram pela filha mais velha do Czar Alexandre III, Xenia Alexandrovna, mas ela acabou por escolher Alexandre para casar em 1894. Nesse mesmo ano o irmão velho de Xenia, o futuro Czar Nicolau II, teve de acabar a relação que mantinha com a bailarina Mathilde Kschessinskaya e pediu a Sergei que tomasse conta dela. O Grão-Duque aceitou a proposta e começou uma relação com a bailarina que apenas usufruía da sua posição (Sergei era presidente da associação imperial de teatro) para subir na carreira. Sergei sabia-o, mas mesmo assim continuou a ser um amigo próximo de Mathilde. Em 1900, a bailarina conheceu o Grão-Duque Andrei Vladimirovich, filho do primo de Sergei e começou uma relação com ele que causou uma relação tempestuosa entre os dois primos. Em 1902 ela teve um filho de Andrei, mas deu-lhe o nome de Sergei e foi ele que a ajudou a cuidar da criança.

 

Quando começou a Primeira Guerra Mundial, Sergei estava gravemente doente devido a uma febre reumática que contraiu durante uma viagem e à qual se seguiu uma violenta Pleurisia. Depois de 5 meses preso à cama, Sergei assumiu o seu posto como Chefe do Departamento de Artilharia do Exercito. Essa posição trouxe-lhe inúmeros rumores de corrupção e incompetência e ele teve de se demitir do cargo em 1916 para se tornar apenas Inspector de Artelharia. Durante a guerra o Grão-Duque viveu no mesmo edifício do seu primo Nicolau II e, muitas vezes, tentou convencê-lo a abandonar a guerra, mas ele recusou. As suas constantes tentativas de persuasão de Nicolau fizeram com que fosse odiado pela sua esposa Alexandra. Quando rebentou a Revolução de Fevereiro, Sergei escolheu ficar em Mogilev onde tinha lutado durante a guerra.

 

Sergei regressou a Petrogrado no inicio de Junho de 1918 e, juntamente com os restantes membros masculinos da família que ainda se encontravam na cidade, foi chamado ao posto de comando da Tcheca (policia politica do regime) onde o informaram de que estava proibido de deixar a cidade. Poucas semanas depois foi chamado novamente, desta vez para receber ordens de exílio e partiu juntamente com outros 4 membros da famíliae o secretário para a cidade de Viatka nos Montes Urais. Durante 11 dias os prisioneiros puderam deslocar-se livremente pela cidade, mas tudo acabou quando foram transferidos para Ekaterinburgo no dia 3 de Maio de 1918. Aí juntaram-se à Grã-Duquesa Isabel Feodorovna e ficaram confinados a um hotel na cidade até serem novamente transferidos novamente no dia 18 do mesmo mês para Alapayevsk onde ficaram alojados numa antiga escola. A única liberdade que tinham era passear pelas salas de aula sob a supervisão dos guardas. Sergei partilhou a sala de aula que lhe servia de quarto com o seu secretário e o Príncipe Paley, filho do Grão-Duque Paulo.

 

No dia em que foram encaminhados até à mina, Sergei foi o único que se atreveu a desobedecer e tentou lutar com os guardas que o alvejaram mortalmente e atiraram o seu cadáver para a mina. Morreu aos 48 anos de idade.

 
Príncipe João Constantinovich
 
 

Nasceu no dia 5 de Julho de 1886 e era o filho mais velho do Grão-Duque Constantino Constantinovich, neto do Czar Nicolau I pelo seu segundo filho Constantino Nikolaevich. Era um jovem sensível, gentil e muito religioso. Durante a juventude chegou a considerar tornar-se num monge ortodoxo, mas apaixonou-se pela Princesa Helena da Sérvia com quem se casou no dia 2 de Setembro de 1911. Foram um casal muito feliz e tiveram dois filhos: um rapaz, Vsevolod Ivanovich nascido em 1914, e uma rapariga chamada Catarina Ivanovna nascida em 1915. A filha de João foi o último membro da família imperial a nascer antes da queda da dinastia e viveu até ao dia 13 de Março de 2007.

 

O Principe lutou na Primeira Guerra Mundial onde foi condecorado como herói. Quando rebentou a Revolução Russa de 1917 ele estava a lutar na frente de combate. Em Abril de 1918 foi exilado e morreu com apenas 32 anos de idade.

 

Principe Constantino Constantinovich

 

 

Nasceu no dia 1 de Janeiro de 1891 e era o quarto filho do Grão-Duque Constantino Constantinovich, por isso irmão mais novo do Principe João Constantinovich.

 

O Príncipe era um rapaz calado e tímido que gostava de teatro e foi educado na “Corps dês Pages”, uma academia militar em São Petersburgo. Quando começou a Primeira Guerra Mundial tinha 23 anos e juntou-se a um dos regimentos do Czar e foi descrito como sendo muito modesto e adorado pelos seus companheiros que destacaram a sua valentia. Constantino nunca pediu a protecção a que tinha direito pelo seu título e arriscava a sua vida no campo de batalha tal como os seus companheiros.

 

Depois de ver a felicidade dos seus irmãos mais novos, João e Tatiana, Constantino também quis começar a sua própria família. Gostava da sua prima Olga (filha mais velha do Czar), mas também da Princesa Isabel da Roménia, mas nunca chegou a ter tempo de pedir nenhuma das duas em casamento. Depois de passar três anos na frente de combate foi exilado com dois dos seus irmãos e dois primos e morreu com eles aos 27 anos de idade. O seu corpo foi mais tarde enterrado no cemitério ortodoxo de Pequim que foi destruído durante a Revolução Cultural chinesa.

 

Príncipe Igor Constantinovich

 

 

Nasceu no dia 10 de Junho de 1894 e era irmão mais novo de João e Constantino Constantinovich. Tal como os irmãos, era gentil, simpático e educado que gostava de teatro e adorado por todos que o conheciam. Frequentou a mesma academia militar que os irmãos.

 

Durante a Primeira Guerra Mundial foi capitão do Regimento da Guarda Ismailovsky e foi condecorado como herói, no entanto a sua saúde era bastante frágil. Sofreu de Pleurisia e outras complicações pulmonares em 1915 e quando regressou às trincheiras não conseguia andar muito depressa e tossia sangue frequentemente.

 

Foi exilado com os irmãos e primos e morreu aos 23 anos. O seu corpo foi, mais tarde, enterrado em Pequim juntamente com o dos irmãos, no mesmo cemitério ortodoxo que foi transformado num parque.

 

Principe Vladimir Pavlovich Paley

 

 

Nasceu no dia 9 de Janeiro de 1897 e era um conhecido poeta. O seu pai era o Grão-Duque Paulo que se casou com a sua mãe sem a autorização do Czar depois de a sua primeira esposa, a Princesa Alexandra da Grécia, morrer ao dar à luz o meio-irmão de Vladimir, Dmitri que foi um dos assassinos de Rasputine e, por isso, nasceu sem qualquer título. No entanto, à medida que os pretendentes ao trono iam morrendo, o pai de Vladimir aproximava-se, por isso o Czar Nicolau II elevou-o a Conde em 1904 e, finalmente, a Príncipe em 1915.

 

Vladimir tinha dois meios-irmãos do primeiro casamento do pai (Maria Pavlovna e Dmitri Pavlovich) e três do primeiro casamento da mãe (Alexandre, Olga e Mariana von Pistohlkors). Além dos meios-irmãos tinha duas irmãs biológicas chamadas Irina e Natália Pavlovna.

 

Passou a sua infância em Paris e mais tarde frequentou a mesma academia militar dos primos Constantinovich em São Petersburgo. Lutou pelo lado russo na Primeira Guerra Mundial e foi condecorado com a Ordem de Santa Ana pelos seus esforços.

 

Desde a adolescência, Vladimir mostrou um grande talento para a poesia e publicou dois livros com os seus poemas em 1916 e em 1918 além de várias peças e ensaios. Também foi ele que traduziu a peça do Grão-Duque Constantino Constantinovich, “O Rei dos Judeus” para francês.

 

No Verão de 1917 ele e a sua família foram condenados a prisão domiciliária devido a um poema que ele tinha escrito sobre o chefe do Governo Provisório, Alexandre Kerensky. Em Março de 1918 foi preso pelos bolcheviques e enviado para exílio com os seus primos. O seu pai foi preso em São Petersburgo.

 

Vladimir morreu aos 21 anos.

 

 

 

 

 


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