Sexta-feira, 13 de Fevereiro de 2009

Vídeo - Ensaio de Natalie Paley

A actriz da família ensaia uma cena no seu primeiro filme, "L'Epervier".

 

 


publicado por tuga9890 às 19:30
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Terça-feira, 10 de Fevereiro de 2009

Uma Actriz na Família - Biografia de Natalie Paley (2ª parte)

Natalie com uma criação de Lucien Lelong


Lucien Lelong, nascido em Paris no dia 11 de Outubro de 1889, herdou a sua famosa casa de moda do pai. Pai de uma menina, ele era um herói da Primeira Guerra Mundial que tinha recebido várias honras pelo serviço prestado. Com as suas origens aristocráticas e beleza distinta, Natália foi uma lufada de ar fresco para o negócio de Lelong. Para Natalie (como passou a ser conhecida), a posição deste homem significava poder, dinheiro e segurança.

 

Natalie Paley com Lucien Lelong


Embora ela considerasse com cada vez mais seriedade a ideia de se casar com ele, a sua família e amigos viam a união como estranha devido aos rumores da homossexualidade de Lelong. Apesar disso, o casal contraiu um matrimónio civil no dia 9 de Agosto de 1927. No dia seguinte, sendo seguidos por um grande número de jornalistas, eles casaram-se numa cerimónia religiosa na Igreja Ortodoxa de Santo Alexandre. Para o casamento Natalie usou um vestido criado pelo marido e cativou os olhares das centenas de pessoas que a admiravam. No entanto existem relatos de que ela estava bastante perturbada neste dia.

 

Natalie e Lucien Lelong no dia de casamento

 

A reputação de Lucien Lelong cresceu com a ajuda da sua delicada esposa de gostos maravilhosos. Delicada e glamurosa, vestida com vestidos de noite brancos ou pretos e com capas vermelhas e púrpura, ela não seguia nenhuma moda e tinha o seu próprio estilo. Era conhecida pelos seus chapéus e luvas que usava na sua própria maneira. Começou a fazer trabalhos como modelo para o marido e tornou-se uma das pessoas que o fotografo Cecil Beaton mais gostava de utilizar nos seus trabalhos. Muitas das fotografias tiradas por Beaton de Natália apareceram nas revistas "Harper Baazar" e " Vogue" em finais dos anos 20 e ao longo dos anos 30. A Princesa causou sensação quando apareceu a acompanhar o seu marido num evento público usando um casaco curto de noite feito inteiramente de celofane.

 

Natalie por Cecil Beaton

 

A nova inspiração dos fotógrafos de moda, não demorou muito até o nome e fotografias dela começarem a aparecer em revistas e jornais, não apenas nas páginas de moda, mas também nas colunas sociais. Não se ficando pela sombra do marido, Natalie criou a sua própria imagem e posição entre a elite parisience.


Apesar de partilharem o mesmo gosto pelas artes e pela moda, muitas coisas separavam o novo casal. Demasiado envolvido com o seu trabalho e apaixonado por uma das suas modelos, Lelong nunca conseguiu compreender as angústias da esposa nem os seus ataques de raiva que a afectavam quando ela se encontrava em público.

 

 

Natalie ficou devastada com a morte da mãe em Novembro de 1929 devido a complicações com o cancro que tinha conseguido vencer 9 anos antes. Com a perda da mãe, as memórias de felicidade da infância dela perderam-se. Mesmo os seus laços com Irina faziam parte do passado.

 

Enquanto Natalie se tinha tornado numa socialite, a sua irmã mais velha vivia uma vida calma com o marido e o filho, dedicando-se a trabalhos de caridade e à construção de uma escola para meninas russas.

 

 

Com a afeição do marido a ser dirigida para outra mulher, Natalie foi à procura de consolação para outro lado. Enquanto passava o Verão de 1930 em Veneza, começou um caso com o carismático dançarino Serge Lifar, cujo talento era admirado por todo o mundo. Um antigo amante do mestre de bailado, Serge de Diaghileff, ele era o acompanhante ideal para Natalie. Tendo sido abusada sexualmente quando criança, ela nunca aceitou outro amor que não o platónico, e assim a relação deles era sentimental e não física. A relação durou quase dois anos. Depois ela seguiu para um outro caso. A escolha voltou a ser estranha.

 

Natalie Paley na "Vanity Fair" de Abril de 1933

 

Natália iniciou um curto e ambiguo romance com o escritor Jean Cocteau. Os pormenores sobre este romance são vagos e divergentes. Alguns dizem que os dois tiveram uma relação intensa que resultou na gravidez de Natália. Esta relação terá sido manchada pelo ciume doentio de Marie-Laure de Noailles, uma mulher obsecada por Cocteau que terá feito os possíveis para causar a infelicidade do casal. Supostamente devido à influência de Marie-Laure, Natália terá decidido abortar, uma decisão que entristeceu Cocteau e a perceguiu para o resto da vida. Outros dizem que o escritor terá exagerado o tipo de relação que tinha com a Princesa, uma vez que, de acordo com relatos da altura, Natália seria apenas uma amiga próxima, mas Cocteau costumava passar horas ao telefone com os amigos afirmando que a amava. Os que defendem esta versão dizem mesmo que ela nunca esteve grávida e que essa foi uma invenção de Cocteau. Se realmente existiu um romance, não se sabe, mas Jean Cocteau baseou-se na sua relação com Natália para escrever o livro "Os Meninos Diabólicos" publicado 1939.

 

 

Após terminar a sua relação com Cocteau, Natalie decidiu sair de casa do marido e abandonar a vida que tinha construido. Comprou um apartamente em Esplanade dês Invalides onde entertinha a sociedade e os artistas mais proiminentes que jantavam frequentemente com ela. Mas ela cansou-se depressa desta vida e sentiu necessidade de novos desafios. As suas fotografias continuavam a fazer sucesso nas revistas, mas a mente dela estava longe desse mundo. Tão naturalmente como se virou para a moda, virou-se para o mundo do cinema na Primavera de 1933.

 

 

O seu primeiro papel foi no filme “L’Epervier”, realizado pelo primo do seu marido, Marcel L'Herbier no qual foi também Lelong a desenhar o guarda-roupa. Para se preparar, Natalie teve aulas de representação com a actriz belga Eve Francis, antiga esposa do realizador Louis Delluc. O enredo de “L’Epervier” era comum, mas o elenco era interessante. A história conta as aventuras de um aristocrata, o Conde George de Dasetta, interpretado por Charles Boyer, e da sua esposa Marina (Natalie), dois jogadores compulsivos que vivem uma vida luxuosa até que ela o deixa por um jovem diplomata, Rene de Tierrache (Pierre Richard-Willm). Depois, informada sobre as tentativas de suicídio do marido, a esposa infiel volta para ele. Filmado nos estúdios parisiences de “Joinville”, “Biarritz” e “Rome”, “L’Epervier” reflectia a vida de Natalie, embora poucos se tenham apercebido disso na altura. Não foi dos filmes com mais sucesso do ano, mas constituiu uma vitória para uma mulher cuja vida parecia vazia.

 

A crítica adorou Natalie. “Uma estrela está a erguer-se, iluminada por uma chama de promessas”, “um raio de sol numa paisagem gelada”, “Ela parece uma personagem de Andersen, uma daquelas inquestionáveis personagens de contos de fadas com uma cara de anjo,” foram algumas das opiniões que recebeu.

 

Natalie numa cena de "L'Epervier" com Charles Boyer

 

Agora que era apelidada de “nova Garbo” e frequentemente comparada à sua amiga Marlene Dietrich, ela começou a acreditar nas suas próprias capacidades e entrou no filme melodramático de 1934, “Le Prince Jean”, novamente com o actor Pierre Richard-Willm, e cujo realizador era Jean de Marguenat. Com a excepção dos protagonistas, o filme em si (que contava a história de um príncipe que, após vários anos numa legião estrangeira, regressa ao seu reino para descobrir que o trono foi ocupado pelo irmão) foi bastante mal recebido e foi um desastre nas bilheteiras.


No filme seguinte, “The Private Life of Don Juan”, teve apenas uma pequena participação. No filme participavam Douglas Fairbanks e Merle Oberon e era realizado por Alexander Kords. O filme foi realizado para o “London Films” e mais uma vez teve pouco sucesso nas bilheteiras. Desiludida com a carreira na Europa, Natalie fez as malas e, no Outono de 1934, respondeu ao convite da Twentieth Century Fox para tentar a sua sorte nos Estados Unidos da América. A imprensa francesa previa um futuro brilhante para a sua estrela. Infelizmente a previsão não se cumpriu.

 

Natalie Paley por Cecil Beaton

 

Co-realizado por Roy del Ruth e Marcel Achard, o musical “L’Homme des Folies Bergeres”que iniciou as filmagens em Dezembro de 1934, foi a versão francesa e orginal de “Folies Bergere”. Maurice Chevalier, na sua habitual personagem cortês, interpretou em ambas as versões o papel de dois homens que trocam de identidade por algumas horas. Natalie tinha o papel de Baronesa Genevieve Cassini, interpretada por Merle Oberonna versão inglesa. Ela estava consciente que não tinha dado o seu melhor nesta comédia inesquecível e a estreia do filme na Primaverade1936 não ajudou ao seu lançamento na América.

 

 

 

Natalie sentiu-se mais confortável sob os conselhos de George Cukor, no seu primeiro filme em inglês, “Sylvia Scarlett”, adaptado para o ecrã por John Collier do romance de Compton Mackenzie e que contava com a participação de Katherine Hepburn, Cary Grant e Brian Aherne. Sendo uma das protagonistas, Natalie desempenhou na perfeição a personalidade “Vamp” de Lily Levetsky, uma refugiada russa.

 

 

Filmado em Laurel Canyon e Malibu desde meados de Agosto até finais de Outubro de 1935, “Sylvia Scarlett” custou 1 milhão de dólares para ser produzido. A primeira de quatro colaborações entre Katherine Hepburn e Cary Grant (mais tarde eles participariam juntos em “Bringing Up Baby”, “Holiday” e “The Philadelphia Story”), o filme é notável por mostrar a ambiguidade da própria personalidade de Hepburn, reflectindo tanto o seu charme feminino e o seu comportamento masculino. Apesar de ser um dos filmes mais intrigantes dos anos 30, foi um grande fracasso nas bilheteiras e chegou mesmo a classificar Katherine Hepburn como “veneno” para bilheteiras.

 

Natalie numa cena do filme "Sylvia Scarlett" com Katherine Hepburn


Natalie esqueceu depressa a carreira que tinha para promover, uma vez que tinha encontrado em Cukor o amigo perfeito que procurava. O próprio realizador ficou encantado com o charme dela. Durante toda a sua vida, ele guardou uma das fotos de Natalie tirada por Cecil Beaton na sua casa, uma honra que apenas partilhou com Katherine Hepburn. Também começou uma amizade com Hepburn que duraria até ao final da sua vida. Lançado no dia 3 de Janeiro de1936, o filme não teve sucesso devido à sua ambiguidade sexual. O beijo de Katherine Hepburn com Dennie Moore e certas falas como quando Brian Aherne diz que se sente um pouco “maricas” ao olhar para Katherine Hepburn vestida de homem, chocaram o puratismo americano e não ajudaram em nada a carreira de Natalie Paley.

 

Uma cena de "Sylvia Scarlett" com Cary Grant

 

A carreira cinematográfica de Natalie foi muito breve. O seu último filme, “Les Hommes Nouveaux”, foi realizado em 1936 e era um drama sobre o falecido marechal Liautey, um herói da Primeira Guerra Mundial em Marrocos. Contava com a participação de Harry Baur, Gabriel Signoret, Max Michaell e Jean Marais.


Apesar de ela não estar muito interessada em embarcar no projecto, foi convencida por Marcel L'Herbier a interpretar uma bonita viúva, a Condessa Christiane de Sainte-Foy, apanhada pelos segredos do seu passado problemático. A estreia a 22 de Dezembro de 1936 foi um sucesso fenomenal, mas Natalie já se tinha decidido quanto à sua vida. Queria escapar do seu casamento que há muito constituía apenas uma formalidade, da sua carreira, que apenas continuava a subir devido à sua beleza e não ao seu talento e também do seu passado violento que a continuava a atormentar.

 

Natalie no filme "Les Hommes Noveaux"

 

Pouco depois do seu divórcio oficial de Lelong, a 24 de Maio de 1937, ela fez declarações oficiais à imprensa de que se iria casar com o produtor teatral John Chapman Wilso nno mês de Setembro.  Tal como Lelong e Cocteau, John Chapman Wilson era abertamente homossexual e os seus romances com o actor Noel Coward e Cole Porter eram bem conhecidos entre a sociedade nova-iorquina, particularmente os pormenores sórdidos sobre o abuso de álcool e drogas partilhado pelo casal, por isso a notícia de que ele se iria casar com a delicada Natalie chocou o público. Talvez tanto a noiva como o noivo fossem igualmente calculistas nesta união. Wilson sabia que a sua bonita e popular esposa lhe poderia abrir muitas portas no seu negócio como produtor da Broadway, enquanto que Natalie gostava do humor dele e o facto de ser homossexual protegia-a da sua incapacidade de manter relações físicas. Mais uma vez ela procurava um companheiro e não um amante.

 

Natalie com o seu segundo marido, John Chapman Wilson

 

O mundo que a tinha recebido antes começava a distanciar-se e Natalie caiu na escuridão após a morte do marido. A maior parte dos seus amigos, as testemunhas do seu antigo esplendor, estavam agora mortos. Jean Cocteau, Erich Maria Remarque, Coco Chanel, Noel Coward, Lucien Lelog, e muitos outros tinham já desaparecido. Ela viu-se condenada à solidão. Após 1975, ela fechou-se do mundo e tornou-se uma reclusa. Recusou-se mesmo a receber os poucos amigos e familiares que lhe restavam, apesar de continuar a responder às suas cartas e chamadas. Com a velhice, Natalie ficou cega e recebeu a assistência de familiares do marido e alguns admiradores que cuidaram dela até ao fim. Em 1978 ficou emocionada quando o seu antigo amigo e amante Serge Lifar lhe enviou uma pequena carta na qual utilizou uma citação de Pushkin: “Nunca nos esqueceremos do nosso primeiro amor. O coração da Rússia nunca te esquecerá. E quanto a ti, o meu coração nunca te esquecerá."

 

No dia 21 de Dezembro de 1981, Natalie tinha caído na banheira e partido o fémur, sendo levada de emergência para o Hospital Roosevelt. Foi operada de urgência, mas a operação correu mal e o estado de saúde piorou. As suas últimas palavras foram sussurradas a uma enfermeira: “Eu quero morrer com dignidade.” Nunca mais voltou a falar.

 

Natalie Paley tinha 76 anos quando morreu na noite de 27 de Dezembro de 1981. Depois de uma cerimónia privada, foi enterrada ao lado de John Chapman Wilson no cemitério de New Jersey.

 


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Uma Actriz na Família - Biografia de Natalie Paley (1ª parte)

 

Natália Pavlovna Paley nascida a 5 de Dezembro de 1905, foi um ícone da moda, socialite e actriz nascida em França. O seu pai era o Grão-duque Paulo Alexandrovich da Rússia, filho do czar Alexandre II e tio do czar Nicolau II. Ficou mais conhecida entre o grande público pelo seu nome artístico, Natalie Paley.


Natália era descrita como o sonho dos publicitas de Hollywood. Uma criatura fascinante, descendente da mais rica e famosa família europeia, os Romanov, era a figura viva do “chic” francês e quase demasiado perfeita para ser real. A sua vida romântica e trágica foi algo que a ficção nunca poderia ter igualado. Viveu os últimos tempos da Rússia czarista, os glamorosos anos 30 na alta sociedade parisiense e movimentou-se pelos círculos mais altos de Hollywood e Nova Iorque.


A sua vida floresceu e depois apagou-se. No final tudo o que restou foi uma mulher triste e só que agraciou o seu século como uma rara, mas desperdiçada flor.

 

Natalie fotografada por Cecil Beaton

 

Os pais de Natália, o Grão-duque Paulo Alexandrovich da Rússia e a aristocrata Olga Paley, conheceram-se em São Petersburgo por volta de 1895. Na altura ela estava casada com um oficial e era mãe de três crianças. Paulo era também pai de dois filhos, (a Grã-duquesa

Maria Pavlovna e o Grão-duque Dmitri Pavlovich) mas viúvo. A sua esposa, a Princesa Alexandra da Grécia, tinha morrido ao dar à luz o seu filho Dmitri. Os dois apaixonaram-se rapidamente e começaram um caso em segredo. Contudo o segredo não durou muito tempo, uma vez que no dia 9 de Janeiro de 1897, Olga deu à luz o primeiro filho do casal, Vladimir Pavlovich. Olga conseguiu obter o divórcio do marido e deixou a Rússia na companhia de Paulo. Os dois casaram-se em

Livorno, na Itália, a 10 de Outubro de 1902.

No dia 21 de Dezembro de 1903 voltaram a ser pais, desta vez de uma menina a quem chamaram Irina. Pouco tempo depois do nascimento da bebé, o Rei da Baviera deu a Olga o título de Condessa von Hohenfelsen, que deveria ser transmitido aos seus descendentes. A família ainda se encontrava na Itália quando Paulo recebeu uma carta do seu sobrinho, o czar Nicolau II da Rússia, onde lhe foi transmitido que, devido ao casamento realizado sem a sua autorização, o casal e os filhos estavam banidos da Rússia. Embora tivesse sido um preço alto a pagar, principalmente para Paulo que tinha os seus dois filhos do primeiro casamento em São Petersburgo e era um patriota convicto.

 

Os pais de Natalie, o Grão-duque Paulo Alexandrovich e a Princesa Olga Paley

 

A família instalou-se em Paris e comprou uma casa em Boulogne-sur-Seine, onde Natália nasceu em 1905. A casa luxuosa onde viviam tinha pertencido anteriormente à Princesa Zenaide Ivanovna Youssoupova (mãe do Príncipe Félix Yussupov) e tinha permanecido fechada desde a morte dela em 1897. Paulo e Olga contrataram, ao todo, 16 criados que incluíam camareiras, jardineiros e tutores.

 

Natalie ainda bebé com a irmã Irina e o irmão Vladimir

Vladimir, Irene e Natália tiveram uma infância muito feliz com todas as vantagens de uma vida privilegiada e, durante algum tempo, viveram protegidos do mundo exterior. Apesar dos seus pais terem uma vida social ocupada, as crianças eram muito chegadas a eles e comiam todas as refeições juntos, um costume pouco comum para a sua época e posição. Aos Domingos a família costumava ir até a uma Igreja Ortodoxa próxima da sua casa e participar numa missa privada conduzida pelo padre que tinha baptizado Natália.

 

Natalie durante a sua infância na casa em Paris

 

O perdão chegou do czar Nicolau II em Janeiro de 1912 e Paulo decidiu deixar a França imediatamente para visitar os seus filhos do primeiro casamento em Czarskoe Selo, perto de São Petersburgo. Paulo sentiu-se em casa novamente e decidiu mandar construir um luxuoso palácio na sua cidade natal. Este novo projecto precisava de 64 criados, um grande contraste em relação à casa que a família mantinha em Paris. A família mudou-se para Czarskoe Selo na Primavera de 1914.

 

Natalie (dir.) com a irmã Irina

 

A pequena Natália, isolada das realidades que afectavam a Rússia czarista, ficou muito entusiasmada com a viagem, bem como com a descoberta de uma nova família, incluindo a sua avó materna e os seus meios-irmãos. Tornou-se rapidamente amiga das suas primas Olga, Tatiana, Maria e Anastásia, filhas do czar Nicolau II. Foi um momento dourado na vida de Natália, mas muito curto. Três meses depois de a família começar a sua nova vida, rebentou a Primeira Guerra Mundial. Ela tinha 9 anos de idade.

 

Natalie em 1914

 

A vida sem preocupações de Natália terminou. O seu irmão Vladimir, bem como a maioria dos homens da sua família, juntou-se ao seu regimento para lutar contra a Áustria e a Alemanha. Apesar da sua saúde fraca, o seu pai decidiu ignorar os conselhos médicos e juntou-se aos esforços russos na guerra em 1916.

A revolução eclodiu em Fevereiro e todos os membros da família Romanov foram mantidos sob vigilância. Em vez de abandonar o país, Paulo e a sua esposa, não vendo perigo, decidiram ficar no seu palácio. Quando o czar e a família foram exilados para a Sibéria, Natália e a sua família receberam ordens de prisão domiciliária. Cada dia que passava trazia novas humilhações ao ponto de terem soldados bêbados a dormir nos corredores. Em Janeiro de 1918, o governo de Lenine decretou que o palácio onde a família residia se deveria tornar num museu e Olga foi forçada a trabalhar como guia dos seus antigos bens confiscados pelo governo. O carro da família foi também confiscado e passou a ser utilizado por Lenine.

 

Natalie com a irmã em Czarskoe Selo

 

Natália, a irmã e a mãe foram depois forçadas a viver noutra área do palácio e a cozinhar para os guardas, sempre debaixo de insultos e insinuações. Apesar de ela nunca ter falado sobre isso em nenhuma entrevista ou em cartas, os amigos e familiares de Natália confessaram que um grupo de soldados abusou sexualmente dela durante a prisão, quando ela tinha pouco mais de 13 anos. Durante o resto da vida, este crime afectou as suas relações com homens.

 

Natalie na Suíça aos 14 anos

 

Mas o pior ainda estava para chegar. Vladimir foi preso em Viatka a 22 de Março de 1918 e o pai de Natália recebeu a mesma ordem a 30 de Julho. Em desespero Olga organizou a fuga das filhas com a ajuda de alguns amigos. A fuga aconteceu numa noite de Dezembro. As duas irmãs foram transportadas de carro até à estação de comboios de Ochta. Após uma viagem de quatro horas onde tiveram que viajar dentro do vagão de gado, as duas saltaram do comboio perto da fronteira com a Finlândia. O resto da viagem até ao país vizinho foi feita a pé. As duas adolescentes foram levadas para uma casa de caridade e esperaram pela chegada dos pais e irmão.

 

Natalie (dir.) com a irmã

 

O pai delas nunca conseguiu fugir da Rússia. O Grão-duque Paulo foi assassinado em Janeiro de 1919 juntamente com outros três parentes. Olga conseguiu chegar à Finlândia e encontrou as filhas. Na altura ela ainda estava a recuperar lentamente da tragédia da morte do marido e também de uma cirurgia de emergência à qual se tinha submetido para tratar de um tumor no peito. Em Setembro de 1919 as três descobriram que Vladimir tinha sido também assassinado em Julho do ano anterior juntamente com outros membros da família, incluindo a Grã-duquesa Isabel Feodorovna, tia de Natália. Também o ex-czar e a sua família tinham sido assassinados.

 

Natalie (em baixo) com a família em 1914

 

Natália mudou-se com a irmã e a mãe para a Suécia onde viveram até à Primavera de 1920. Depois voltaram para França onde venderam a sua antiga casa e compraram outra no 16º distrito. Com algumas jóias que lhe sobraram, Olga comprou uma villa em Biarritz, na costa atlântica, onde a família se juntava. Mais tarde ela vendeu a casa em Paris e comprou uma mais pequena em Neuilly. A saúde de Olga foi piorando ao longo que os meses avançavam. Em 1928 soube-se que os bens que tinham sido confiscados à família seriam vendidos num leilão em Londres. A família foi até Inglaterra para os tentar recuperar, mas não conseguiu.

 

Natalie (esq.) com a irmã durante a adolescência

 

Natália e a sua irmã foram enviadas para um colégio privado proeminente na Suiça, mas ela não se conseguiu misturar com os seus colegas. Tal como confessou mais tarde durante uma entrevista a uma revista, ela sentia-se “tão diferente dos outros. Aos 12 anos as meninas francesas ainda liam Robinson Crusoe e viam filmes do Douglas Fairbanks. Aos 12 anos eu levava pão ao o meu pai na prisão. Como poderia eu ser como elas? Eu era muda e não brincava. Mas andava a ler muito. Eu tinha visto a morte de tão perto. O meu pai, o meu irmão, os meus primos e os meus tios foram todos executados, todo aquele sangue Romanov derramado durante a minha adolescência. Tudo isso me deu gosto por coisas tristes, poesia e morte. Rapidamente as minhas colegas compreenderam-me e respeitaram a forma como era, por muito estranha que possa ter parecido.”

 

 

As irmãs regressaram a Paris onde Irina se casou com o Príncipe Feodor Alexandrovich da Rússia, filho da Grã-duquesa Xenia Alexandrovna. O casamento realizou-se no dia 31 de Maio de 1923. Apesar da felicidade da irmã, Natália não pensava em casamento, apesar de não lhe faltarem admiradores.

 

Tal como a maioria dos aristocratas russos sobreviventes da revolução que se tinham estabelecido em França, Natália foi à procura de emprego. Encontrou um quando entrou na casa de moda de Lucien Lelong em Matignon, perto dos Campos Elísios, onde foi contratada como modelo.


publicado por tuga9890 às 14:38
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