Segunda-feira, 30 de Junho de 2008

Biografia - Maria Nikolaevna

 Maria Nikolaevna Romanova foi a terceira filha de Nicolau II e Alexandra Feodorovna, nascida a 26 de Junho de 1899, no Palácio de Petehof. Desde 1991 que se questionava se ela teria sobrevivido ao massacre que vitimou toda a sua família na noite de 17 de Julho de 1918, uma vez que alguns cientistas russos defenderam que era o seu corpo (e não o de Anastásia ) que faltava quando os corpos dos Romanov foram encontrados.

 

 

Maria nos braços da mãe com poucos meses de idade

 

Quando Maria nasceu, o seu pai, o czar Nicolau II, escreveu no seu diário:

 

 “Um dia feliz: o Senhor enviou-nos uma Terceira filha – Maria, que nasceu em segurança às 12:10! A Alix mal dormiu durante a noite, e de manhã as dores aumentaram. Graças a Deus que tudo acabou depressa! A minha querida sentiu-se bem durante todo o dia e alimentou ela própria a bebé… a tarde foi maravilhosa.”

 

 

Embora fosse bem recebida pela sua família, o nascimento de Maria acabou por se tornar também numa desilusão, uma vez que era a terceira rapariga que nascia e não o tão desejado herdeiro, tal como a sua tia Xenia escreveu no seu diário:

 

“Que alegria que tudo tenha acabado bem, e a anciedade da espera tenha, finalmente, acabado! Mas foi um desapontamento que não seja um filho. Coitada da Alix! Nós, claro, estamos encantados de qualquer maneira – quer seja um filho ou uma filha!”

 

Maria com as irmãs em 1901

 

Os seus contemporâneos descreveram Maria como uma bonita e sedutora menina, bem constituída, com cabelo castanho claro e grandes olhos azuis que eram conhecidos na família como "as safiras da Maria". O seu tutor francês, Pierre Gilliard , disse que Maria era alta, bonita , com bochechas rosadas. Tatiana Botkina achava que a expressão dos olhos de Maria era "calma e gentil". Quando era criança era comparada aos anjos de Botticelli. O Grande Duque Vladimir Alexandrovich apelidou-a de "o bebé amável " devido à sua simpatia.

 

 

Maria em 1901

 

Quando aprendeu a andar, a pequena Maria escapou da sua banheira e começou a correr pelo corredor do palácio nua, enquanto a sua ama, Margaretta Eagar , que adorava politica, estava a discutir sobre o caso de Dreyfus com um amigo. "Felizmente eu tinha acabado de chegar, peguei nela e levei-a de volta para a Miss Eagar que ainda estava a falar sobre Dreyfus," recordou a sua tia, a Grande-Duquesa Olga Alexandrovna da Rússia.

 

 

As suas irmãs mais velhas não gostavam de a incluir nas suas brincadeiras, chegando mesmo a referir-se a ela como "meia-irmã" por ser tão boa e nunca se meter em confusões, recordou Margaretta Eagar nas suas memórias. Contudo, em certas ocasiões, a menina querida podia tornar-se bastante malévola. Uma vez Maria roubou algumas bolachas da mesa de chá da mãe. Como castigo pelo seu comportamento surpreendente, a ama e Alexandra sugeriram enviá-la para a cama sem comer, contudo Nicolau não concordou. "Sempre tive medo das asas que lhe estavam a crescer. Estou satisfeito por ver que ela é apenas humana." disse ele.

 

Olga e  Tatiana "brincam" com a irmã

 

Maria tinha uma admiração especial pelo pai e era frequente fugir do quarto de brincar para "ir ter com o papá". Uma das suas aias, Miss Eagar recordou um episódio bem evidente do amor da pequena Maria por Nicolau:

 

“Quando ele estava doente na Crimeia, o seu desgosto por não o poder ver era excessivo. Eu tinha de manter a porta do quarto de brincar trancada ou então ela teria fugido para o corredor para o incomodar com os seus esforços para chegar até ele. Todas as tardes, depois do chá, ela sentava-se no chão do lado de fora do quarto de brincar a ouvir atentamente todos os sons que saiam do quarto dele. Se ela ouvisse a voz dele, ela esticava os seus braços pequeninos e chamava “Papá! Papá!”, e a alegria quando a deixaram vê-lo foi grande. Quando a Imperatriz veio ver as crianças na primeira noite depois de ter sido dada a notícia de que o Czar tinha febre tifóide, por acaso, ela estava a usar uma miniatura do Imperador ao pescoço. A meio dos seus soluços e lágrimas, a pequena Maria reparou nela e então subiu para o joelho da Imperatriz e cobriu a fotografia de beijos, e, partir daí, não houve nenhuma noite durante a sua doença em que ela fosse para a cama sem beijar a miniatura.”

 

Maria no meio das suas irmãs Olga e Tatiana

 

Maria e a sua irmã mais nova, Anastasia, eram conhecidas na família pelo "Par Pequeno" por serem as irmãs mais novas. Tal como as irmãs mais velhas, Olga e Tatiana, as duas partilhavam o quarto e passavam grande parte do tempo juntas.

 

Maria e Anastasia eram vestidas de forma semelhante em ocasiões especiais quando usavam variações do mesmo vestido. Maria tendia a ser dominada pela sua entusiástica e energética irmã mais nova. Quando Anastasia fazia rasteiras a pessoas que passavam por elas, troçava de outros ou tinha um ataque de raiva, Maria tentava sempre pedir desculpa, apesar de nunca ter conseguido parar a irmã mais nova.

 

Maria e Anastasia

 

Maria tinha gostos simples e era tão bondosa que, por vezes, as irmãs tiravam vantagem disso e chamavam-na de "fat little bow-wow ". Em 1910, a sua irmã Olga de 14 anos persuadiu Maria de 10 a escrever uma carta à sua mãe onde lhe pedia que desse a Olga o seu próprio quarto e que ela devia ter autorização para usar os seus vestidos. Mais tarde Maria tentou convencer a mãe de que a carta tinha sido ideia sua. A amiga da mãe, Lili Dehn , disse que ela não era tão espevitada como as irmãs, mas que tinha a sua própria opinião.

 

 

Maria e Tatiana em 1907

 

A sua ama relembrou uma história que mostra a bondade quase inocente da pequena Maria:

 

 “Quando regressamos a Czarskoe Selo, a Imperatriz mostrou sintomas de tosse compulsiva. A tosse espalhou-se rapidamente às suas quatro filhas. A ama russa e eu também a apanhamos. Eu tinha dito às crianças para que tivessem muito cuidado para não tossir para ninguém, ou então essa pessoa poderia contrair a doença. Elas foram muito obedientes. Um dia a pequena Grã-Duquesa Anastasia estava a tossir e espirrar muito, quando a Grã-Duquesa Maria foi ter com ela e, pondo a sua cara perto da dela, disse-lhe, “Bebé, querida, tossa para cima de mim.” Espantada com esta atitude, perguntei-lhe o que queria ela dizer e a criança disse, “Tenho tanta pena de ver a minha irmã mais nova tão doente. Pensei que se pudesse ficar com tosse ela pudesse melhorar.”

 

Maria com o pai em 1910

 

Quando Maria tinha 8 anos, teve o seu primeiro contacto com a morte após a sua prima Isabel de Hesse não resistir a um ataque de febre tifóide quando se encontrava de férias com os Romanov na Polónia. Maria fez poucas referências a isso, mas, numa ocasião mostrou lidar bem com o assunto:

“Um dia a Maria estava a ver uma imagem de Nydia, a rapariga cega de Pompeia. Ela perguntou-me por que razão era ela cega. Eu respondi que Deus, às vezes, põe as pessoas cegas e ninguém sabe porquê. Então ela disse, “Eu conheço alguém que sabe.” Eu disse, “Não, querida, acho que não. Ninguém sabe. “A prima Ella (Isabel de Hesse) sabe,” respondeu ela, “ela está no céu a falar com Deus e Ele está-lhe a dizer como é que Ele o fez e porquê.”

 

 

Maria tinha talento para desenhar e fazer caricaturas e usava sempre a mão esquerda, mas era geralmente desinteressada no seu trabalho escolar. Era surpreendentemente forte e, por vezes, divertia-se ao demonstrar como conseguia levantar os seus tutores do chão. Apesar de ser quase sempre simpática e gentil, havia alturas em que ela se tornava teimosa e, ocasionalmente, preguiçosa. A sua mãe queixou-se numa carta de que Maria estava "de mau humor" e estava "sempre a gritar" com as pessoas que a irritavam. Normalmente este mau humor coincidia com o seu período menstrual que era conhecido pela czarina e pelas filhas como "uma visita da Madame Becker ".

 

Maria  durante u ma aula de pintura

 

A jovem Maria tinha inúmeras paixonetas por jovens soldados com quem se encontrava no palácio e durante as férias de família. Ela adorava crianças e, se não fosse uma Grã-Duquesa, o seu maior sonho era casar-se com um soldado russo e ter uma grande família. Segundo Margaretta Eagar, a sua paixão por soldados começou desde muito cedo:

"Um dia a pequena Grã-Duquesa Maria estava a olhar pela janela para um regimento de soldados que marchavam por perto e exclamou: "Adoro estes soldados queridos; Quem me dera poder beijá-los a todos!" Eu disse: "Maria, meninas bem comportadas não beijam soldados." Alguns dias mais tarde, houve uma festa para crianças e os filhos do Grão-Duque Constantino estavam entre os convidados. Um deles tinha já 12 anos, tinha entrado para os cadetes e veio envergando o seu uniforme. Ele queria cumprimentar a pequena prima com um beijo, mas ela cobriu a boca com a mãe e afastou-se e disse com grande dignidade: "Vai-te embora soldado! Eu não beijo soldados." O rapaz ficou satisfeito por ser confundido com um soldado de verdade."

 

 

 

As cartas de Alexandra revelavam que a filha do meio da família, sentia-se, por vezes, insegura e excluída pelas suas irmãs mais velhas e temia que não fosse tão amada pelos pais como as outras. Alexandra assegurou-lhe de que todos a adoravam tanto como adoravam as irmãs e o irmão Alexis. Com 11 anos há relatos de que Maria desenvolveu uma dolorosa paixão por um jovem que tinha conhecido.

"Tenta não deixar os teus pensamentos prenderem-se nele,  foi isso o que o Nosso Amigo (Rasputin) disse," escreveu-lhe Alexandra no dia 6 de Dezembro de 1910. A sua mãe aconselhou-a a manter os seus sentimentos escondidos porque outras pessoas podiam dizer coisas pouco simpáticas sobre a sua paixoneta. "Não devemos deixar os outros ver o que sentimos por dentro, quando eles sabem que não é considerado próprio. Eu sei que ele gosta de ti como uma irmã e ajudar-te-ia a não te importares demais, porque ele sabe que tu, uma pequena Grã-Duquesa, não lhe deves dar grande importância.”

 

 


Maria rodeada da família em

 

Maria e as suas três irmãs eram, tal como a sua mãe, potenciais portadoras do gene da hemofilia. Um dos irmãos e dois sobrinhos de Alexandra, tal como dos seus tios maternais e muitos outros membros da sua família, eram já hemofílicos antes de a doença ser diagnosticada a Alexis, irmão mais novo de Maria. Ela própria teve uma grave hemorragia em Dezembro de 1914 durante uma operação para remover as amígdalas, de acordo com a sua tia, a Grã-Duquesa Olga Alexandrovna da Rússia, que foi entrevistada mais tarde na sua vida.   O médico que fez a cirurgia ficou tão enervado que teve de receber ordens para continuar por parte da mãe de Maria, Alexandra. Olga Alexandrovna acreditava que todas as quatro sobrinhas sangravam mais do que o normal e que eram portadoras do mesmo gene de hemofilia que a mãe.

 

Maria com o seu irmão Alexis

 

Por serem demasiado novas para serem enfermeiras quando a I Guerra Mundial rebentou, Maria e Anastasia limitaram-se a visitar soldados feridos no hospital onde trabalhavam as irmãs e a mãe. As duas adolescentes jogavam xadrez e bilhar com os soldados e tentavam animá-los. Um soldado ferido chamado Dimitri assinou o bloco de notas de Maria tratando-a pela sua alcunha.

 

Maria e Anastasia visitam  um hospital durante a I Guerra Mundial

 

Durante a guerra, Maria e Anastasia também visitavam a escola de enfermagem e ajudavam a cuidar das crianças. Quando queriam fazer uma pausa durante a guerra, Maria, as irmãs e a mãe visitavam às vezes o pai e o irmão Alexis quando eles estavam no quartel general em Mogilev. Durante estas visitas, Maria começou a sentir-se atraída por Nikolai Dmitrievich Demenkov, um oficial do quartel general. Quando voltavam a Tsarskoye Selo era frequente que ela pedisse ao pai para mandar cumprimentos seus a Demenkov e até chegava a assinar as cartas que enviava ao czar como "Senhora Demenkov".

 

 

Maria em 1914

 

A Revolução rebentou em São Petersburgo na Primavera de 1917. No pico do caos, as irmãs de Maria e irmão Alexis adoeceram com sarampo. A czarina manteve-se relutante em enviar os filhos para a sua residência segura em Gatchina, mesmo tendo sido aconselhada para o fazer. Maria foi a última dos cinco irmãos a adoecer e, enquanto esteve saudável, era a maior fonte de apoio da sua mãe. Maria foi rezar com os soldados que ainda se mantinham leais ao czar, com a mãe na noite de 13 de Março de 1917. Pouco depois, a adolescente de 17 anos adoeceu com sarampo ao qual se seguiu uma violenta pneumonia. Ao longo dos dias o seu estado de saúde complicou-se mais do que o esperado e chegou a ser necessário a ajuda artificial para respirar por ter os pulmões bloqueados. Durante a sua doença, Maria costumava ter pesadelos onde soldados desconhecidos matavam a sua mãe. Foi devido ao seu grave estado de saúde que o Governo Provisório não insistiu para que, pelo menos os filhos, abandonassem rapidamente o país.

 

Maria em 1915

 

O seu médico chegou mesmo a afirmar que não havia esperança de que a terceira Grã-Duquesa conseguisse sobreviver mais uma noite e pediu à Dama-de-Companhia da Czarina que a preparasse para a morte da filha, mas esta recusou-se afirmando que Alexandra tinha já muito com que se preocupar depois da abdicação do czar e sabia perfeitamente da gravidade do estado de saúde da filha. Eventualmente, contra todas as probabilidades, Maria conseguiu passar a noite e começou a recuperar nos dias que se seguiram. Foi apenas quando estava quase completamente recuperada que recebeu a notícia da abdicação do pai. Nesta altura, o Governo Provisório começava já a perder a sua influência para os bolcheviques e era tarde demais para a família deixar o país.

Anastasia, Maria e os pais num momento de descanço

 

A família foi capturada e presa, primeiro na sua casa em Czarskoe Selo e mais tarde em residenciais de Tobolsk e Ekaterinburgo, na Sibéria. Maria tentou ser amável com os guardas em ambos os locais e aprendeu depressa os seus nomes e detalhes sobre as suas mulheres e filhos. Inconsciente do perigo a que estava sujeita, comentou em Tobolsk de que seria feliz se vivesse lá para sempre se a deixassem passear pelo jardim sem ser acompanhada pelos guardas continuamente. Maria e a irmã Anastasia queimaram as suas cartas e diários em Abril de 1918 por temerem que as suas coisas fossem revistadas.

 

Maria  com  Anastasia  e  Tatiana  em  Tobolsk  (1917)

 

A Czarina Alexandra escolheu Maria para a acompanhar a si e a Nicolau II quando receberam ordens para serem transferidos para Ekaterinburgo e a família ficou separada durante um mês em Abril de 1918. De acordo com Sophie Buxhoevden, uma empregada que acompanhou a família, Maria tinha crescido muito durante os meses em que esteve presa com a família e a czarina sentia que podia confiar na sua terceira filha para a ajudar, uma vez que já não podia contar com a deprimida Olga nem com Anastasia que continuava a ser uma criança. Tatiana ficou para tomar conta do irmão Alexis.

 

Nas cartas que enviou às irmãs nesta nova fase, Maria descreveu a sua preocupação para com as novas restrições a que a família foi sujeita. Ela e os pais foram revistados pelos guardas da Casa Ipatiev e avisados de que novas inspecções iriam surgir enquanto lá estivessem. Foi também construída uma vedação que limitava a vista para a rua. "Que complicado é tudo agora," escreveu ela no dia 2 de Maio de 1918. "Vivemos tão pacificamente durante 8 meses e agora começou tudo de novo."

 

Maria (2ª da  direita)  e  os  irmãos  após   perderem  o  cabelo  após  ganharem  sarampo

 

Maria ocupou o tempo tentando fazer novas amizades com os guardas da "Casa Para Fins Especiais". Mostrou-lhes fotografias do seu álbum e conversou com eles sobre as suas famílias e as suas próprias esperanças para a nova vida em Inglaterra se fosse libertada. Alexander Strkotin, um dos guardas, recordou com apreço a sua beleza vigorosa e disse que ela nunca mostrou nenhum ar de grandeza.

 

Um antigo sentinela recordou que Maria era frequentemente levada pela sua mãe com "murmúrios severos e zangados", aparentemente por ser demasiado simpática com os guardas. Strekotin escreveu que as suas conversas começavam sempre com uma das raparigas a dizer: "Estamos tão aborrecidas! Em Tobolsk tinhamos sempre alguma coisa para fazer. Já sei! Tentem adivinhar o nome deste cão!" As adolescentes passavam pelos sentinelas a sussurrar e a dar rizadas de uma forma que eles consideravam "sedutora".

 

 

Tobolsk, 1917

 

Quando um dia um dos guardas contou uma anedota obscena às filhas do czar, deixando Tatiana bastante perturbada. Maria olhou-o nos olhos e disse, "Porque não se sentem enojados por vocês mesmos quando usam essas palavras vergonhosas? Não imaginam que podem ofender uma mulher bem nascida com elas e pô-la contra vocês? Tenham mais respeito e então nós podemos dar-nos todos bem." Ivan Kleschev, um guarda de 21 anos, declarou de que tinha intenções de casar com uma das Grã-Duquesas e, se os pais dela recusassem, ele a salvaria da Casa Ipatiev.

 

Maria  em 1915

 

Ivan Skorokhodov, um outro guarda da casa, conseguiu trazer um bolo de aniversário para comemorar os 19 anos de Maria no dia 26 de Junho de 1918. Maria afastou-se com ele do grupo para um momento privado e foram descobertos por dois dos seus superiores que resolveram fazer uma inspecção surpresa à família. Skorokhodov foi removido da sua posição pouco depois e por manter amizade com uma prisioneira. Nas suas memórias, vários guardas afirmaram que tanto a czarina como a sua irmã Olga pareceram zangadas com Maria nos dias que se seguiram ao incidente e Olga evitava mesmo a sua companhia.

 

 

Maria e  Olga

 

Na noite de 17 de Julho de 1918, toda a família foi executada na cave da Casa Ipatiev, no entanto o que verdadeiramente terá acontecido a Maria e à sua irmã Anastasia permaneceu um dos maiores mistérios do século XX que só muito recentemente foi desvendado.

 

Maria  e  Anastásia  em 1912

 

De acordo com o relato de um dos assassinos, Maria terá conseguido fugir e chegou até a um armazém onde bateu à porta, desesperada, pedindo ajuda. Mais tarde terá sido atingida por um tiro do Comissário Peter Emakov, que também a terá tentado esfaquear com a baioneta da arma e depois lhe deu um tiro na cabeça, mas pode ter falhado o alvo. Também se diz que ela poderá ter desmaiado e que conseguiu permanecer viva até que os corpos foram inspeccionados para que se tivesse a certeza de que toda a família estava morta. Maria terá gritado, o que fez com que fosse esfaqueada novamente. Quando a nova tentativa também falhou, diz-se que Emakov a terá agredido até ela se calar. Até hoje, mesmo tendo-se encontrado todos os corpos a sua causa de morte continua a ser desconhecida.

 

Maria  no  iate da  família

 

A suspeita de que Maria teria sobrevivido ao massacre voltou a ser considerada quando os corpos da família e empregados que os acompanhavam foram descobertos e analisados em 1991. Logo no dia em que se procedeu à abertura da sepultura, se chegou à conclusão de que faltavam dois corpos.

 

Após a análise dos corpos com a mais alta tecnologia da altura houve um dilema entre a equipa de cientistas americana e a russa, uma vez que os primeiros afirmavam que os corpos que faltavam eram os de Alexis e Anastasia e os outros diziam ter a certeza de que se tratava de Alexis e Maria.

 

Maria  em 1913

 

O assunto da possível sobrevivência de Maria é mesmo retratado de uma forma fantasiada no livro "The Kitchen Boy - Os últimos dias dos Romanov " de Robert Alexander que conta a história de um suposto ajudante de cozinha que viveu com a família real os dias de exílio na Casa Ipatiev e acaba por salvar a Grã-Duquesa .

 

Anastasia, Alexis, Alexandra e Maria em 1910

 

No dia 23 de Agosto de 2007, um arqueólogo russo anunciou que tinha descoberto partes de dois esqueletos queimados perto do local onde foram encontrados os restantes Romanov. Após 8 meses de exames intensivos complicados por diversas vezes devido ao avançado estado de deterioração dos restos mortais, no dia 30 de Abril de 2008, foi anunciado durante uma conferência de imprensa que os corpos pertenciam a Alexis e Maria, terminando assim um dos maiores mistérios do século XX.

Agora preparam-se os últimos pormenores para que os dois membros perdidos dos Romanov se juntem à sua família na Fortaleza de Pedro e Paulo onde se encontram enterrados todos os czares e famílias desde Pedro, o Grande.

 

Maria foi assasinada na noite de 17 de Julho de 1918, menos de um mês depois de completar 19 anos

música: Julien Doré - "Les Limits"

publicado por tuga9890 às 21:49
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Locais - Palácio de Alexandre


O Palácio de Alexandre é lembrado principalmente por ter sido a residência favorita de Nicolau II e da sua família. O palácio situa-se no Parque de Alexandre, em Czarskoe Selo, a 26 quilómetros de distância de São Petersburgo.

 

 

O Palácio de Alexandre foi mandado construir por Catarina, a Grande, para o seu neto, o futuro czar Alexandre I. Ela começou a planear o edifício quando ele era bastante novo e tinha a intenção de o oferecer quando ele se tornasse adulto. Ela gostava de discutir ideias sobre o palácio com o jovem Alexandre e convidava-o a fazer esboços com as suas próprias ideias.


O arquitecto escolhido para o palácio foi Giacomo Quarenghi que nasceu em Bergamo, Itália em 1744 e morreu em São Petersburgo em 1817. Desde que o arquitecto chegou à Rússia que a Czarina Catarina o contratou e financiou muitas das suas obras durante o seu reinado. Ele era um dos seus arquitectos favoritos. Ele era um mestre de desenho e produzia planos de sépia esplêndidos para o palácio que ainda existem hoje.

 

quarto de Alexis

 

Originalmente, o Palácio de Alexandre, foi planeado para ser construído em São Petersburgo. Os primeiros esboços mostravam claramente a intenção de uma obra urbana, com um maior ornamento na fachada e um complexo planeamento do interior. A certa altura, Catarina decidiu construi-lo em Czarskoe Selo e simplificou o plano.

 

quarto de brincar das crianças

 

Catarina seleccionou um local perto da sua própria residência, o Palácio de Catarina, para iniciar a construção. Este local era uma colina baixa do outro lado do parque do Palácio. Mudar a localização do palácio da cidade para Czarskoe Selo, significou muitas mudanças na estrutura original. Em São Petersburgo, o palácio tinha sido pensado como uma residência permanente para todo o ano, enquanto que em Czarskoe Selo foi construído para ser um palácio de Verão, apenas para ser habitado alguns meses. Estas circunstâncias reduziram a necessidade de investir em interiores demasiado caros ou em exteriores elaborados para impressionar o público. Os planos para o palácio foram também adaptados para se inserirem na atmosfera mais calma de uma residência de Verão.

 

 

Seguindo as práticas da altura, em 1792, a Corte Imperial colocou anúncios nos jornais de São Petersburgo para que os construtores privados começassem a lançar as suas propostas para construir o palácio. A empresa seleccionada foi colocada sob supervisão do arquitecto russo, Nilov, que tinha a tarefa de dar vida aos desenhos de Quarenghi.

 

sala de estudo das grã-duquesas

 

A construção do palácio apresentou alguns desafios relacionados com o local. Os rios subterrâneos faziam com que o edifício mudasse de posição à medida que era construído. Ao longo do tempo este problema causou vários buracos e rachas no Hall semi-circular que podem ainda ser vistas hoje. Os construtores fizeram uma série de mudanças instantâneas no projecto original para que este se adaptasse aos desafios do local. Foi construído um grande terraço do lado de fora da entrada para o jardim do edifício para reforçar os arcos dos corredores centrais. Os atrasos e os custos cada vez mais excessivos foram retirados dos possíveis lucros, por isso todos estavam ansiosos para acabar a construção do palácio o mais rapidamente possível.

 

quarto de Olga e Tatiana

 

 

As bases do palácio são de pedra, mas, de resto, quase todo o edifício é construído de tijolo. Foram precisos milhões de tijolos para construir o Palácio de Alexandre e foram todos feitos na zona de Czarskoe Selo usando argila do local. Isto foi algo que preocupou Catarina. Ela deu ordens especificas para que se protegessem as florestas locais, com medo de que os construtores destruíssem as árvores à volta da cidade e estragar assim as suas vistas

casa de banho do czar

 

O orçamento inicial para a construção do edifício não incluía dinheiro para a decoração interior. A firma que construiu o palácio não tinha responsabilidade nos interiores e esta tarefa foi dada a uma equipa de decoração internacional que incluía Britânicos, Russos e Italianos. No entanto, à medida que a construção avançava, Catarina viu-se com alguns problemas em termos de orçamento e continuou a deixar a questão dos interiores para segundo plano. Isto não foi visto como um problema sério, pois a Imperatriz achou que Alexandre poderia fazer o que quisesse com os interiores conforme o seu próprio gosto.

 

quarto de bordar

 

Alguma mobília para o palácio foi encomendada, mas a maioria foi levada de outros palácios. Por exemplo, um grande número de ornamentos foi trazido do já velho Palácio de Tauride. Catarina ofereceu também outros itens das suas próprias residências.

 

quarto imperial


No princípio, o exterior do palácio foi deixado exposto com tijolo. Levou muitos anos para que os tijolos secassem e finalmente se pudesse estucar e pintar as paredes com segurança. O “novo palácio”, como era chamado na altura, foi completado e apresentado a Alexandre em Junho de 1796. Ele a sua esposa mudaram-se para a nova casa no dia 12 de Junho de 1796. A construção tinha durado quase quatro anos. Catarina deu as boas-vindas ao neto de 16 anos e à sua esposa, Isabel de Baden, nos degraus do palácio com pão e sal, prendas tradicionais para a bênção de uma nova casa. Alexandre teve pouco tempo para desfrutar do palácio antes da morte da avó em Novembro desse mesmo ano. Isto significou uma mudança de circunstâncias, pois Alexandre estaria agora sob controlo do seu pai, o novo Imperador Paulo I.

 

 

dois pormenores do escritório de Nicolau II

 

Durante o reinado de Paulo I, deram-se os últimos retoques na pintura do palácio. Desde o princípio que foi planeado pintar o edifício de amarelo e branco, mas a cor original era mais profunda do que a que se vê hoje em dia.

 

Paulo não era muito popular entre a sociedade e foi assassinado no Castelo Mikhailovski em São Petersburgo. Alguns dizem que Alexandre esteve envolvido no assassinato, uma vez que assim sucederia mais depressa o seu pai. Durante o seu reinado, Alexandre preferiu viver no Palácio de Catarina quando estava em Czarskoe Selo, o que não significa que tivesse ignorado o Palácio de Alexandre, que necessitava de grandes quantidades de dinheiro para se manter. Em 1809, tiveram de se dispensar 600,000 rublos para reparações no edifício.

 

sala de estar particular


Alexandre e a sua esposa não tiveram filhos, por isso ele decidiu nomear o seu irmão, o futuro Nicolau I, para o suceder. Ofereceu-lhe o Palácio de Alexandre e começou a tradição de fazer dele o Palácio de Verão de Czarskoe Selo.

sala lilás

 

O palácio mantém uma marca indiscutível de Nicolau I e dos seus tempos. Nicolau tinha uma grande família que crescia rapidamente. Embora ele tenha a reputação de ser um Czar duro, quando estava longe dos deveres do reino, ele era um homem de família sentimental. O Palácio de Alexandre era a sua residência favorita e ele dedicou muito tempo a melhorar o edifício. Muitas das mudanças foram feitas de modo a reflectir a vontade de Nicolau em transformar aquele palácio num local mais confortável para todo o ano e não apenas durante o Verão. Por exemplo, mandou construir cozinhas especiais dentro do palácio para poder ter os seus pratos favoritos quando quisesse. Ele próprio gostava de cozinhar. Também foi o próprio Imperador que plantou vários canteiros de flores e tomou todas as decisões sobre a decoração dos interiores.

 

Nicolau escolheu o Palácio de Alexandre para alguns dos mais importantes acontecimentos do seu reinado como a primeira transmissão telegráfica na Rússia.

 

sala de recepção do czar


Tal como o seu irmão mais velho, Nicolau ofereceu o Palácio de Alexandre ao seu filho e herdeiro, o futuro Czar Alexandre II, quando este se casou. Isto levou a uma remodelação e actualização completa do palácio. Avanços técnicos como na iluminação, aquecimento e cozinhas, significaram mudanças que iam muito além de simples tecidos, mobílias e carpetes novas. O palácio foi completamente modernizado para acompanhar as mudanças do mundo em meados de 1840. Mais tarde, depois de Alexandre se tornar Czar e arranjar uma amante, a sua esposa, a Princesa Maria Alexandrovna, decidiu viver no Palácio durante todo o ano. Isto deu vários problemas devido ao facto de este ter sido construído como uma residência de Verão. Não existiam as janelas de vidro duplo nem os soalhos reforçados necessários para manter o edifício quente durante os rigorosos Invernos russos, por isso foram instalados novos sistemas de aquecimento nas áreas ocupadas pela Czarina.

 

o palácio nos tempos de Alexandre II

 

Novamente quando o Czarevich e future Czar Alexandre III se casou com a sua esposa Maria, foi-lhes oferecido o Palácio de Alexandre. A sua mãe continuou a viver lá e o uso de Alexandre do palácio foi limitado até à morte dela. Em 1874, uma parte do palácio foi remodelada para a lua-de-mel da única filha de Alexandre II, Maria, que se casou com Alfredo, filho da Rainha Vitória.

 

escritório de Alexandre III

 

A esposa de Alexandre III, Maria Feodorovna, adorava o Palácio de Alexandre. Ela preveria as festas e elegância de Czarskoe Selo à austeridade do local preferido do seu marido, Gatchina. Dois dos filhos de Maria e Alexandre, o futuro czar Nicolau II e o seu irmão Jorge, nasceram no palácio. Quando cresceram, os dois rapazes continuaram a ter as suas próprias áreas no palácio e utilizavam-nas sempre que estavam em Czarskoe Selo.

 

quarto de Maria Feodorovna

 

Quando Nicolau subiu ao trono em 1894, ele e a sua nova mulher Alexandra decidiram tornar o Palácio de Alexandre na sua residência principal. Como resultado, Nicolau II e a sua esposa fizeram as mudanças mais significativas no edifício desde o reinado de Catarina, a Grande. Foram feitas extensivas renovações ao edifício e instalados novos sistemas como electricidade, telefones, canalização, elevadores e saneamento. Uma área do palácio foi reconstruída com o objectivo de o tornar mais doméstico e luxuoso. O principal objectivo de Nicolau e Alexandra foi tornar o palácio numa casa de família confortável e elegante.

 

Mais tarde foram também feitas mudanças com a construção de interiores de estilo “Art Nouveau” e quartos agradáveis para os filhos do Czar.

 

sala de estudo de Alexis

 

Na altura da Revolução Russa e exílio da família Romanov na Sibéria, decidiu-se transformar o palácio num museu que documentava a vida dos Romanov no Palácio de Alexandre desde o século XIX. Naturalmente, o que estava em destaque era o reinado de Nicolau II. Pouco depois da saída dos Romanov para Tobolsk em Agosto de 1917, partes do Palácio foram abertas ao público pelo seu responsável, Lukomskii. Depois do assassinato da família, alguns dos bens pessoais que tinham sido levados para a Sibéria, foram devolvidos.

 

visita ao Palácio de Alexandre durante os anos 20

 

O museu no Palácio de Alexandre mostrava os interiores da forma mais rigorosa possível aquilo que tinham sido deixados em 1917. Parecia que o Czar e a família tinham acabado de sair e podiam regressar a qualquer momento. A tragédia da história e a intimidade dos seus quartos privados criou uma impressão poderosa naqueles que os visitavam, o que acabou por fazer com que a simpatia para com os Romanov crescesse, o que chocava com os ideais do Governo Marxista-Leninista. Em 1919, pouco depois de o Exercito Vermelho sair vencedor da Guerra Civil, uma parte do palácio foi transformada numa colónia para crianças, mas esta experiência revelou-se desastrosa e esses quartos foram devolvidos ao museu. A restauração extensiva impediu que estes quartos fossem novamente abertos ao público. Em meados dos anos 20, os quartos históricos de Nicolau e Alexandra no Palácio de Inverno, que faziam parte de um outro museu construído aí, foram fechados e a sua mobília destruída. Alguns itens foram transferidos para o Palácio de Alexandre onde se misturaram com outras colecções.

 

pormenor da escadaria do Palácio de Alexandre

 

O museu do Palácio de Alexandre provou ser um dos museus mais populares da Rússia e uma paragem obrigatória para todos os estrangeiros que visitassem o novo estado Soviético. Infelizmente o governo tinha uma atitude indiferente e quase hostil em relação ao “Museu Romanov”. Os oficiais começaram a roubar objectos e mobília do palácio para vender a estrangeiros e para seu próprio uso. Mais tarde a polícia secreta exigiu o uso de uma parte do palácio como o seu “resort” particular. Para se prepararem para a transição, estas alas foram esvaziadas e os seus tesouros vendidos a estrangeiros na Rússia e por uma empresa chamada Hammer, nos Estados Unidos.

 

lago do Palácio de Alexandre

 

Ao longo dos anos 30, foram surgindo tratados do governo para fechar o resto do museu e vender os seus tesouros. De alguma forma, os trabalhadores do museu e o público conseguiram convencer o governo a não seguir em frente com esta ideia e o museu continuou a funcionar até aos inícios da Segunda Guerra Mundial.

Quando Hitler declarou Guerra à União Soviética em 1941, o Director do Museu do Palácio de Alexandre, A. M. Kuchumov, recebeu ordens para evacuar cerca de 300 objectos do palácio para os proteger do avanço das tropas alemãs. Isto foi uma pequena selecção de uma colecção de milhares. Freneticamente e com grande coragem, os trabalhadores do museu conseguiram empacotar e esconder do perigo uma parte significante da colecção do museu. Infelizmente, milhares de peças dos preciosos tesouros de extraordinário valor histórico foram deixadas para trás.

 

pormenor de um ovo Ferbegé representando o Palácio de Gatchina


Quando os alemães ocuparam a cidade, saquearam imediatamente os palácios. Aquilo que não deitaram fora para transformar em balas e armas, levaram para a Alemanha e Espanha onde muitos dos objectos dos palácios permanecem até hoje. O Palácio de Alexandre foi convertido num hospital de SS e era fortemente protegido pelas tropas alemãs. Nos jardins do palácio foi erguido um monumento de homenagem aos SS e um cemitério decorado com símbolos Nazis. Durante a guerra o palácio foi danificado por ataques aéreos e vandalização alemã e dos seus aliados espanhóis.

 

danos na fachada do palácio


Mesmo assim, tendo em conta tudo pelo que passou durante a ocupação alemã e espanhola, o palácio manteve-se em pé pela dedicação dos seus trabalhadores que, logo após o final da guerra, voltaram e fizeram os possíveis para o transformar naquilo que fora. Nos anos 50, era o palácio melhor preservado dos subúrbios e foi escolhido como local de acolho das obras de arte chegadas da Sibéria para Leninegrado. Foram feitos ambiciosos planos de restauração do palácio para recuperar o esplendor que tinha antes da guerra. Nesta altura, o governo, talvez o próprio Estaline, tomou uma decisão critica em relação ao futuro do museu – não se tornaria num museu Romanov. O palácio deveria ser esvaziado e restaurado como um palácio genérico do século XIX. Qualquer restauração que apresentasse a vida privada do czar e da sua família estava proibida. Esta restauração começou e os interiores que tinham sobrevivido à ocupação alemã foram brutalmente despidos e destruídos. Antes de este trabalho estar completo, Estaline mudou de ideias e tomou outra decisão e decidiu que o edifício não se tornaria num museu de nenhum tipo e seria entregue à Marinha que o poderia usar como entendesse.

 


A colecção única e de valor incalculável do palácio foi separada por vários museus. Algumas peças foram para Povlovsk, outras para o Palácio de Catarina, para o Hermitrage e outros locais. A maioria dos itens pessoais associados ao czar e à sua família foram simplesmente fechados e escondidos num armazém desconhecido.

No final dos anos 80, Suzanne Massie e Bob Atchison, com a bênção do antigo director do museu do Palácio de Alexandre, A. M. Kuchmov, que tinha feito da restauração do palácio o seu objectivo da vida, pediram à imprensa e à cidade de Leninegrado para a reabertura do Museu do Palácio de Alexandre. Este intenso e exaustivo esforço provou ter sucesso e uma decisão do governo foi feita para restabelecer o museu. O único pedido foi para uma relocalização com sucesso da marinha que ocupava o edifício.

Até hoje é possível visitar o museu em Czarskoe Selo e passear pelos jardins outrora foram ocupados pela última família imperial russa.

 

música: The Editors - "An End Has A Start"

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Domingo, 29 de Junho de 2008

Biografia - Tatiana Nikolaevna

 

Tatiana Nikolaevna Romanova foi a segunda filha de Nicolau II e Alexandra da Rússia, nascida no dia 10 de Junho de 1897 no Palácio de  Peterhof.

 

Tatiana nos braços da mãe em 1897

 

Tatiana é descrita como alta e elegante, de cabelos negros e olhos verdes acinzentados. Era considerada a mais bonita das quatro grã-duquesas por muitos membros da corte.

Tal como as restantes crianças Romanov, Tatiana foi criada com alguma austeridade. Ela e as irmãs dormiam em camas amovíveis, sem almofadas, tomavam banhos frios de manhã e esperava-se sempre que estivessem ocupadas com bordados ou tricotados nos seus tempos livres. Os seus trabalhos eram oferecidos a bazares de solidariedade. De acordo com uma história, Tatiana, habituada a ser tratada apenas pelo seu nome e alcunhas, ficou desorientada quando a baronesa Sofia Buxhoeveden lhe chamou de "Vossa Alteza Imperial" e perguntou-lhe: "É maluca para me tratar assim?"

 

Tatiana com o seu pai Nicolau II e a irmã Olga em 1901, na Dinamarca

 

Tatiana e a irmã mais velha, Olga, eram conhecidas como "O Par Grande". Tal como as duas irmãs mais novas, as duas mais velhas partilhavam o quarto e eram muito próximas uma da outra desde os inícios da infância.

 

 

Olga e Tatiana em 1900

 

Na primavera de 1901, Olga teve febre tifóide e ficou confinada a um quarto durante várias semanas, longe das suas irmãs. Quando começou a melhorar foi-lhe dada autorização para ver Tatiana durante 5 minutos, mas esta não a reconheceu. Quando a sua governanta, Margaretta Eagar, lhe disse que a criança com quem esteve a falar era Olga, Tatiana de 4 anos começou a chorar amargamente e protestou dizendo que a pálida criança não podia ser a sua a sua adorada irmã. Eagar teve dificuldade em persuadi-la de que Olga podia recuperar. O tutor francês, Pierre Gilliard , escreveu que as duas irmãs eram "apaixonadamente devotas uma à outra."

 

Olga e Tatiana em 1906

Tatiana era prática e tinha um talento natural para a liderança. As irmãs deram-lhe a alcunha de "A Governanta " e enviavam-na como a sua representante quando queriam pedir alguma coisa aos pais. Apesar de ser 18 meses mais nova do que Olga, esta não tinha objecções quando Tatiana decidia tomar conta da situação. Ela era também mais próxima da mãe do qualquer das outras irmãs e era considerada por muitos que a conheciam, a filha preferida da czarina.

 

"Não era que as outras irmãs gostassem menos da mãe," recordou Pierre Gilliard , "mas a Tatiana sabia como rodeá-la de atenções sem limite e nunca abriu caminho para que a mãe tivesse impulsos caprichosos." Alexandra escreveu a Nicolau no dia 13 de Março de 1916 que Tatiana era a única das suas 4 filhas que compreendia logo quando ela explicava a sua visão das coisas.

 

Tatiana e Alexandra em 1909

 

Gilliard escreveu que Tatiana era reservada e "equilibrada" mas menos aberta e espontânea que Olga. Era também menos talentosa do que a irmã mais velha, mas trabalhava mais e era mais dedicada a projectos práticos. O coronel Kobylinsky , guarda da família em Czarskoye Selo e Tobolsk , sentia que Tatiana "não tinha nenhuma ligação com Arte. Talvez fosse melhor para ela ter sido um homem." Outros tinham a impressão de que os talentos artísticos da grã-duquesa eram mais visíveis em trabalhos manuais e na moda, tanto no vestuário como no cabelo. A amiga da sua mãe, Anna Vyrubova, escreveu mais tarde que Tatiana tinha um grande talento para desenhar roupa e croché e que era ela que penteava o longo cabelo da mãe como um cabeleireiro profissional.

 

1906 em Peterhof

 

Quando se tornou adolescente, um regimento de soldados foi oferecido a Tatiana que recebeu o titulo de coronel. Ela e Olga, que também tinha o seu próprio regimento, costumavam ir inspeccionar os soldados regularmente, o que gostavam bastante. Quando tinha quase 14 anos, uma Tatiana doente implorou à sua mãe que lhe desse permissão para sair da cama e fazer a inspecção aos soldados, para que se pudesse encontrar com um soldado com quem simpatizava particularmente. "Gostava tanto de ir à inspecção da segunda divisão, uma vez que sou a segunda filha e a Olga já foi, portanto é a minha vez," escreveu a Alexandra no dia 20 de Abril de 1911. "Sim, mamã, e na segunda divisão irei ver quem devo ver... tu sabes quem."

 

Olga e Tatiana com o uniforme dos seus regimentos (1913)

 

No Outono de 1911, Tatiana, de 14 anos, testemunhou o primeiro acto de violência quando assistiu ao assassinato do Primeiro-Ministro Pyotr Stolypin durante um espectáculo na Casa da Opera de Kiev. Tanto ela como a sua irmã Olga tinham seguido o pai para a sua tribuna no local e viram o disparo. O seu pai escreveu mais tarde à sua mãe, a Imperatriz Maria Feodorovna, no dia 10 de Setembro de 1911, e disse que a situação tinha perturbado ambas as filhas. Tatiana entrou em pânico e ambas tiveram dificuldades a dormir nessa noite

 

Tatiana com o pai na Finlândia em 1912. (Anastasia na direita)

 

Na Primavera de 1913, Tatiana sofreu de Febre Tifóide e, para seu desgosto, perdeu todo o cabelo.

 

Primavera de 1913 com a mãe Alexandra

Um ano mais tarde, quando rebentou a Primeira Guerra Mundial, Tatiana tornou-se enfermeira pela Cruz Vermelha juntamente com Olga e a mãe de ambas. Elas cuidaram de soldados feridos num hospital privado em Czarskoye Selo. De acordo com relatos dessa altura, "Tatiana era quase tão competente e empenhada quanto a mãe e apenas se queixava do facto de, devido à sua idade, ser poupada de casos mais exigentes."

 

Tatiana no seu uniforme de enfermeira em 1915

 

Tatiana era muito patriótica e pediu desculpas numa carta datada de 29 de Outubro de 1914 pelos comentários negativos feitos aos alemães na presença da sua mãe nascida nesse país. Explicou que se esqueceu que a sua mãe tinha nascido na Alemanha porque a via apenas como russa. A czarina respondeu que também se sentia assim e que a sua filha não a tinha insultado com as suas palavras afiadas, mas sentiu-se magoada pelos rumores que circulavam entre o povo russo de que ela era uma espia alemã.

 

Tatiana com a mãe nos inicios de 1914

 

No dia 15 de Agosto de 1915, Tatiana escreveu uma outra carta à mãe onde expressava o seu desejo de a ajudar a carregar os fardos trazidos pela guerra: "Simplesmente não te consigo dizer como estou triste por ti e por todos. Tenho tanta pena que não te possa ajudar ou ser útil. Em momentos assim, tenho pena de não ser um homem." À medida que crescia para a idade adulta, Tatiana começou a participar em mais ocasiões públicas do que as irmãs.

 

Nicolau II, Tatiana e Olga em 1915

 

Nesta altura, Tatiana era a mais conhecida das irmãs devido à sua atenção pelo dever e a amabilidade com que recebia aqueles que conhecia.   A segunda filha do czar é recordada como a mais sociável das irmãs, procurando longas amizades com pessoas da sua idade, no entanto a sua vida social era restringida devido ao seu estatuto e ao facto de a mãe não gostar de ocasiões sociais. Tinha também um lado mais introspectivo, conhecido pelos seus amigos mais próximos e família. "Com ela, tal como com a mãe, a timidez e as reservas eram características, mas, assim que a conhecessem melhor e ganhassem a sua admiração, essa timidez desaparecia e a verdadeira Tatiana aparecia," recordou uma amiga da sua mãe. "Ela era uma criatura poética, sempre à procura do ideal, e a sonhar com grandes amizades que poderiam pertencer-lhe.

 

Tatiana em 1916

 

Chebotareva , uma amiga da mãe, que disse adorar a "doce" Tatiana quase como uma filha, descreveu como a grã-duquesa lhe segurou a mão quando estava nervosa ao caminhar em frente de um grande grupo de enfermeiras. "Estou tão terrivelmente envergonhada e assustada... não sei quem cumprimentar e quem não devo cumprimentar," disse-lhe Tatiana. A sua  informalidade também impressionou o filho de Chebotareva , Gregório. Uma vez Tatiana ligou-lhe para que ela aparecesse em sua casa e falou primeiro com o seu filho de 16 anos. Gregório ficou chateado quando ela o tratou pelo seu diminutivo Grisha). Não sabendo quem estava a falar do outro lado, o frontal Gregório pediu à filha do czar que se identificasse, ao que ela respondeu, "Tatiana Nikolaevna ". Quando ele lhe perguntou outra vez, ainda sem acreditar que estava a falar com uma Romanov , Tatiana continuou sem revelar o seu titulo imperial de Grã-Duquesa " e respondeu que era "A segunda irmã Romanov ".

 

Com os pais em 1916

 

Numa outra ocasião durante a guerra, quando uma mulher que normalmente as levava do hospital até casa não as pôde ir buscar e enviou uma carruagem sem nenhum vigilante, Tatiana e a irmã Olga decidiram ir às compras pela primeira vez. Ordenaram que a carruagem parasse perto de uma zona de lojas e entraram numa delas, onde ninguém as reconheceu devido à sua farda de enfermeiras. Voltaram sem comprar nada quando se aperceberam de que não tinham dinheiro com elas e, mesmo que o tivessem, não iriam saber como  o usar. No dia seguinte pediram a Chebotareva que as ensinasse a usar dinheiro.

 

Olga e Tatiana em 1916

 

A família partiu para o exílio após a Revolução Russa de 1917. Depois de um curto período em Czarskoe Selo, foram enviados para uma residência privada em Tobolsk . A mudança drástica de circunstâncias e a incerteza sobre o que iria acontecer, afectou Tatiana, tal como o resto da família. "Ela aborrece-se sem trabalho," escreveu a sua colega enfermeira Valentina Chebotarev depois de receber uma carta dela a 16 de Abril de 1917.

 

"É estranho sentar-me de manhã em casa, estar de boa saúde e não ir mudar ligaduras!" escreveu Tatiana a Chebotareva . Tatiana, aparentemente tentando defender a sua mãe,  perguntou à sua amiga Margarita Khitrovo numa carta datada de 8 de Maio de 1917, o porquê de as suas colegas enfermeiras não escreviam directamente a Alexandra. Chebotavera escreveu no seu diário que, enquanto tinha pena do resto da família, não conseguia escrever directamente à imperatriz porque a culpava pela revolução. "Se alguém deseja escrever-nos, então que escrevam directamente," escreveu a filha do czar à "minha adorada" Chebotareva no dia 9 de Dezembro de 1917 depois de exprimir a sua preocupação pelas enfermeiras e por um paciente que tinham tratado juntas uma vez. O filho de Chebotareva , Gregório Tschebotarioff , reparou na "firmeza e energia da sua escrita" e como a letra "reflectia a natureza que fazia com que a sua mãe a estimasse tanto."

 

Com o pai e o primo Dimitri no último Verão de liberdade em 1916

O tutor inglês de Tatiana, Sydney Gibbes , recordou que a sua estudante emagreceu bastante durante o seu aprisionamento e parecia "mais distante" e mais misteriosa para ele do que sempre. Em Abril de 1918 os bolcheviques transferiram Nicolau, Alexandra e Maria para Ekaterinburgo. Os restantes filhos ficaram em Tobolsk devido ao facto de Alexis ter sofrido um outro ataque de hemofilia e não estar em condições para a longa viagem.   Foi Tatiana quem persuadiu a mãe a "parar de se atormentar a ela própria" e decidir ir com o marido, deixando Alexis para trás. Alexandra decidiu que a sua forte filha devia ficar também para trás para tomar conta de Alexis.

 

Exilio no Palácio de Alexandre com Anastasia na Primavera de 1917

 

Durante o mês que passaram separadas dos pais e da irmã, Tatiana, Olga, Anastasia e uma empregada que tinha ficado com elas, mantinham-se ocupadas a coser pedras preciosas e todo o tipo de jóias por dentro das suas roupas, para as esconderem dos seus guardas. Tatiana e as irmãs ficaram mais tarde chocadas quando foram assediadas sexualmente pelos guardas a bordo do navio "Rus" que as levou de Tobolsk para Ekaterinburgo em Maio de 1918. Os guardas seguiam as pistas de um ou mais empregados no grupo e procuravam as jóias. Sydney Gibbes foi assombrado durante o resto da sua vida pela memória dos gritos aterrorizados das filhas do czar e pelo facto de não poder fazer nada para as ajudar

 

Olga, Tatiana, Pierre Gilliard, Sydney Gibbs e outros servos na sala de jantar de Tobolsk. Abril 1918)

 

Pierre Gilliard recordou mais tarde a última vez em que viu Olga, Tatiana, Anastasia e Alexis quando foram separados em Ekaterinburgo. "O marinheiro Nagorny, que sempre tomou conta de Alexis Nikolaevitch, passou pela minha janela com o rapaz doente nos braços, atrás dele vinham as grã-duquesas carregadas com malas e pequenos pertences pessoais. Eu tentei sair, mas fui empurrado bruscamente para a carruagem por um guarda. Voltei para a janela. Tatiana Nikolaevna vinha em último, carregando o seu pequeno cão e a esforçar-se por arrastar a sua grande e pesada mala castanha. Estava a chover e vi os pés dela a enterrarem-se mais profundamente na lama a cada passo que dava. Nagorny tentou ajudá-la; foi empurrado bruscamente por um dos guardas."

 

Uma das últimas fotos de Tatiana em Tobolsk

 

Em Ekaterinburgo, Tatiana juntava-se ocasionalmente às suas irmãs mais novas em conversas com alguns dos guardas. Nelas falavam de chá, perguntavam-lhes sobre as suas famílias e falavam sobre as suas esperanças para uma nova vida em Inglaterra quando fossem libertadas. Numa ocasião, um dos guardas esqueceu-se que estava a falar com um membro da realeza e contou uma anedota obscena. Tatiana, chocada, fugiu da sala, "pálida como a morte" e a sua irmã Maria repreendeu os guardas pela sua má linguagem. Ela "era simpática com os guardas se achasse que eles se estavam a comportar de modo aceitável e prendado," escreveu um dos guardas nas suas memórias. Tatiana, que continuava a ser a líder da família, era enviada muitas vezes pelos pais para questionar os guardas sobre as regras ou sobre o que lhes aconteceria. Também passou muito tempo sentada ao lado da mãe, a quem lia) e do irmão mais novo, com quem jogava jogos para ocupar o tempo.

 

As últimas palavras que Tatiana escreveu no seu diário em Ekaterinburgo foram uma transcrição das palavras do padre Ioann de Kronstadt: "A vossa raiva não tem medida, a raiva do Senhor nos Jardins de Getsêmani, pelos pecados do mundo não tem medida, juntem a vossa raiva à Dele, e nela encontrarão conforto."

 

Na tarde de 16 de Julho de 1918, o seu último dia completo de vida, Tatiana sentou-se com a sua mãe e leu excertos bíblicos do Livro de Amos e Obadia, escreveu Alexandra no seu diário. Mais tarde as duas simplesmente falaram uma com a outra

 

 

Tatiana Romanova foi assassinada na noite de 17 de Julho de 1918 juntamente com a sua família quando tinha 21 anos.

música: Jimmy Eat World - "Kill"

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Sábado, 28 de Junho de 2008

Filme - Anastasia (1997)

A sinopse que está escrita na parte de trás da minha VHS que, de tantas vezes que rodou durante os anos 90, duvido que ainda funcione, reza o seguinte:

"Esta inesquecível animação, baseada numa história verídica, traz vida a um conto épico, repleto de intriga e acção, vai decerto cativar toda a família.

Um filme espectacular que combina aventura, romance, comédia e uma banda sonora de qualidade que nos conta a história da princesa russa, Anastasia e da sua luta para encontrar a identidade perdida.

Quando a sombra da revolução cai sobre a Rússia, Anastasia, a filha mais nova da família real, dificilmente consegue escapar com vida.

Anos mais tarde, conhece Dimitri, um simpático e astucioso jovem.

Os dois decidem partir para Paris, a fim de reclamarem a herança de Anastasia. Mal sabem que terão de enfrentar a fúria de Rasputin e do seu companheiro Bartok, o morcego.

Junte-se a esta aventura mágica e embarque numa grandiosa e inesquecível viagem ao tentar encontrar a resposta para o grande mistério do século 20."

 

 

Em termos de factos históricos, existem vários erros neste filme, alguns mais básicos, outros mais rebuscados. Por exemplo:

 

  • Anastasia nasceu em 1901, ou seja, em 1916, onde se desenrolam as primeiras cenas do filme, ela teria 15 anos, não 8.
  • A família imperial vivia no Palácio de Alexandre, em Czarskoe Selo, não no Palácio de Inverno em São Petersburgo.
  • No principio do filme a família é obrigada a fugir do palácio devido à Revolução de Outubro. No filme essa revolução acontece em 1916, mas, na verdade ela data de 1917. Outro pormenor é o facto de o czar ter sido deposto e preso juntamente com a sua família por uma outra revolução que aconteceu nesse ano, em Fevereiro e, em Outobro já todos (incluindo Anastasia) estavam exilados em Tobolsk, na Sibéria.
  • Embora seja verdade que Rasputin contribuiu para uma descida acentuada da popularidade dos Romanov, não foi ele, depois de vender a alma ao diabo e com a ajuda de um relicário que organizou a Revolução de Outubro. De facto o monge foi morto por membros da própria família imperial em Dezembro de 1916.
  • A mãe de Anastasia, Alexandra Feodorovna e a sua avó, Maria Feodorovna, odiavam-se mutuamente, ao contrário do que o filme tenta mostrar.
  • A celebração dos 300 anos da Dinastia Romanov aconteceu durante todo o ano de 1913, não em 1916.
  • A avó de Anastasia ficou na Rússia até 1919, não saiu do país exactamente no dia da revolução.
  • Na altura em que Anastasia sai do orfanato e decide procurar pistas sobre o seu passado em "São Petersburgo", a cidade chamava-se "Petrogrado". O nome tinha sido mudado durante a Primeira Guerra Mundial por ser "demasiado alemão".

(...)

 

A verdadeira Anastasia

 

Mas claro que, tal como o realizador, Gary Goldman afirmou, o filme de animação de "Anastasia" não passa de "um verdadeiro conto de fadas. Um grande "se" do que poderia ter acontecido de ela tivesse realmente sobrevivido. Não pode ser levado demasiado a sério." E mesmo assim continua a ser mais fiel à história veradeira do que um dos muitos "filmes" animados que lhe seguiram, onde Anastasia escapa aos bolcheviques graças aos seus instrumentos musicais falantes...

Algumas imagens do filme:

 


 

 

 


 

 

 

 

 

 

 

Videos:

 

 

 

 

Com as vozes de:

 

Meg Ryan (Anastasia)

John Cusack (Dimitri)

Kelsey Grammer (Vlad)

Christopher Lloyd (Rasputin)

Hank Azaria (Bartok)

Bernadette Peters (Sofia)

Kirsten Dunst (Anastasia criança)

Angela Lansbury (Maria Feodorovna)

Rick Jones (Nicolau II)

 

O filme (em inglês) está disponível aqui.

música: Bernard Fanning - "Watch Over Me"

publicado por tuga9890 às 15:15
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Biografia - Olga Nikolaevna (2ª parte)

Quando Gilliard conheceu as suas alunas melhor, reparou que Olga possuía um cérebro extraordinariamente rápido, tinha um bom raciocínio e também era muito independente nos seus pensamentos. “Ela causou-me alguns problemas a princípio, mas os nossos olhares de fúria foram rapidamente substituídos por uma relação franca e cordial. Ela compreendia tudo extremamente depressa e conseguia sempre dar um reviravolta original aquilo que aprendia.”

  

Apesar de Olga ser, defenitivamente, a mais inteligente das irmãs, acabou por desiludir o seu professor no final. “A Olga Nikolaevna não cumpriu as esperanças que eu tinha nela. A sua inteligência falhou ao tentar encontrar os elementos necessários ao seu desenvolvimento. Em vez de progredir, ela começou a recuar. As irmãs dela nunca tinham tido muito gosto em aprender, uma vez que os seus dons se prendiam mais com coisas práticas."

 

Olga no "Standart" em 1907

 

De toda a família (incluindo o Czar), Olga era talvez a que estava melhor informada sobre a situação política da Rússia devido às amizades que mantinha com pessoas fora do palácio e ao seu hábito diário de ler o jornal no escritório do pai. A sua mente inteligente juntava rapidamente as peças e, por causa disso, tornou-se na companheira preferida do pai nos seus últimos anos. Nicolau e a sua filha mais velha costumavam dar longas caminhadas pelo parque do palácio ou ficar sentados no escritório a discutir os problemas mais complicados da Rússia. Ao contrário do Czar, Olga tinha uma grande força de vontade e não era fácil fazê-la mudar de opinião depois de ter o seu próprio ponto de vista em determinados assuntos.

 

Olga com os pais

 

 

Olga era também a mais sensível das irmãs. Desde a infância ela sofria com aqueles que sentiam raiva ou dor. Enquanto estava na Polónia, ela viu as pessoas a ajoelhar-se na estrada sempre que a carruagem das crianças passava. A pequena Grã-Duquesa costumava olhar para eles com os olhos cheios de lágrimas e implorava à ama para lhes dizer que não o fizessem. Durante a Guerra Russo-Japonesa de 1904, quando Olga tinha 9 anos disse uma vez à ama que gostava que todos os japoneses fossem mortos pelos russos sem que sobrasse ninguém. A ama explicou-lhe que eles tinham mulheres e filhos como os russos e respondeu às inúmeras perguntas da Grã-Duquesa sobre o país desconhecido. No final, Olga disse: “Eu não sabia que os japoneses eram pessoas como nós, pensava que eram só macacos.” A partir desse dia nunca mais voltou a dizer uma palavra contra eles e evitava estar perto de pessoas que falassem do assunto.

 

Quando cresceu, Olga passou a sacrificar a sua pequena mesada para ajudar aqueles que precisassem de uma forma anónima para não chamar as atenções. Quando ela completou 20 anos e começou a utilizar o seu próprio dinheiro, a primeira coisa que fez foi pedir autorização à mãe para pagar o tratamento de uma criança que tinha conhecido nas ruas de São Petersburgo.

 

Olga com a mãe

 

 

Quando Olga completou 16 anos era já considerada uma adulta e foi organizado um grande baile em sua honra no Palácio de Livadia. Como presente de aniversário recebeu dos pais um anel de diamante e um colar de diamantes e pérolas. O seu primeiro vestido de baile era cor-de-rosa e translúcido e a Grã-Duquesa passou o dia entusiasmada com as festividades. O seu cabelo loiro foi levantado pela primeira vez e ela aguentou-se como figura central com grande modéstia e dignidade, para o orgulho dos pais.

 

A festa no dia do seu aniversário foi apenas a primeira de uma série de festejos nos quais Olga e a sua irmã mais nova Tatiana participaram. Além do baile dado em Livadia, houve outros celebrados em Czarskoe Selo. Dois deles foram organizados pelos Grão-Duques Pedro e Jorge e elas divertiram-se tanto que imploraram por um novo baile antes do Natal.

 

Olga a dançar com o pai na festa dos 16 anos em 1911

 

Como filha mais velha do homem mais rico do mundo, Olga era uma das noivas mais desejadas da Europa. Os casamentos estrangeiros eram, no entanto, complicados devido ao problema da religião. Além disso os pais de Olga não aceitavam um casamento sem amor para a sua filha. Alexandra escreveu: “Penso com angústia no futuro delas – tão desconhecido! Bem, tudo deve ser posto nas mãos de Deus com confiança e fé. A vida é uma adivinha, o futuro está escondido atrás de uma cortina e quando eu olho para a nossa Olga crescida, o meu coração enchesse de emoção e de perguntas sobre o que está reservado para ela – com quem se irá casar?”

 

 

Houve uma vaga esperança de que Olga se pudesse vir a casar com o Príncipe Eduardo de Gales (chamado de David entre a família e futuro rei Eduardo VIII). Quando ela tinha 15 anos, um grupo de guardas que seguia a bordo do iate imperial brincou com ela dando-lhe um retrato do príncipe que tinham cortado de um jornal como presente para o seu Dia do Nome. “A Olga riu-se muito,” escreveu uma Tatiana ofendida à sua tia Olga Alexandrovna, “e nenhum dos guardas deseja confessar que foi ele que o fez.” Também houveram rumores de que Olga tinha ficado noiva do Grão-Duque Dmitri Pavlovich, mas acabaram rapidamente quando ele se envolveu no assassinato de Rasputine.

 

Olga com um oficial no iate Standart

 

 Nos inicio de 1914, Olga recebeu a sua primeira proposta de casamento formal. O seu protagonista foi o Príncipe Cristóvão da Grécia, filho de uma Grã-Duquesa russa, que estava de visita a familiares e ficou encantado com o charme e beleza da jovem de 19 anos. O príncipe (de 25 anos) era conhecido pela sua natureza impulsiva e decidiu pedir a mão de Olga ao seu pai. Nicolau riu-se e respondeu que a sua filha era demasiado nova para pensar em casamento.

 

Na verdade, o Czar tinha já planos definidos para a sua filha mais velha. A sua vontade era vê-la casada com o Príncipe Carlos da Roménia (futuro rei Carlos II). Nicolau e Alexandra já tinham convidado os pais dele para visitar Czarskoe Selo e, apesar de nem Carlos nem Olga mostrarem grande interesse um pelo outro, o Czar não perdeu a esperança. Em 1914 a Família Imperial fez uma visita à Roménia a bordo do Iate Imperial. Durante esta visita, Olga fez os possíveis para se manter longe do Príncipe e pouco falou com ele. A mãe de Carlos, a Rainha Maria da Roménia, também não ficou impressionada com Olga, achando-a demasiado brusca e a sua cara redonda “não muito bonita”. A razão principal pela qual Olga rejeitou um possível casamento com Carlos, como mais tarde contou a Gilliard, foi pelo facto de desejar ficar na Rússia e mão ter intenções de mudar de religião.

 

Olga em 1913

 

 

Outra das razões que podem ter levado Olga a recusar um casamento tão cedo pode ter sido um guarda chamado Pavel Voronov pelo qual ela se tinha apaixonado durante o cruzeiro de Verão de 1913. Ela sabia que era um romance sem futuro, mas mesmo assim ficou magoada quando ele se casou alguns meses depois de ambos se terem conhecido. No dia do seu casamento, ela escreveu no diário: “Que Deus te conceda muita felicidade, meu adorado. É triste, incomodativo.”

 

Assim que chegou à idade adulta, as propostas de casamento aumentaram. A Grã-Duquesa Maria Pavlovna, tia do Czar, quis que Olga se casasse com o seu filho Boris, 18 anos mais velho do que ela. Fez uma proposta oficial quando a família estava de férias em Peterhof, mas Alexandra conhecia bem a reputação dele, conhecido por se movimentar em círculos duvidosos de Paris e, com o apoio de Nicolau, recusou a proposta. Maria Pavlovna nunca os perdoou por rejeitar a proposta do filho e considerava as aventuras do filho simples impulsos naturais de um homem solteiro.

 

 

 

Quando a Primeira Guerra Mundial rebentou em Agosto de 1914, a vida de Olga e da família mudou completamente. A Czarina Alexandra sempre se viu como a mãe da nação, por isso sentiu necessidade de abrir e fundear vários hospitais para soldados por toda a cidade. Além disso, juntamente com as duas filhas mais velhas, tirou o curso da Cruz Vermelha e as três tornaram-se enfermeiras. Quando chegavam os feridos do campo de batalha, não lhes era poupado quase nada. Para a sensível Olga era difícil assistir à dor e desperdício da guerra. Nos primeiros tempos assistiu a operações, tratou dos feridos e tentou ajudá-los a esquecer a dor depois dos tratamentos. No entanto, ela era demasiado frágil e não estava preparada para a vida caótica de um hospital. Numa carta ao seu pai, a irmã mais nova de Olga, Maria, contou que ela tinha partido três vidros de uma janela com um guarda-chuva durante um ataque de fúria. No dia 19 de Outubro de 1915 foi-lhe entregue trabalho de escritório no hospital, uma vez que ela estava demasiado cansada e nervosa para continuar o trabalho prático. Durante este período foram-lhe dadas injecções de arsénio, o tratamento da época para depressões ou esgotamentos. A partir daí ela passou apenas a supervisionar o trabalho, uma vez que, segundo relatos de colegas enfermeiras, “ela trabalhou até não ter forças e acabou por ficar nervosa e anémica.”

 

Olga com o uniforme de enfermeira da Cruz Vermelha (1915)

 

 

Apesar do trabalho no hospital ser esgotante, também foi nessa altura que Olga viveu um dos períodos mais felizes da sua vida. De acordo com Valentina Chebotareva (uma enfermeira no mesmo hospital), a Grã-Duquesa apaixonou-se por um dos soldados feridos, chamado Dmitri Chakh-Bagov. A enfermeira acrescentou também que o amor que Olga sentia por ele era “puro, ingénuo e sem espernaças” e ela fez os possíveis para esconder os seus sentimentos de outras pessoas. Olga falava frequentemente com ele ao telefone, ficou deprimida quando ele saiu do hospital e saltava de entusiasmo quando recebia uma carta dele. O soldado adorava-a e dizia muitas vezes que era capaz de matar Rasputine por ela quando ela quisesse. Para além de Dmitri havia um outro soldado (Volodia Volkomski) que se tinha apaixonado por ela.

 

Olga em 1916

 

 

Em finais de Fevereiro de 1917, Olga e o seu irmão mais novo, Alexis, foram os primeiros a sofrer de um ataque de sarampo que contraíram de um dos amigos do Czarevitch. Olga tinha febre alta (à volta dos 39.9º) e rapidamente teve complicações no seu estado de saúde. Devido à sua doença, Olga perdeu o contacto com o mundo exterior e apenas podia adivinhar o que acontecia. No dia 13 de Março de 1917, 11 dias depois do pai ter abdicado do trono da Rússia, um grupo de rebeldes de São Petersburgo decidiu avançar até Czarskoe Selo e ela ouviu os tiros, perguntando à dama-de-companhia da mãe o que se passava. Ela respondeu que não sabia e culpou o barulho no gelo. Olga não ficou convencida e disse: “Mas tens a certeza, Lili? Até a mamã parece nervosa, estamos tão preocupados com o coração dela. De certeza que se está a cansar demais. Diz-lhe para descansar.”

 

Olga durante a doença

 

 

Quando Olga começou a recuperar era tarde demais e a revolução que ela há muito temia que acontecesse estava já numa fase avançada. A família foi condenada a prisão domiciliária no Palácio de Alexandre e, ao contrário das irmãs que se divertiam a trabalhar no jardim, Olga sabia que a situação era delicada. Ela tentou ser paciente e apoiou-se na religião e na família para ultrapassar os tempos dificéis. Durante este período, a Grã-Duquesa perdeu a sua beleza e tinha sempre uma expressão preocupada no rosto. Em apenas alguns meses ela envelheceu e perdeu tanto peso que, perto do final, parecia uma mulher de meia-idade.

 

Depois de a família ser levada para Tobolsk, Alexandra escreveu a uma das suas amigas: “Elas cresceram todas. A Maria está muito mais magra, a quarta está gorda e baixa. A Tatiana ajuda toda a gente em todo o lado, como de costume. A Olga é preguiçosa, mas todas elas são apenas uma em espírito.” Diz-se que pouco antes de abandonar o Palácio de Alexandre, Nicolau deu um pequeno revolver a Olga que ela escondia na bota. Antes de ser transferida para Ekaterinburgo, o Coronel Kobylynsky que se tinha tornado amigo da família, implorou a Olga para que deixasse a arma uma vez que iria, de certeza, ser inspeccionada na nova prisão. Ela seguiu o conselho, mas ficou ainda mais assustada por estar desarmada.

 

 

 

A viagem até Ekaterinburgo foi tudo menos pacífica. Durante a primeira noite, os soldados bêbados entraram na cabina das Grã-Duquesas e provocaram-nas, inspeccionando as suas coisas e gritando palavrões. No dia seguinte, Olga viu um soldado a magoar o pé e tentou ajudá-lo, explicando-lhe que tinha sido enfermeira durante a guerra. Ele recusou, mas mesmo assim ela seguiu-se de perto para se certificar de que ele estava bem.

Da vida de Olga em Ekaterinburgo existem apenas os relatos dos guardas. Um deles escreveu nas suas memórias:

 

“A mais velha, Olga Nikolaevna, estava, como o irmão, pálida e tinha um aspecto doente, mas isso não a impedia de ser energética junto da família. Os olhos dela, na maioria das vezes, pareciam tristes e cansados. Durante os passeios ela afastava-se das irmãs e fixava tristemente a distância. Ela tocava piano com mais frequência do que elas e, quando o fazia, escolhia sempre uma peça triste e melancólica.”

 

Outro disse: “A filha mais velha ficava a maioria do tempo afastada das irmãs mais novas e comportava-se como a arrogante da mãe. Perto do fim era só pele e osso.”

 

 

 Durante a sua estadia na Casa Ipatiev, Olga afastou-se completamente de toda a gente, sabendo bem qual era o verdadeiro objectivo dos bolcheviques. Lia muito, principalmente a Biblia e um livro que lhe tinha sido oferecido durante a infância pela sua tia Irene. Dentro de um outro livro sobre Napoleão, Pierre Gilliard encontrou duas orações escritas por Olga. Uma delas dizia:

 

"Dai-nos, Senhor, a paciência, neste ano de dias de tempestade e cheios de trevas, para conseguirmos sofrer a opressão popular e as torturas dos nossos carrascos. Dai-nos a força, ó Senhor da justiça para perdoarmos o mal dos nossos irmãos e para carregar a Cruz tão pesada e sangrenta, com a tua humildade. Nos dias em que os inimigos nos roubam, que consigamos suportar a vergonha e a humilhação, Cristo, nosso salvador, ajuda-nos. Mestre do mundo, Deus e do Universo, abençoa-nos com rezas e dá às nossas almas o humilde descanso nesta hora horrível e insuportável. No limiar da nossa sepultura, respira para os lábios dos teus humildes escravos força maior do que a força humana - para rezar pelos nossos inimigos."

 

 

Olga foi forçada a assistir à morte da sua adorada irmã Tatiana (que se encontrava ao seu lado) antes de ela própria ser morta com o resto da família, na noite de 17 de Julho de 1918.

 

Já depois da sua morte, Gleb Botkin, filho do médico da família que morreu com eles, escreveu sobre Olga nas suas memórias:

 

 “Era uma leitora ávida e uma poetiza de talento considerável. Apesar da diferença de idades, a Grã-Duquesa Olga era particularmente próxima do meu pai, com quem se sentia livre para discutir qualquer coisa que lhe interessasse. Ela dizia sempre que o meu pai era ‘um poço cheio de ideias profundas’ e até começava as cartas que lhe eram dirigidas por ‘Querido Poço’. A Olga e eu estávamos a trabalhar seriamente na nossa poesia e ela ficou muito interessada nos meus versos. O seu interesse, naturalmente, fez com que eu me aplicasse mais e, partir daí, passei a enviar-lhe todos os poemas que escrevia e ela analisava-os com muito cuidado, dando-me muitos conselhos valiosos e trocando opiniões sobre rimas, ritmos e outros problemas que ocupam as mentes dos poetas. Foi assim que comecei a apreciar o verdadeiro carácter da Olga. Ela era uma pensadora por natureza e, mais tarde, pareceu-me ser a única que compreendia a situação complicada da revolução, talvez até melhor do que os próprios pais. Pelo menos deu-me a impressão de que tinha poucas ilusões para o futuro que lhe estava reservado e, por isso, estava muitas vezes triste e preocupada. Mas havia uma doçura nela que impedia qualquer outro de ficar afectado pelos seus pensamentos, mesmo quando se sentia deprimida.”

 

 

Olga morreu aos 22 anos de idade


publicado por tuga9890 às 13:39
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