Quinta-feira, 9 de Abril de 2009

Czares da Rússia - Alexandre III e Família

 

Nome: Alexandre III da Rússia

Pais: Alexandre II da Rússia e Maria Alexandrovna de Hesse-Darmstadt

Nascimento: 10 de Março de 1845

Reinado: 13 de Março de 1881 - 1 de Novembro de 1894

 

 

Principais Reformas:

 

  • Regresso ao sistema autocrático. Rejeitou o projecto do pai de conceder uma constituição à Rússia, afirmando que o Império nunca funcionaria com os princípios liberais da Europa Ocidental.
  • Iniciou um projecto de unificação de todo o Império Russo, acreditando que deveria existir apenas um governo, uma religião, um povo e uma língua. O Russo tornou-se na língua obrigatória do Império, incluindo nas zonas polacas, alemãs, asiáticas, etc... A religião Ortodoxa recebeu o estatuto de religião única.
  • Perseguições às minorias e opositores do regime através das "Leis de Maio". Judeus e revolucionários são as principais vítimas.
  • Construção da linha transiberiana que levou o comboio a todos os cantos do Império.
  • Reformulação das relações internacionais russas. Afastamento da Alemanha (desde sempre uma aliada russa) e reaproximação da França. Inicio da insolação política russa após a afirmação do czar de que a Rússia "não era um país europeu".
  • O seu reinado ficou, no final, conhecido pelo facto de o Czar não se ter envolvido em nenhum conflito armado.

 

Família:

 

Consorte: Maria Feodorovna (nascida Princesa Maria da Dinamarca).

Filhos: Nicolau II da Rússia

                     Alexandre Alexandrovich Romanov

                Jorge Alexandrovich Romanov

                Xenia Alexandrovna Romanova

                Miguel Alexandrovich Romanov

                Olga Alexandrovna Romanova


Curiosidade: Alexandre III formou uma banda musical com alguns dos seus primos mais novos. Mantinham ensaios regulares quando o Czar não estava ocupado com assuntos de estado, mas eles eram constantemente interrompidos pela personalidade autoritária de Alexandre que mudava constantemente as pautas e o instrumentos que cada um deveria tocar. Costumavam actuar nos bailes da esposa do Czar e as constantes mudanças acabavam por resultar numa actuação muito pouco talentosa que enviava todos os convidados embora.

 

Causa de Morte: Uma infecção grave nos rins.


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Quinta-feira, 4 de Setembro de 2008

Biografia - Irina Alexandrovna

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A Princesa Irina Alexandrovna, nascida no dia 15 de Julho de 1895 em Peterhof na Rússia, foi a filha mais velha e única rapariga nascida do Grão-Duque Alexandre Mikhailovich (neto do Czar Nicolau I) e da sua esposa Xenia Alexandrovna (irmã mais nova do Czar Nicolau II). Era também a única sobrinha de Nicolau II e casou-se com o Príncipe Félix Yussupov, um dos assassinos de Rasputine, em 1914.

 

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Irina com a sua mãe Xenia

 

Antes do seu casamento no dia 22 de Fevereiro de 1914, Irina, filha mais velha e única rapariga de sete crianças, era considerada a mulher mais elegível da Rússia Imperial. A sua família passou longos períodos a viver no Sul de França depois de 1906 devido ao desacordo político entre o seu pai Alexandre (conhecido na família por “Sandro”) e o seu tio, o Czar Nicolau II. O seu pai mantinha um caso amoroso com uma mulher dessa região e pediu várias vezes o divórcio à sua mãe, mas ela recusou sempre. Xenia, por seu lado, também mantinha vários amantes. Os pais de Irina tentaram esconder o seu casamento infeliz dos seus sete filhos, por isso os irmãos tiveram uma infância feliz.

 

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Irina com o pai Alexandre

 

Em criança, Irina era tímida e muito pouco faladora, com olhos azul-escuros e cabelo negro. Era frequentemente chamada de Iréne, a versão francesa do seu nome, ou Irene, a versão inglesa, enquanto que a sua mãe lhe chamava de “Bebé Rina”. Como passaram a maior parte da infância no estrangeiro, Irina e os seus irmãos falavam melhor Francês e Inglês do que Russo e por isso utilizavam as versões francesas e inglesas dos seus nomes quando falavam entre si.

 

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Irina com o seu irmão Nikita

 

O seu futuro marido, Félix Yussupov, era um homem de muitas contradições. Vinha de uma das famílias mais ricas da Rússia, gostava de se vestir com roupas de mulher e tinha relações sexuais com homens e mulheres que escandalizavam a sociedade, no entanto, ao mesmo tempo, era um homem religioso que gostava de ajudar os outros para além das suas posses. A certa altura, no meio de uma onda de entusiasmo, planeou dar todas a sua fortuna aos pobres para imitar a sua mentora, a Grã-Duquesa Isabel Feodorovna. “As ideias do Félix são absolutamente revolucionárias,” escreveu a Czarina Alexandra Feodorovna com desagrado. Ele foi persuadido a não oferecer todo o seu dinheiro pela mãe, Zenaide, que lhe disse que ele tinha o dever de casar e dar continuidade à linha familiar, uma vez que era filho único. O futuro assassino de Rasputine tinha também um medo obsessivo da violência das guerras.

 

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Irina com o seu marido, Félix Yussupov

 

Félix, com as suas inclinações homossexuais, não era, certamente, “próprio para casar”. Mesmo assim, sentiu-se atraído por Irina quando a conheceu pela primeira vez. “Um dia quando estava a cavalgar conheci uma jovem muito bonita que estava acompanhada por uma senhora mais velha. Os nossos olhos cruzaram-se e ela impressionou-me tanto que eu parei o meu cavalo e fiquei a olhar para ela enquanto a via afastar-se,” escreveu ele nas suas memórias. Um dia, em 1910, ele recebeu uma visita do Grão-Duque Alexandre Mikhailovich e da Grã-Duquesa Xenia Alexandrovna e ficou feliz quando descobriu que a rapariga que tinha visto no seu passeio a cavalo era a única filha do casal, Irina. “Desta vez tive muito tempo para admirar a beleza magnífica da rapariga que, eventualmente, se tornaria na minha mulher e companheira de uma vida. Ela tinha feições bonitas, cabelo encaracolado e parecia-se muito com o pai.”

 

 

Irina (direita) com as primas Olga e Tatiana Nikolaevna

 

Ele voltou a encontrar-se com Irina em 1913 e sentiu-se ainda mais ligado a ela. “Ela era muito tímida e reservada, o que adicionava um certo mistério ao seu charme. Pouco a pouco a Irina tornou-se menos tímida. No princípio os olhos dela eram mais eloquentes do que a conversa, mas, quando ela se tornou mais aberta, aprendi a admirar o entusiasmo da sua inteligência e as suas opiniões. Não lhe escondi nada do meu passado e, longe de ficar perturbada pelo que lhe disse, ela mostrou grande tolerância e compreensão.” Yussupov escreveu também que, talvez devido ao facto de ter crescido com tantos irmãos, Irina não demonstrava qualquer artimanha ou falta de honestidade que o tinham afastado de outras relações com mulheres.

 
 
Félix e Irina em 1914
 

Apesar de Irina ser compreensiva em relação ao passado de Félix, os seus pais não eram. Quando eles e a sua avó materna, a Imperatriz Maria Feodorovna, souberam dos rumores ligados ao passado pouco próprio do Príncipe Yussupov quiseram cancelar o casamento. A maioria dos rumores que lhes tinham chegado aos ouvidos vinham do Grão-Duque Dmitri Pavlovich, primo de Irina, que era um dos amigos mais próximos de Félix e, segundo especulações da época, terá tido um caso amoroso com ele. Dmitri disse a Félix que ele também estava interessado em casar com Irina, mas ela disse preferir Félix. O seu futuro marido também conseguiu persuadir os seus pais relutantes a não cancelar a cerimónia e conseguiu convencê-los.

 

 

O casamento foi o acontecimento social do ano de 1914 e a última grande demonstração do poderio da corte russa. Irina usou um vestido do século XX em vez do tradicional vestido da Corte que outras noivas Romanov tinham usado para os seus casamentos. Ele teve a liberdade de o fazer uma vez que era apenas uma Princesa e não uma Grã-Duquesa.

 

Acompanhou-o com uma tiara de diamante e cristal trabalhado e um véu que pertencera a Maria Antonieta. Os convidados acharam que ambos faziam o casal perfeito e não se cansaram de falar das suas roupas, postura e alegria. Irina foi levada ao altar pelo seu tio, Nicolau II, e o presente de casamento do Czar foi um saco de veludo com 29 diamantes inteiros que variavam entre os três e os sete quilates. Irina e Felix também receberam uma variada colecção de pedras preciosas de outros convidados do casamento. Mais tarde eles conseguiram retirar os diamantes do país após a Revolução Russa de 1917 e venderam-nos para conseguir dinheiro na sua nova vida.

 

Félix e Irina no dia do casamento

 

Os Yussupov estavam em lua-de-mel pela Europa e Médio Oriente quando rebentou a Primeira Guerra Mundial. O casal ficou brevemente detido em Berlim depois do inicio das hostilidades e Irina teve de pedir à sua prima Cecília da Prússia para intervir junto do seu sogro, o Kaiser Guilherme II, para poderem abandonar o país e chegar à Rússia. O Kaiser recusou o pedido, mas deu-lhes a escolha de ficar na Alemanha numa de três propriedades que lhes oferecia. O pai de Félix fez um pedido ao embaixador da Espanha e o casal conseguiu regressar.

 

Félix transformou uma ala do seu Palácio de Moika num hospital militar, mas conseguiu escapar ao serviço militar devido a uma lei que dava a escolha aos filhos únicos de ir para o campo de batalha ou ficar em casa. Mesmo assim ele entrou nos Cadetes onde teve uma formação militar embora nunca fosse sua intenção alistar-se no exército.

 

 

 

 

Tanto Irina como Félix estavam conscientes de que os rumores escândalos que circulavam sobre a associação de Rasputine com a família imperial estavam a agravar a situação política e traziam consigo mais motins, manifestações e violência. Yussupov e os seus amigos conspiradores (que incluíam o Grão-Duque Dmitri Pavlovich) decidiram que Rasputine estava a arruinar o país e, por isso, deveria ser morto. Félix começou a visitar o monge com frequência numa tentativa de ganhar a sua confiança. Diz-se que ele conseguiu um encontro com Rasputine dizendo que necessitava da sua ajuda para ultrapassar os seus impulsos homossexuais e satisfazer Irina no seu casamento.

 

A 16 de Dezembro de 1916, a noite do assassínio, Félix convidou Rasputine para jantar na sua residência. O monge sempre demonstrara interesse em conhecer a bonita Irina de 21 anos, por isso Félix disse que ela estaria presente e o apresentaria à sua esposa. Irina, no entanto, estava a fazer uma visita aos pais e irmãos na Crimeia. A sobrinha do Czar sabia dos planos de Félix para eliminar o monge e pode até, a princípio, ter sido uma das escolhidas para realizar o assassínio. “Também tens de participar,” escreveu-lhe Félix algumas semanas antes, “o Dmitri Pavlovich já sabe de tudo e está a ajudar. Tudo vai acontecer em meados de Dezembro quando ele regressar.”

 

 

 

Em finais de Novembro de 1916, Irina escreveu a Félix: “Obrigada pela tua carta louca. Não entendi metade dela. Vejo que estás a planear fazer algo selvagem. Por favor tem cuidado e não te metas em nenhum negócio sombrio. O pior de tudo é que decidiste fazer tudo sem me consultar. Não vejo como posso participar agora visto que já está tudo planeado… Numa palavra, cuidado. Percebi pela tua carta que estás num estado de entusiasmo selvagem e pronto para trepar paredes. (…) Vou chegar a Petrogrado no dia 12 ou 13, por isso não te atrevas a fazer alguma coisa sem mim ou então nem sequer saio daqui.” 


Félix respondeu no dia 27 de Novembro de 1916: “A tua presença em meados de Dezembro é essencial. O plano sobre o qual te estou a escrever foi elaborado com grande detalhe e está quase pronto, só falta a conclusão, pelo que a tua chegada é esperada. (o assassínio) É a única maneira de salvar a situação que se tornou quase desesperante (…) Tu vais servir de isco (…) Claro que não deves dizer nada a ninguém.”


Irina, assustada com a dimensão dos planos, recuou no dia 3 de Dezembro de 1916. “Eu sei que se voltar vou ficar doente (…). Não sabes como são as coisas. Quero chorar todo o dia. A minha disposição está horrível. Nunca estive assim (…). Nem eu sei o que se passa comigo. Não me arrastes para Petrogrado. Vem tu ter comigo. Perdoa-me, meu querido, por te escrever estas coisas. Mas eu já não consigo continuar, não sei o que se passa comigo. Talvez seja uma crise nervosa. Não te zangues comigo, por favor não te zangues. Amo-te muito. Não posso viver sem ti. Que o Senhor te proteja.”

 

 

 

No dia 9 de Dezembro de 1916, Irina voltou a avisar Félix, contando-lhe sobre uma conversa que tinha tido com a filha de 21 meses: “Algo incompreensível tem-se passado com a Bebé. Há duas noites atrás ela não conseguia dormir e estava sempre a repetir, ‘Guerra, ama, guerra!’ No dia seguinte perguntaram-lhe, ‘Guerra ou Paz?’ e a Bebé respondeu, ‘Guerra!’ No dia seguinte eu disse-lhe para dizer ‘Paz’ e ela olhou para mim e respondeu, ‘Guerra!’ É muito estranho.”

 

Os pedidos de Irina de nada serviram. O seu marido e os seus amigos avançaram com o plano sem ela. Depois do assassínio de Rasputine, o Czar exilou Yussupov e Dmitri Pavlovich. Félix e a sua família foram enviados para Rakitnoe, uma casa de campo remota pertencente aos Yussupov que ficava na Rússia Central. Dmitri foi enviado para a frente de combate na Pérsia com o exército. Dezasseis membros da família assinaram uma carta onde pediam ao Czar para reconsiderar a sua decisão devido à fraca saúde de Dmitri, mas Nicolau II recusou a proposta. “Ninguém tem o direito de matar considerando apenas o seu próprio julgamento,” escreveu Nicolau. “Eu sei que há muitos outros para além do Dmitri Pavlovich cujas consciências não lhes dão descanso por estarem comprometidas. Estou abismado por me pedirem tal coisa.”

 

 Irina com a filha e o pai Sandro

 

O pai de Irina, Sandro, visitou o casal em Rakitnoe em Fevereiro de 1917 e achou o ambiente “animado, mas revolucionário.” Félix ainda esperava que o Czar e o governo russo respondessem à morte de Rasputine tomando passos para controlar a crescente agitação política. Féliz recusou-se a deixar Irina juntar-se à sua mãe em Petrogrado por considerar a cidade demasiado perigosa. O Czar abdicou no inicio de Março e tanto ele como a sua família foram presos e, eventualmente, executados pelos bolcheviques. A decisão do Czar de exilar Félix e Dmitri foi a sua salvação, visto que fizeram parte dos poucos membros da família que conseguiram escapar à onda de execuções dos Romanov que se seguiu à revolução.

 

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Após a Revolução Russa de 1917, Irina, Féliz e a sua pequena filha passaram a residir em Ai Todor, na Crimeia, numa propriedade que pertencia ao pai de Irina. A sobrinha do Czar tinha permissão para se deslocar livremente (ao contrário dos seus parentes) devido ao facto de ter renunciado os seus direitos ao trono quando se casou com Félix. Contudo a família vivia num estado de incerteza constante. Tal como a maioria dos membros da família Romanov que se encontrava na Crimeia, a família Yussupov fugiu da Rússia a bordo de um navio militar britânico enviado pelo rei Jorge V no dia 7 de Abril de 1919.

 

Félix Yussupov gostava de se gabar sobre o assassínio de Rasputine durante a viagem até Inglaterra. Um dos oficiais britânicos reparou que Irina “parecia tímida e recatada a principio, mas bastava falar sobre a sua pequena filha para a fazer esquecer as suas reservas e descobrir que também ela era muito cativante e falava inglês fluentemente.”

 

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Durante o exílio na Inglaterra, Irina e Félix viveram melhor do que a maioria dos emigrantes da revolução russa. Durante algum tempo o casal teve uma boutique chamada “Irfe” (as duas inicias dos seus nomes). A própria Irina serviu de modelo para alguns dos vestidos que tanto o casal como outros estilistas criaram. Mais tarde eles sustentaram-se a partir dos vários processos que ganharam contra editoras e estúdios cinematográficos que, através de livros ou filmes, consideravam estar a denegrir a sua imagem. O mais famoso e rentável foi o processo movido contra a MGM após do lançamento do filme “Rasputin and the Empress” em 1932. No filme, um Rasputine luxurioso seduz a única sobrinha do Czar, chamada de “Princesa Natasha” pelos produtores. O processo foi concluído em 1934 com a vitória dos Yussupov. Outra fonte de rendimento foram as memórias escritas por Félix que continuava a ser famoso por ter assassinado Rasputine.

 

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Félix e Irina a analisar imagens do filme "Rasputin and the Empress"

 

A filha do casal foi maioritariamente criada pelos avós paternos até aos 9 anos de idade e foi muito mimada por eles. A sua educação instável fez com que se tornasse “caprichosa”, de acordo com Félix. Tanto ele como Irina (ambos criados maioritariamente por amas) não se sentiam capazes de criar a filha sozinhos. A única filha do casal adorava o pai, mas tinha uma relação distante com a mãe.

 

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Félix e a filha Irina
 

Félix e Irina eram mais próximos um do outro do que alguma vez foram da filha e tiveram um casamento feliz que durou mais de 50 anos. Quando Félix morreu em 1967, Irina ficou irremediavelmente deprimida e acabou por morrer apenas três anos mais tarde com 75 anos de idade.

 

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Irina no funeral de Félix

 

 

 


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Sábado, 12 de Julho de 2008

Biografia Xenia Alexandrovna

A Grã-Duquesa Xenia da Rússia nasceu às quatro da manhã do dia 6 de Abril de 1875 no Palácio de Anichkov em São Petersburgo. O seu pai era o Imperiador Alexandre III da Rússia e a sua mãe a Imperatriz Maria Feodorovna da Rússia.

 

O seu avô paterno, o Imperador Alexandre II da Rússia ficou encantado com o nascimento da sua nova neta, tal como demonstram as palavras do seu manifesto anunciando o seu nascimento. “No 25º dia do presente mês de Março [a Rússia utilizava um calendário diferente] a nossa adorada nora, Sua Alteza Imperial, a Czarena, esposa de Sua Alteza Imperial, o Czarevitch, trouxe a este mundo uma filha que recebeu o nome de Xenia. Recebemos este novo membro da família com uma nova graça de intervenção divina.”

 

Xenia no colo do pai Alexandre III

 

A pequena Xenia foi baptizada no dia de aniversário do seu avô a 17 de Abril de 1875 na capela do Palácio de Inverno. A pequena Grã-Duquesa usou um vestido de baptizado feito pela sua mãe de algodão e renda. Tinha um babete removível com o símbolo da família Romanov bordado e uma coroa imperial. Os padrinhos de Xenia foram a sua avó paterna, a Imperatriz Maria Alexandrovna da Rússia, o seu avô materno, o Rei Cristiano IX da Dinamarca, o irmão do pai, Grão-Duque Vladimir Alexandrovich e a irmã mais nova da mãe, a Princesa Thyra da Dinamarca (mais tarde Duquesa de Cumberland).

 

Xenia em 1876

 

A tia de Xenia, a Princesa de Gales (mais tarde Rainha Alexandra do Reino Unido) escreveu à mãe da bebé, sua irmã, “Graças a Deus que está tudo acabado e que passaste por tudo bem e que tens uma menina!!! Sofreste muito? Minha pobrezinha Minny – ou tiveste de beber um pouco de Clorofórnio desta vez? Afinal prometeste-me que o farias… Xenia ou lá como se chama a criança, sim é um nome muito bonito, quem se lembrou dele?” A tia de Xenia, Alexandra manteria sempre um grande interesse na sua sobrinha, uma vez que esta nasceu no mesmo dia que o seu filho, o Príncipe John, que morreu 24 horas depois. A prova está na grande quantidade de presentes que lhe enviava de Inglaterra. Alexandra chamava à sua sobrinha Xenie.

 

Xenia com 2 anos de idade

 

Xenia tinha dois irmãos mais velhos, o futuro Imperador Nicolau II e o Grão-Duque Jorge Alexandrovich, bem como dois irmãos mais novos, o Grão-Duque Miguel Alexandrovich (que foi durante um breve período de tempo o Imperador Miguel II da Rússia) e a Grã-Duquesa Olga Alexandrovna. Xenia e os irmãos foram criados de forma simples, principalmente no Palácio de Gatchina. Quando era mais nova, Xenia era uma “maria-rapaz” e muito tímida.

 

Xenia durante a infância

 

Em Fevereiro de 1880, um grupo de niilistas conseguiu entrar no Palácio de Inverno e colocaram uma bomba na sala de jantar da família. A bomba explodiu e causou grandes danos, mas felizmente a família tinha atrasado o jantar e ninguém ficou ferido. O pai de Xenia enviou-a a ela e aos irmãos imediatamente para o Palácio de Yelagin onde estariam em segurança. A mãe de Xenia escreveu à sua mãe na Dinamarca, “As pobres crianças estão felizes por estar fora da cidade e a aproveitar este lugar.”

 



 Tragicamente, no dia 13 de Março de 1881, quando tinha 6 anos, Xenia testemunhou a morte do seu avô Alexandre II que foi assassinado por um revolucionário numa explosão. O seu pai ascendeu ao trono e tornou-se o Czar Alexandre III. O novo Czar não perdeu tempo e mudou toda a família do perigo de São Petersburgo para a segurança e conforto do Palácio de Gatchina. Gatchina era um vasto palácio com torres, muros altos e alta segurança que ficava a 48 quilómetros de São Petersburgo. Antes de se tornar na casa de Alexandre III e da sua família, pertenceu a Paulo I. Alexandre e a família escolheram viver numa das alas do palácio, no andar mezzanino. Infelizmente os seus quartos foram destruídos durante a invasão Nazi da Rússia, O quarto de Xenia era simples, tal como os dos seus irmãos e também ela dormia numa cama amovível. Mas ela tinha um pouco mais de conforto com um quarto de vestir e cadeiras confortáveis.

 

Palácio de Gatchina

 

Xenia, como os seus irmãos, recebeu uma boa educação de tutores privados com especial atenção para a aprendizagem de línguas estrangeiras. Além do Russo nativo, Xenia aprendeu Inglês, Francês e Alemão. Surpreendentemente, Xenia nunca soube falar a língua nativa da mãe, Dinamarquês. Os seus pais eram grandes defensores da utilização construtiva do tempo livre. Xenia divertiu-se enquanto criança aprendendo culinária, trabalhos manuais e como fazer fantoches para os teatros das crianças, incluindo as roupas. Ela também gostava de jogar jogos com os irmãos e também de cavalgar e pescar no lago do palácio. Xenia escreveu, “A mamã e eu fomos ao Admirador [edifício da marinha em São Petersburgo] onde alimentamos patos e depois, levamos um marinheiro e ele pescou connosco. Começamos na Moya e acabamos na ponte grande perto de Menagerie onde fomos para terra e começamos a escolher o ângulo. Foi muito divertido!”

Xenia com a mãe, Maria Feodorovna

 

Xenia também gostava de desenhar, de ginástica e de tocar piano. A Religião também era muito importante. Xenia realizou a sua Primeira Comunhão em 1883. Sobre a ocasião, a sua mãe escreveu, “Ela esteve muito séria durante toda a sexta-feira e qualquer um percebia que ela estava a pensar muito sobre isso.” Mais tarde, nesse mesmo ano, Xenia esteve presente na coroação dos pais no Kremlin de Moscovo. A sua mãe perguntou às filhas sobre a experiência do seu primeiro evento social, “ela não sabia muito bem – ela não falou e olhou para tudo e curvou-se perante todas as pessoas, como fazia.” Mais tarde nesse ano acompanhou os pais a Copenhaga para a consagração da nova Igreja Ortodoxa em Bredgado.

 

Olga Alexandrovna, Maria Feodorovna e Xenia Alexandrovna

 

Xenia, como o resto da família, gostava particularmente das férias de Verão “fora da prisão” na Rússia para o país natal da mãe, a Dinamarca. As reuniões de família em casa dos seus avós maternos (o Palácio de Fredensborg) eram ocasiões divertidas e barulhentas e era frequente ela juntar-se aos seus primos mais novos para andar de patins. Foi em ocasiões deste tipo que ela conheceu a sua amiga de uma vida inteira, a Princesa Maria da Grécia, filha do rei Jorge I da Grécia.

 

O pai de Xenia gostava tanto de Fredensborg que comprou uma casa modesta mesmo à saída dos portões do palácio em 1885. Quanto a Xenia, era muito conhecida na Dinamarca ao ponto de o compositor Valdemar Vater lhe ter prestado um tributo escrevendo o “Polka Mazuraka de Xenia”. Além das visitas à Dinamarca, a família de Xenia adorava refugiar-se no seu iate para a costa finlandesa. Em 1889, o governo finlandês ofereceu uma casa de Verão ao Czar em Langinkoski. Aí eles costumavam pescar salmão no rio Kymi enquanto a mãe cozinhava sopa de salmão na cozinha.

 

Xenia (à direita) com a sua prima Maria da Grécia

 

Em 1884, o Grão-Duque Luís IV de Hesse fez uma visita ao Palácio de Peterhof juntamente com a sua família para o casamento da sua segunda filha, Ella com o tio de Xenia, o Grão-Duque Sergei Alexandrovich da Rússia. Foi a primeira vez que Xenia viu a sua futura cunhada Alexandra Feodorovna que na altura tinha 12 anos e ainda se chamava Alice. As duas deram-se muito bem e brincaram juntas durante muito tempo. A sua nova tia Ella também criou um laço muito especial com Xenia e com o seu irmão Nicolau. Em 1888, Xenia e Alexandra começaram a escrever uma à outra. Xenia era a “galinha” e Alexandra a “velha hen”.

 

Xenia com 16 anos

 

Xenia e a sua família viviam em constante medo de morte às mãos dos terroristas. Em 1887, quando a família estava prestes a entrar num comboio para fazer a viagem de regresso a Gatchina de São Petersburgo, o seu pai foi informado de que vários estudantes tinham sido detidos por transportarem livros que continham bombas e que tinham como objectivo ser atiradas à família imperial. Um dos cinco terroristas enforcados em resultado desta tentativa de assassinato foi Alexandre Illyich Ulyanov, irmão mais velho de Vladimir Lenine. Em Outubro de 1888, a família estava a viajar do Cáucaso quando, subitamente, o comboio onde seguiam descarrilou. Xenia foi a primeira a sair dos destroços. O seu pai tinha conseguido manter o tecto da carruagem suficientemente alto para que todos conseguissem rastejar para fora. Apesar de a culpa do acidente se prender com problemas técnicos, nunca foi excluída a hipótese de que uma bomba tinha sido escondida no comboio.

 

Xenia (ultima da direita) com a família

 

Xenia e o seu primo, o Grão-Duque Alexandre Mikhailovich, brincavam juntos desde a infância e a sua relação começou como sendo simplesmente amigos. Quando chegou à adolescência, Xenia apaixonou-se pelo seu primo 9 anos mais velho que era um grande amigo do seu irmão Nicolau. Em 1886, quando Alexandre de 20 anos estava a servir na marinha, Xenia de 11 anos enviou-lhe um postal quando o seu navio se encontrava no Brasil, “Felicidades e volta depressa! A tua marinheira, Xenia.” Em 1889, Alexandre escreveu sobre Xenia, “Ela tem 14 anos. Acho que gosta de mim.”

 

Xenia e Alexandre queriam casar-se desde quando ela tinha 15 anos. Foi uma atracção na qual os seus pais não estavam inclinados para confiar, uma vez que Xenia era muito nova e eles não tinham a certeza sobre a personalidade de Alexandre. Finalmente, em Janeiro de 1894, os pais de Xenia aceitaram o noivado depois do pai dele, o Grão-Duque Miguel Nikolaievich, intervir, apesar da Czarina Maria Feodorovna se queixar da arrogância e falta de educação de Alexandre. O casal casou-se no dia 6 de Agosto de 1894 no Palácio de Peterhof e a sua prima Maude, futura rainha da Noruega, comentou sobre a ocasião: “A pequena Xenia estava muito querida como noiva, foi um dia esgotante para ela. Teve de pôr a coroa e a tiara antes de todas nós (…) O calor na igreja era insuportável uma vez que havia velas e candelabros e demasiada gente para um espaço tão pequeno. Podes imaginar como foi desconfortável – a cerimónia durou quase duas horas.” A irmã mais nova de Xenia, Olga, escreveu sobre a alegria do seu casamento, “O Imperador estava tão feliz. Foi a última vez que o vi assim.”

 

Eles passaram a noite de núpcias no Palácio de Ropsha e a lua-de-mel em Ai-Todor (a propriedade de Alexandre na Crimeia). Durante a lua-de-mel, o pai de Xenia começou a adoecer e morreu no dia 1 de Novembro de 1894. Xenia escreveu sobre a triste perda do seu pai, “Ainda não acredito. Parece impossível que o nosso adorado anjo tenha partido e deixado a sua pobre e miserável família de coração partido e a chorar por ele. Mas ele está feliz agora. Deus não queria que ele sofresse mais.” Com a morte do seu pai, o seu irmão mais velho, Nicolau, herdou a coroa e tornou-se o Czar Nicolau II.

 

Xenia com o marido Alexandre em 1894

 

Xenia e Alexandre tiveram sete filhos juntos:

 

·         Princesa Irina Alexandrovna (1895 – 1970)

·         Príncipe Andrei Alexandrovich (1897-1981)

·         Príncipe Feodor Alexandrovich (1898-1968)

·         Príncipe Nikita Alexandrovich (1900-1974)

·         Príncipe Dimitri Alexandovich (1901-1980)

·         Príncipe Rostislav Alexandrovich (1902-1978)

·         Príncipe Vasil Alexandrovich (1907-1989)

 

 

Um dos descendentes de Xenia poderia ser actualmente o líder da Família Romanov, mas todos os seus filhos tiveram casamentos inválidos, por isso, se a monarquia voltasse à Rússia, nenhum deles poderia subir ao trono.

 

Em 1913, a filha de Xenia, Iria, expressou a sua vontade de se casar com o Príncipe Felix Yussupov, herdeiro da maior fortuna privada da Rússia. Felix tinha decidido que Irina seria uma esposa perfeita, mas Xenia não ficou feliz com a perspectiva de aceitar o casamento da sua única filha com ele devido à sua reputação duvidável. Chegaram a aparecer rumores de que ele teve um caso com o Grão-Duque Dimitri Pavlovich da Rússia. Maria Feodorovna tinha ouvido estes rumores e pediu uma reunião com ele. Ela terá dito, “Não te preocupes, eu farei tudo o que estiver ao meu alcance pela tua felicidade.” A única filha de Xenia casou-se no dia 9 de Fevreiro de 1914 na presença do Czar que a levou até ao altar.

 

Xenia com o seu marido e filhos

 

Infelizmente a atracção romântica entre Xenia e o seu marido não durou muito. Durante a última gravidez de Xenia em 1907, Alexandre teve um caso com uma mulher identificada como “Maria Ivanovna” enquanto estava em Biarritz. Um ano depois também Xenia começou um caso com um inglês a quem chamava “Fane” e apenas se referia a ele como “F” nos seus diários. Eles trocaram correspondência até ao inicio da Primeira Guerra Mundial. Depois de Alexandre e Xenia admitirem os casos um ao outro o seu casamento entrou em crise. Apesar de ainda se sentirem apaixonados um pelo outro, começaram a dormir em quartos separados e começaram a levar vidas diferentes. A sua cunhada, a Imperatriz Alexandra Feodorovna comentou sobre o casamento, “Coitada da Xenia, com filhos tão bonitos e a com a filha casada com aquela família imoral – e com um marido tão falso.” Antes da revolução, Alexandre tinha-se desencantado com o rumo da Rússia e com a vida na Corte. Tanto ele como Xenia passavam a maior parte do tempo fora do país, mas ambos regressaram antes do inicio da Primeira Guerra Mundial. Depois da revolução, ambos se separaram e conseguíram escapar da Rússia.

 

 

Como se viu anteriormente, Xenia tinha uma relação próxima com o seu irmão e a esposa antes de eles se casarem. Quando Nicolau e Alexandre se mudaram para o Palácio de Inverno depois do casamento, Xenia e Alexandre (conhecido na família como Sandro) passavam longas noites juntos na sala de entretenimento. Alexandra estava isolada do resto da família Romanov e, além das suas duas cunhadas, Xenia e Olga, apenas a Rainha Olga da Grécia a tentava compreender. Eventualmente um grande ressentimento começou a crescer entre Xenia e Alexandra devido ao facto de a primeira, para além da primeira filha, Irina, ter dado à luz apenas rapazes saudáveis. Em contraste, Alexandra tinha quatro filhas seguidas e nenhum herdeiro masculino.

 

Em 1902, toda a família imperial russa esperava desesperadamente o nascimento de um herdeiro. Xenia escreveu que, nesse ano, Alexandra teve “um pequeno aborto – se lhe podemos chamar um aborto de todo! Apenas saiu um pequeno óvulo!” Alexandra acreditava que estava grávida devido à influência maligna de um charlatão francês chamado Philippe Nizier-Vachot. Vachot tinha convencido a impressionável e desesperada Czarina de que ela estava grávida de um rapaz. Xenia estava preocupada e contou à dama-de-companhia da mãe, “Ainda não consegui chegar perto de encontrar a origem do misterioso, senão falso, Phillipe.”

 

Finalmente, em Julho de 1904, Alexandra deu à luz um rapaz, Alexis Nikolaievich. A alegria depressa se transformou em desespero quando em Setembro o pequeno Czarevich começou a sangrar do umbigo. Alguns meses mais tarde foi confirmado que o bebé sofria de Hemofilia. O filho doente de Alexandra e os rapazes saudáveis de Xenia eram, na cabeça da Imperatriz, um antagonismo constante. Xenia nunca soubre a verdade sobre os pensamentos de Alexandra durante muitos anos. Infelizmente o nascimento de Alexis resultou no controlo completo da Czarina sobre o seu marido. A chegada de Rasputine também causou tensões. Tal como o resto da família, Xenia era muito céptica em relação aos supostos poderes do “sinistro Gregório”.

 

Irina (2º da esquerda) com a filha Irina nos braços.

 

Em 1911, para a desilusão de Xenia, Alexandra estava a pedir a Rasputine para avaliar os potenciais ministros. Num jantar com a sua mãe, o monge siberiano foi o único tema da conversa. Maria Feodorovna foi falar com o seu filho sobre ele e Ella tinha também mostrado preocupação em relação à sua influência com a irmã. Ela escreveu em desespero a Xenia: “Qualquer um sente uma atmosfera demoníaca de má disposição e nojo e intriga como se uma onda negra estivesse a afectar todos que acreditam neste profeta falso. Que Deus nos ajude e ouça as nossas orações. Foi apenas em 1912 que Xenia descobriu através da sua irmã Olga que Alexis tinha Hemofilia. A relação de Xenia e Alexandra sofreu um novo e duro golpe, mas ela continuou muito ligada ao seu irmão. Nicolau visitava-a frequentemente quando estava na Crimeia e ela dava longos passeios com as suas sobrinhas Olga e Tatiana. A sua cunhada raramente a visitava.

 

Xenia pouco antes da Primeira Guerra Mundial

 

Além de Nicolau, Xenia era dedicada aos seus outros irmãos, o Grão-Duque Jorge Alexandrovich e o Grão-Duque Miguel Alexandrovich. Ambos estavam destinados a morrer tragicamente antes dela. Jorge morreu de Tuberculose em 1899 e Miguel foi brutalmente assassinado em Perm em 1918. A morte de Jorge, embora esperada, foi traumática, uma vez que agora o seu irmão Miguel estava mais perto do trono. Sem nenhum homem de Nicolau e Alexandra, se ambos os seus irmãos morressem, o trono seria entregue ao Grão-Duque Vladimir Alexandrovich.

 

Xenia tinha esperança de que Miguel se casasse e partilhasse a sua tristeza quando surgiu a hipótese de uma união entre ele e a Princesa Beatriz de Save-Coburgo e Gotha, mas esta foi negada pela igreja. O nascimento de um rapaz de Nicolau e Alexandra trouxe alivio a ambos os irmãos. Por não poder casar com a Princesa que queria e já não sendo Czarevich, Miguel queria ter uma relação feliz. Isto levou a que se separasse da sua família quando se casou com Natasha Sergeyevna sem a permissão do Czar. O casal foi exilado como castigo. Xenia não descriminou o irmão pela sua escolha, uma vez que ela própria estava a passar por dificuldades no seu casamento e compreendia a sua atitude. Ela recebeu Miguel e a sua esposa em Cannes em 1913 e tentou convencer Nicolau a perdoá-lo. Mais tarde o Czar permitiu a entrada de Miguel na Rússia, mas sem a sua esposa. Xenia também conseguiu acalmar a sua mãe e, finalmente em Julho desse mesmo ano, Maria Feodorovna aceitou encontrar-se com Miguel e até recebeu a sua esposa Natasha.

 

 

Como outros membros da família, Xenia estava grata por o seu pai ter mantido a Rússia fora de guerras. No dia 25 de Janeiro de 1904, Xenia escreveu no seu diário, “Foi declarada guerra! Que Deus nos ajude!” A Rússia estava então em guerra com o Japão. No mês anterior, Xenia tinha mencionado ao ministro da guerra que não haveria guerra pois o seu irmão não queria guerra. Ela disse que, “não havia razão para lutar contra o Japão e a Rússia não precisava da Coreia”. O ministro da guerra confessou tristemente que a Rússia não seria capaz de controlar a situação.

 

Em Fevreiro de 1905, o tio de Xenia, o Grão-Duque Sergei foi morto por uma bomba em Moscovo. Xenia quis ir para o lado de Ella, mas disseram-lhe que a situação era demasiado perigosa. Pouco depois soube-se da derrota da Rússia na Coreia. “Que terrível! Que pesadelo! Porquê, porque estamos a ser castigados por Deus?! Estou a caminhar como se estivesse a sonhar, incapaz de compreender o que se passa”, escreveu ela. Xenia tinha-se mostrado contra a guerra e acrescentou a sua opinião, “Um fim ainda mais estúpido!” Na altura ela encontrava-se na Crimeia com o seu marido e filhos e ficou aterrorizada. Em Outubro, o seu irmão foi obrigado a concordar com a formação de uma Duma. Alguns membros da família viram isto como o fim da autocracia na Rússia. O seu marido demitiu-se da sua posição no Ministério da Marinha Mercante e a família passou o Natal em Ai-Todor na Crimeia por ser perigoso viajar para Norte.

 

 

O rebentar da Primeira Guerra Mundial apanhou Xenia e a sua mãe desprevenidas. A primeira estava na França e a segunda em Londres. As duas combinaram encontrar-se em Calais onde o comboio privado de Maria Feodorovna estava à espera para as levar para a Rússia. Elas estavam confiantes de que o Kaiser as deixaria passar, mas quando chegaram a Berlim descobriram que a linha férrea para a Rússia tinha sido fechada. Quando ouviram que o Youssoupovs também estavam em Berlim, Maria Feodorovna pediu-lhes para se juntarem a elas no comboio. Depois de uma situação complicada em Berlim, foi dada finalmente autorização para o comboio seguir para a Dinamarca. Xenia e a mãe chegaram a casa pela Finlândia. Quando chegaram a casa, Xenia, Sandro e Maria Feodorovna viveram juntos no Palácio de Yelagin. Miguel obteve também autorização para regressar e juntou-se à família no dia 11 de Agosto.

 

 

Xenia e a mãe sabiam que a Rússia não estava em condições para lutar numa guerra moderna, por isso Xenia lançou-se ao trabalho. Ela providenciou o seu próprio comboio para hospitais e abriu um grande hospital para feridos. Também abriu o Instituto Xenia que oferecia próteses artificiais para os incapacitados pela guerra. Em 1915, Xenia e Maria Feodorovna ficaram horrorizadas ao saber que Nicolau pretendia tomar o comando das forças armadas. Ela acompanhou a sua mãe a Czarskoe Selo para o tentar fazer mudar de ideias. Tal como Maria Feodorovna escreveu no seu diário, “fui tentar a minha sorte.” Para aumentar as suas frustações, a conversa não teve qualquer efeito. Xenia regressou de coração partido para o Palácio de Yelagin. Em Fevereiro de 1916, Xenia viajou para Kiev depois de uma doença para ver a sua mãe e irmã. Olga Alexandrovna tinha finalmente recebido permissão do Czar para dissolver o seu primeiro casamento e casou-se em Novembro de 1916 com Nikolai Kulikovsky na presença da sua mãe. Xenia não esteve presente, mas ouviu tudo sobre o casamento da sua mãe. Em Outubro de 1916, cada vez mais deprimida pelo dilema da Rússia, Xenia escrevey à sua mãe, “O que teria acontecido se o querido Papa ainda estivesse vivo? Será que haveria guerra – desordem, fermento intelectual, desacordos – numa palavra, tudo o que está a acontecer ou não – acho que não – pelo menos grande parte do que está acontecer, não aconteceria e podemos dizê-lo com certeza.” Xenia, a sua mãe e a sua irmã Olga pediram ao Grão-Duque Nicolau Mikhailovich da Rússia para escrever ao Czar para o avisar sobre a influência de Alexandra nos assuntos do governo.

Nicolau nem sequer abriu o envelope, mas Alexandra leu a carta e acusou o Grão-Duque de “rastejar atrás da tua mãe e irmãs”.

 

Xenia com Alexandra

 

Compreendendo o perigo que corria, Xenia e a sua família mudaram-se para Ai-Tudor na Crimeia. Aí recebiam poucas notícias. Xenia ouviu falar do assassinato de Rasputine e ficou inconfortável com o episódio. Ela escreveu à sua mãe que estava em Kiev, “Dormi pouco. Há um rumor sobre o assassinato de Rasputine!” O cunhado de Xenia tinha sido um dos assassinos. Nos inícios de 1917, Xenia esperava que a sua mãe conseguisse fazer com que o seu irmão se consciencializasse sobre o colapso cada vez mais próximo da Rússia. Ela escreveu em desespero, “Se pudesses falar serias ouvida. Se as coisas não mudarem, será o fim de tudo. As pessoas parecem pôr as suas últimas esperanças em ti e se isso falhar, só pode acabar mal.”

 

 

A sua mãe achava que não podia fazer nada e não tinha intenções de regressar a São Petersburgo de Kiev. No dia 19 de Fevereiro de 1917, Xenia regressou a São Petersburgo e ao seu palácio. No dia 25 de Fevereiro, escreveu no seu diário, “Há distúrbios na cidade, até dispararam contra a multidão, dizem eles, mas tudo está calmo em Nevsky. Eles estão a pedir pão e as fábricas estão de greve.” No dia 1 de Março de 1917 ela escreveu, “Não há fim para o pesadelo e há tantos rumores por aí. Diz-se que o comboio do Nicky foi parado e que ele foi forçado a abdicar!” Mais tarde ela escreveu, “Infelizmente o Nicky não compreendeu o perigo. Se o Nicolau tivesse reagido mais cedo e garantido as condições impostas pela Duma podia ter salvado o trono. Estas horas fizeram toda a diferença!” Maria Feodorovna escreveu-lhe sobre a reunião com Nicolau em Mogiliev, “Ainda não consigo acreditar que este horrível pesadelo é real!” Mais tarde ela também escreveu, “Não sei nada do pobre Nicky, por isso estou a sofrer horrivelmente.” Xenia tentou ver o seu irmão, mas o Governo Provisório não lhe deu permissão. Não vendo futuro onde estava, Xenia voltou para Ali-Todor no dia 25 de Março, dia do seu 42º aniversário.

 

Xenia chegou a Ai-Todor onde se juntou com a sua mãe, irmã e marido no dia 28 de Março de 1917. No final de Novembro, Xenia escreveu ao seu irmão Nicolau que estava em exílio em Tobolsk, “O meu coração sangra sempre que penso no que passaste, no que viveste e no que ainda estás a viver! A cada passo houve horrores e humilhações injustas. Mas não temas, o Senhor vê tudo. Desde que estejas saudável e bem. Às vezes parece tudo um pesadelo terrível e que vou acordar e tudo vai estar bem! Pobre Rússia! O que lhe vai acontecer?” Em 1918, enquanto estava na Crimeia, Xenia recebeu a notícia de que o seu irmão Nicolau II, esposa e filhos tinham sido mortos pelos bolcheviques. Quando o exercito vermelho se estava a aproximar cada vez mais da Crimeia, Xenia e a sua mãe conseguiram escapar da Rússia no dia 11 de Abril de 1919 com a ajuda da Rainha Alexandra do Reino Unido, irmã de Maria Feodorovna. O rei Jorge V enviou um navio de guerra britânico que as levou a elas e a outros Romanov da Crimeia pelo Mar Negro para Malta e depois para a Inglaterra. Mais tarde a sua irmã Olga juntou-se à família. Xenia permaneceu no Reino Unido, enquanto que a sua mãe e irmã preferiram partir para a Dinamarca.

 

 

 

Xenia visitava a sua mãe na Dinamarca sempre que podia. Ela estava a viver na Villa Hvidore que ela e a irmã Alexandra tinham construído na costa norte de Copenhaga. Em Outubro de 1928, Maria Feodorovna ficou gravemente doente. Durante esta altura ambas as suas filhas estavam sempre ao seu lado, junto à cama. No dia 13 de Outubro a antiga Imperatriz acabou por morrer. Um jornal dinamarquês escreveu que, “a Dinamarca está de luto pela sua sábia e corajosa filha”.

 

Xenia nos seus últimos anos

 

No dia 17 de Maio de 1920, Xenia recebeu os direitos para as propriedades de Nicolau na Inglaterra por ser a irmã mais velha do falecido Czar. O seu valor é de 500 libras. O seu marido Sandro estava a viver em Paris. Em 1925, a situação financeira de Xenia tinha-se tornado desesperante. O seu primo directo, o Rei Jorge V, permitiu que ela vivesse em Frogmore Cottage, uma boa casa no Windsor Great Park. Ela escreveu ao primo em agradecimento, “A sério Georgie, é muito bom e gentil da tua parte. Eu aceitaria tudo excepto ser mantida por outros. Não tenho palavras para te dizer como me sinto.”

 

Xenia à porta de casa

 

Mais tarde ela teve de lidar com as afirmações fraudulentas de Anna Anderson que dizia ser a sua sobrinha Anastasia. A sua irmã Olga tinha realçado que se aparecessem mais gastos excessivos por parte da família, a sua mãe deixaria de receber a sua pensão do Rei Britânico. Em Julho de 1928, dez anos depois do suposto assassinato de Nicolau, Alexandra e filhos, todos assumiam que eles estavam mortos e, por isso a família lutava pelas suas possessões, principalmente pela propriedade finlandesa, mas acabaram por perder.

 

 

Depois da morte da sua mãe, a venda de Hvidore e das jóias de Maria Feodorovna trouxe algum dinheiro. Pouco depois, Xenia recebeu uma carta de Gleb Botkin, filho do médico da família do seu irmão, acusando-a de estar a tentar roubar aquilo que pertencia à sua sobrinha Anastasia. O seu marido não escondeu os sentimentos que tinha em relação à Botkin numa carta a Xenia, “Obrigado pela tua carta (…) Também pela malvadez do Botkin, que feitio! Estou envergonhado pelo povo russo, Vou procurar conselhos junto de um advogado americano, mas na minha opinião é melhor não fazer nada e esperar pelo ataque deles.” No dia 26 de Fevereiro de 1933, o seu marido Sandro morreu. No dia 1 de Março ele foi enterrado em Roquebrune-Cap-Martin no sul de França e tanto ela como os seus filhos estiveram presentes na cerimónia.

 

Xenia com os filhos

 

Em 1934, a Frogmore Cottage tornara-se demasiado pequena para Xenia e a família. O rei mandou adicionar uma nova ala à casa. Em Março de 1937, Cenia mudou-se da Frogmore House para a Wilderness House nos jardins do Palácio de Hampton Court. Xenia continuou a viver lá até à sua morte no dia 20 de Abril de 1960. Mesmo apesar das dificuldades por que passava na altura, Xenia deixou uma pequena quantia para cada um dos seus filhos.

 

Xenia com o vestido da corte em 1893

música: Bernard Fanning - "Watch Over Me"

publicado por tuga9890 às 19:39
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